e bem andou, a Assembleia Legislativa colocou em pauta, hoje, um projeto surreal que, se aprovado, deve dar muito pano para as mangas, desde que não vire letra morta: o Cadastro de pedófilos do Pará. “Letra morta”, no caso, seria deixar de fora da lista “pessoas consideradas” na vida pública, muitas das quais juram que o passado não condena.
A proposta de Lei Ordinária 610/2023 é de autoria do bolsonarista Rogério Barra, do PL, com relatoria do deputado Toni Cunha. O debate e a possível implantação da lei, que tem voto favorável da Comissão de Constituição e Justiça, vem no rastro das denúncias de crimes de pedofilia na Ilha do Marajó.
De acordo com o artigo 1 do projeto
de lei, "Fica instituído o Cadastro Estadual de Pedófilos, reunindo
informações relativas a condenados pelo crime de pedofilia no âmbito do Estado
do Pará". O parágrafo único define pedófilo como "o indiciado, o réu
ou o condenado em qualquer dos crimes contra a dignidade sexual de criança e de
adolescente, previstos na Lei° 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da
Criança e do Adolescente - e no Código Penal Brasileiro".
Acesso restrito
O cadastro estadual prevê reunir, de
acordo com a proposta, informações como o "nome completo do agente, foto,
características físicas, idade, além das circunstâncias em que o crime foi
praticado". Conforme a proposta, somente autoridades policiais,
judiciais, integrantes dos quadros da OAB e demais órgãos de Estado terão
acesso ao conteúdo integral do cadastro. O cidadão só terá acesso ao cadastro
daqueles condenados por "decisão transitada em julgado".
O projeto de lei também determina que
o "órgão da administração pública estadual deverá criar e alimentar o
Cadastro Estadual de Pedófilos, em site, no prazo máximo de 120 dias, a partir
da publicação da lei". Não se sabe se os dados compilados pela CPI conduzida
pelo ex-deputado federal Arnaldo Jordy, que descortinou alguns pedófilos, serão
aproveitados na eventual aprovação do cadastro estadual. Deveriam.
Os casos do Marajó
O crime de pedofilia é um dos que
estão sendo debatidos pelos deputados após a cantora Aymeê relatar a situação
na Ilha do Marajó, durante sua participação no programa de televisão religioso
"Dom Reality”, no dia 16 de fevereiro. "O Marajó é uma ilha próxima
de Belém. E lá tem muito tráfico de órgãos. Lá é normal isso. Tem pedofilia em
nível hard”, disse Aymeê. “(A ilha) do Marajó é muito turística e
as famílias lá são muito carentes. As criancinhas de 6 e 7 anos saem numa canoa
e se prostituem no barco por R$ 5”, ressaltou a artista.
Mas a CPI derrete
O deputado Toni Cunha propôs uma
Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os casos na Ilha do Marajó,
mas, o nível de adesão ao documento por parte de suas excelências, que começou
relativamente alto, vem derretendo que nem manteiga em fogo brando.
Papo Reto
O Consulado da França em Belém recebe
nesta semana uma delegação do Palácio de l’Elisée para as tratativas que
precedem a eventual visita do presidente Emmanuel Macron (foto).
O alto comando da PM botou pressão no
comandante do destacamento de Breves, coronel Márcio Abud, para dar respostas à
repercussão negativa sobre as denúncias de abuso sexual na Ilha do Marajó.
O que se diz - mas pode ser intriga - é
que a PM faz pressão moderada sobre o coronel que, além de Abud, carrega Barbalho
no nome.
A plataforma de PIX
do Banpará está insuportável, dizem clientes, aos montes, em contato com a
coluna. “Gastam muito dinheiro com empresas de fora, mas não investem na
qualidade dos serviços para aliviar os correntistas”. Não é por falta de aviso.
Aliás, alguém precisa pensar um jeito
de introduzir o Banpará na agenda da COP30. Quem sabe se, até lá, a Prodepa não
dá um jeito.
A Hidrelétrica de Belo Monte, cujos
dirigentes entraram em rota de colisão com o governador do Pará, é a que menos
emite gases de efeito estufa na Amazônia. Parece uma coisa...
O número de inadimplentes no País
chegou a 72,07 milhões, diz a Serasa, embalado pelo desemprego e a redução na
renda.
Acredite, o BNDES anunciou um lucro
líquido de 2023 com queda de 5% em relação ao último ano de Bolsonaro.
Os desembolsos do banco de fomento
cresceram 17% em 2023, totalizando R$ 114,4 bilhões.
Que vergonha: o Brasil teve 109
partidas suspeitas de manipulação em 2023, diz levantamento da empresa
Sportradar, contratada pela CBF para analisar todas as competições do País
desde 2017.