cidade de Belém chegou a 53.003 leitos disponíveis para a COP30, a Conferência do Clima da ONU, ultrapassando o total necessário para realizar o evento, segundo seus organizadores. São esperadas 50 mil pessoas na cidade em novembro.
Do total de leitos, 14,5 mil são em hotéis na capital e região metropolitana; outros 6 mil vêm dos navios de cruzeiro contratados para ficarem ancorados no Porto de Outeiro durante a cúpula; 10 mil são em casas oferecidas por imobiliárias; e outros 22,4 mil foram disponibilizados pela plataforma Airbnb.
Nas últimas semanas, dezenas de representantes de países assinaram uma carta pressionando o governo Lula para mudar a sede de pelo menos parte do evento da capital paraense para outra cidade. As reclamações recaem especialmente sobre o preço das hospedagens, mas o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou, na última sexta, 1º, que não há possibilidade de o evento acontecer em outro lugar.
"A COP vai ser em Belém; o encontro de chefes de Estado vai ser em Belém e não há nenhum plano B", disse em entrevista coletiva. As críticas são lideradas por países menos desenvolvidos e que têm menor capacidade financeira.
Oferta especial
A organização do evento afirmou que disponibilizou uma oferta especial de quartos para este grupo, considerado prioritário, do qual fazem parte nações africanas e países-ilha.
A Secretaria de organização da Conferência destaca que cada delegação dos países menos desenvolvidos e insulares terá direito a 15 quartos por até US$ 200 a diária, e as outras, a 10 quartos por até US$ 600 a diária, totalizando 2, 5 mil quartos.
"O plano de acomodação conta com múltiplas soluções para garantir seu compromisso com a realização de uma conferência climática ampla, inclusiva e acessível", dizem os organizadores.
Admissão do risco
O presidente da Conferência admitiu que, pelos preços praticados hoje, há risco que dezenas de delegações não consigam comparecer ao evento, mas que o Brasil tem uma "operação em curso para assegurar que todos os países, mesmo os mais pobres, possam vir para a COP".
"Então, sim (pelo valor atual), se eles não poderiam vir, temos que encontrar uma maneira para que venham", disse.
Desde que a COP foi anunciada na capital paraense, os preços dos hotéis explodiram e a organização busca alternativas tanto para controlar o custo da hospedagem quanto para suprir o déficit de leitos para acomodar 50 mil pessoas.
Acesso restrito
Na última sexta-feira, a organização do evento também abriu sua plataforma oficial de hospedagem para o público em geral. Inicialmente, essa plataforma estava restrita aos países, como parte da estratégia do Brasil para garantir a participação dos negociadores na COP, e o preço limite da hospedagem para este grupo era de US$ 600. Foram encontradas 75 diárias disponíveis por até este valor, em um universo de 851.
Agora liberado para acesso geral, porém, o site apresenta instabilidade em seu primeiro dia e foi necessário aguardar em uma fila de espera para poder checar as ofertas. Constam no site diárias de até US$ 8.000 (R$ 44,3 mil). A maioria está concentrada em um raio próximo ao Parque da Cidade, onde fica o pavilhão principal da COP.
A hospedagem mais distante fica na cidade vizinha de Castanhal. A própria plataforma tem um mecanismo para cálculo do tempo de traslado até o Parque da Cidade e informa que é necessária 1h20 deste local até o Parque da Cidade, sem trânsito - não há alternativa de transporte público.
Procurada, a secretaria da COP afirmou que as diárias podem variar de acordo com a capacidade dos locais. "A instabilidade (do site) decorre do volume de procura", completou.
Papo Reto
• O que se diz é que o bispo auxiliar de Belém, Dom Júlio Akamine (foto), assume a titularidade do cargo de arcebispo no próximo dia 15, o que remete à noção de que o Papa teria aceitado a renúncia de Dom Alberto Taveira, pelo critério de idade.
•Apesar dos comentários, ouvidos nos ofícios religiosos durante o fim de semana, nem Dom Júlio, nem dom Alberto confirmam a informação - e nem negam.
•Apesar do clamor de algumas embaixadas para mudança de sede, em razão dos bizarros preços de hospedagem em Belém, "não há plano B”, diz o presidente da Conferência, embaixador Corrêa do Lago.
•O PT não se cansa de exigir de Lula o fim de qualquer vínculo diplomático e comercial com Israel, ignorando a histórica e consolidada reciprocidade reinante entre as duas nações.
•O que terá motivado o silêncio "ensurdecedor" de oito ministros do STF, que não saíram em defesa do colega Alexandre de Moraes na sessão de retomada dos trabalhos da corte?
•Aliás, o tempo passa, as sanções chegam, mas os discursos no Supremo não mudam: a soberania nacional e a defesa da democracia são os preferidos da galera vestida de preto.
•A Gerdau demitiu 1.500 empregados criticando o governo Lula "por falta de proteção ao aço nacional".
•O crescimento da importação de aço, especialmente da China - dizem especialistas -, sem as necessárias medidas de proteção do governo à indústria nacional, passou a ser "predatória" e, certamente, deve provocar outras milhares de demissões.
•A Polícia Federal investiga desvio de combustível em Redenção, depois que cartões de abastecimento da Secretaria Especial de Saúde Indígena terem sido usados em carros particulares. Aliás, há quem diga que a prática não é de hoje.
•Mistura do etanol à gasolina chegou aos 30%, com o governo prometendo redução de R$ 0,11 por litro no posto. Vale para quem acredita em Papai Noel.