esde que o ex-presidente Jair
Bolsonaro venceu as eleições com a ‘ajuda de uma facada’ - como dizem seus
opositores -, não se faz mais campanha sem o chamado “fato político”, aquele em
que a vítima é submetida a um ato de violência que lhe garanta o uso eleitoreiro
da situação, uma vez identificados os autores, por óbvio. Eis o problema:
dificilmente os autores deixam rastros, dificultando o trabalho da Polícia.
Apenas um punido
Em um dos poucos casos comprovados, o ex-candidato a prefeito de Parauapebas em
2020, Júlio César Araújo Oliveira, do PRTB, foi indiciado por
"comunicação falsa de crime à Polícia Civil”. Na reta final da
campanha, Júlio César foi atingido por um tiro no peito, mas a coligação
"Parauapebas da Prosperidade”, do então candidato Darci Lermen, conseguiu
provar que tudo fazia parte de uma infame "estratégia política”.
A Ação de Investigação Judicial
Eleitoral ainda tramita em primeiro grau, na 106ª Zona Eleitoral de
Parauapebas, onde o processo está em fase de instrução. Após o tiro, Júlio
César acabou subindo nas pesquisas e terminou as eleições em segundo lugar, com
24.267 votos. A vitória ficou com Darci, que teve 57.384 votos no total. Agora,
Júlio César judicialmente irá responder pelo falso atentado.
Nos dias atuais
Voltando à atualidade, o que se percebe é que a moda pegou e agora sobra
candidato querendo fazer uso dessa estratégia. Algumas delas, descaradamente
forjadas, como se verificou recentemente em um município na BR-10, a
Belém-Brasília, onde, depois de sofrer um atentado duvidoso, a vítima foi para
as redes sociais dizer que "a resposta para o fato viria das urnas".
Em alguns casos, a Polícia Civil tem agido rápido. Em Moju e Barcarena,
supostos integrantes de uma facção criminosa que andavam extorquindo candidatos
a vereador foram presos durante operações policiais. No bairro do Bengui, em
Belém, um candidato a vereador também foi ameaçado com o mesmo discurso, mas os
detidos eram, na verdade, segundo o comentário geral, assessores nomeados no
gabinete do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, do Psol.
Em Nova Timboteua, os dois lados que disputam a prefeitura se dizem vítimas de
agressão. A filha da prefeita Socorrinho Pinheiro, do MDB, que tenta emplacar a
ex-secretária de Educação Gabi Pinheiro, como sua sucessora, gravou vídeo
dizendo que teve o carro trancado por dois homens da oposição enquanto
caminhava por uma rua, onde fazia campanha.
Do outro lado, o candidato a vereador Jean Forte, do Agir, ligado à Professora
Aline, do PP, que também disputa o cargo majoritário em Nova Timboteua,
publicou vídeo que mostra o momento em que ele foi cercado, supostamente, por
correligionários da prefeita Socorrinho, na Vila São Pedro, onde teve o carro
danificado e de onde só saiu sob escolta da PM.
Em Santo Antônio do Tauá, o candidato a prefeito pelo MDB, Rodrigo Amorim, foi
vítima de uma emboscada enquanto se dirigia para uma agenda de campanha, na
noite da última terça-feira, 17. O carro dele foi atingido por tiros na
traseira e na dianteira. Os suspeitos, que estavam de moto, sumiram no mato e
seguem foragidos. Sequer foram identificados.
No mesmo dia, o prefeito da Vigia, Junior Job, do MDB, denunciou à Polícia
Civil o atentado que sofreu enquanto visitava uma casa na área central da
cidade. Um homem que estava na garupa de uma moto disparou tiros em direção à
residência. O segurança do prefeito reagiu e também atirou contra os
criminosos, que fugiram do local. Job estava com a esposa, Josicléia Palheta.
Apesar do susto, ninguém ficou ferido.
Fato mais recente
O caso mais recente aconteceu na noite desta quarta-feira, 18, em Abel
Figueiredo, município às margens da BR-222, no sudeste do Pará. O presidente da
Câmara de Vereadores e candidato à reeleição, vereador Junior de Dativo, do
União Brasil, foi encurralado em uma estrada escura, por onde seguia de moto,
por dois carros.
Imaginando tratar-se de um assalto, Junior arremessou um objeto contra um dos
veículos, quebrando o para-brisa. Pessoas em outro carro filmaram a ação e
apontam o sobrinho de um candidato que concorre à vaga de prefeito como suposto
condutor do veículo.
Em todos os casos, a Polícia Civil abriu inquérito para apurar as situações,
que seguem sendo investigadas. Mas, com tanta violência, pode-se dizer que,
nestas eleições, falta tudo, menos vítimas para contar histórias de um Pará que
parece ter voltado aos tempos do faroeste.
Papo Reto
· O governador Helder
Barbalho (foto) quer R$ 146 milhões do governo federal para
combater as queimadas e os efeitos da estiagem, dentro do plano que decretou
situação de emergência climática no Pará.
· É quase toda a verba prevista
para apenas um ministério. Na quarta-feira, 18, o presidente Lula
assinou a medida provisória que destina R$ 514 milhões para o combate aos
incêndios na Amazônia.
· O dinheiro custeará, entre
outras atividades, ações de "prevenção e controle de incêndios florestais
nas áreas federais prioritárias" e "a implementação de políticas,
estratégias e iniciativas para o controle do desmatamento, incêndios florestais
e o ordenamento ambiental”.
· A pasta da Defesa é a que
receberá mais recursos, com R$ 154 milhões a serem usados no emprego das Forças
Armadas em operações de apoio na Amazônia.
· Ministro do Supremo Tribunal
Federal, Alexandre de Moraes determinou nova multa ao X, antigo Twitter, e à
Starlink, ambas empresas de Elon Musk.
· Desde ontem, são cobrados R$
5 milhões por dia enquanto as companhias continuarem a descumprir decisões
judiciais. A Anatel vê "intenção deliberada" do X em driblar bloqueio
à rede no Brasil.
· Acredite: sete em cada dez
municípios brasileiros têm risco alto ou muito alto de proliferação da
poliomielite.
· Aliás, a Comissão de
Certificação para a Erradicação da Pólio na Região das Américas determinou que
se investigue as causas das baixas coberturas para esse terrível mal no Brasil.
· A exemplo de outras áreas da
gestão, a saúde de Uruará, no Xingu, segue na mais infame UTI e clama por
socorro.
· Diariamente, todos os
pacientes com cirurgias eletivas vêm sendo encaminhados para a décima regional,
em Altamira, um transtorno que se acumula e revolta.
· Enquanto
isso, dizem as redes sociais, o prefeito Gilsinho Brandão gasta milhões para, a
qualquer preço, impedir a vitória do candidato do seu partido, o MDB, que é
Érico Pimenta.