Mais de 20 alunas de um colégio particular da zona oeste do Rio de
Janeiro foram vítimas de produção de fotomontagentes nas quais, devido à
alteração nas imagens, elas aparecem nuas. "É o assunto que se só se fala
nisso, no recreio você anda só escutando sobre isso, você sai da escola, tem
grupos falando sobre isso, então é uma situação que não tem como fugir. Eles
nunca vão saber o trauma que eles causaram", disse uma das aulas em
entrevista exibida neste domingo no Fantástico, da TV Globo.
Segundo relatos dos pais das vítimas, que procuraram tanto a 16 ª DP na Barra
da Tijuca como a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, estudantes
do Colégio Santo Agostinho teriam utilizado um aplicativo para produzir imagens
falsas de colegas e de outras meninas que não estudam na mesma escola. De
acordo com eles, a partir de uma foto da pessoa vestida, a ferramenta analisa
suas características e substitui a imagem por um corpo bastante semelhante, só
que nu.
Esse tipo de app é chamado de "deep nude". As fotos alteradas teriam
sido divulgadas pelos estudantes em grupos em um aplicativo de mensagens.
"Uma amiga minha me ligou enquanto estava em aula. Ela me contou que tinha
nudes falsos nossos rodando pela internet. Não só meu, como dela e de mais umas
outras amigas nossas", contou a aluna à TV Globo.
Também ao Fantástico, a mãe relatou que nunca viu a filha em uma situação como
aquela. "Era um choro desesperador, um descontrole. Eu tentava acalmar:
'mas meu amor, não são suas as fotos'. 'Mas sou eu nua, mãe, meus amigos estão
me vendo nua, e é constrangedor'", contou.
Investigações
A partir desta segunda-feira, 6, a polícia começa a ouvir novas vítimas e também
alguns dos suspeitos, além de funcionários do Colégio Santo Agostinho para
colher novas evidências para as investigações - já foram identificados parte
dos adolescentes envolvidos no caso.
Como os suspeitos são menores de idade, eles devem responder por ato
infracional previsto no artigo 241-C do Estatuto da Criança e do Adolescente,
que pune "simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo
explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual". Esse
ato infracional prevê pena de um a três anos de reclusão e multa.
O Colégio Santo Agostinho enviou nota aos pais de alunos em que lamenta o
episódio e afirma que "serão tomadas as medidas disciplinares aplicadas
aos fatos cometidos, em tutela escolar". Mas a instituição pede "a
compreensão de todos os envolvidos, pois a condução dos atendimentos demanda
tempo e não podemos tomar decisões precipitadas". A nota afirma ainda que
"é preciso tranquilizar seus filhos, não permitindo que se propaguem mais
situações de conflito e desrespeito".
Em outra nota, ao público em geral, a escola afirma que está apurando o caso e
adotando as medidas previstas no regimento da escola.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: LinkedIn/Reprodução