Coluna

Em viagem ao Caribe, reitor da Uepa é acusado por sindicato de professores de "esvaziar greve"

Sem aulas e atividades, Universidade praticamente entregou condução das negociações que não avançam ao Estado.

03/06/2024, 07:46 /

Em viagem ao Caribe, reitor da Uepa é acusado por sindicato de professores de


comunidade acadêmica acredita piamente que a Reitoria da Universidade do Estado do Pará (Uepa) trabalha para esvaziar a greve com pleno conhecimento do governo do Estado que, até agora, não moveu uma palha em favor dos professores, exceto ao apresentar uma proposta de reajuste de minguado valor.

Reitor partiu em viagem institucional e professores atribuem a ele os prejuízos das negociações/Fotos: Divulgação-Arquivo.
No último dia 24, por exemplo, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da universidade recebeu a diretoria do sindicato dos professores e um representante do Andes para uma reunião sobre o impacto na folha de pagamento do reajuste de 7% sugerido pela Secretaria de Administração e Planejamento. Apesar de a Uepa já ter recebido uma dotação orçamentária suplementar este ano, o pró-reitor alegou que o dinheiro já estava “comprometido” com ações da Reitoria.

Ato contínuo, o sindicato, recorrendo à Lei da Transparência, pediu e a Pró-Reitoria se comprometeu a fornecer até o dia 28 a prestação de contas e os processos de licitação em andamento na instituição. No dia seguinte, 29, a Pró-Reitoria marcou nova reunião com os professores, mas no mesmo horário da mesa de negociações com a Secretaria de Planejamento e, portanto, ninguém compareceu. O caldo entornou.

“Narcisista e irônico”

Provocado em um card sobre esse assunto, o reitor Clay Chagas publicou em suas redes sociais uma resposta considerada “narcisista e irônica”, elogiando o “desenho” do card, mas ignorando solenemente o texto denunciando o boicote à greve.  Resultado: o pedido do sindicato dos professores e a promessa da Pró-Reitoria viraram fumaça, que só começou a se dissipar com a informação de que o reitor viajou para o Caribe - claro que se trata de um compromisso internacional, mas deu pano para as mangas em meio à paralisação da Universidade.

Orelhas ardentes

Ao reitor, portanto, a comunidade acadêmica atribui todas as culpas pelos problemas decorrentes da gestão, incluindo a suposta “falta de respeito” às demandas dos professores em greve na luta por melhores condições de trabalho, que são compartilhadas até por grupos ligados à Reitoria.

“Enquanto a Uepa sangra, o reitor está passando quase dez dias em Barbados, no Caribe. Devemos ter muitos intercâmbios educacionais sendo fechados por lá, não é, gente?”, diz um deles nas redes sociais. “Né brincadeira não, minha querida”, comenta um segundo. “Mas, gente... eu via vocês falando e pensei que fosse brincadeira...”, emenda um terceiro. “É fato: enquanto a gente pega o sol na Alte. Barroso, ele pega o do Caribe”. “Sim, são nove dias custeando uma viagem oficial. Deve ser com o reajuste do vale alimentação, só pode” arremata um quarto. 

Mão na consciência

Um reitor pode e deve promover intercâmbios para estabelecer relações acadêmicas internacionais.  A Uepa, apesar de pequena, tem um bom portfólio, com mais de cem protocolos de relações internacionais, tantos que não tem sido fácil explicar a situação de penúria em que vive, ou sobrevive.

O que se diz é que a universidade não utiliza seus protocolos de cooperação para intercâmbios com outras instituições porque não tem como receber adequadamente os estudantes e pesquisadores estrangeiros. 

A Associação Brasileira de Reitores de Universidades Estaduais municipais coordenou uma missão a universidades estrangeiras para estabelecer cooperações científicas em outubro do ano passado. Das 42 universidades participantes da associação, apenas oito reitores foram pessoalmente, inclusive o da Universidade do Estado, Clay Chagas. As demais universidades foram representadas por pró-reitores ou seus representantes de relações internacionais, que funcionam como embaixadores das universidades.

Memória curta

Sobre a viagem desta tumultuada semana, embora pareça estranha, é paga com recurso de custeio e não influencia na folha de pagamento da instituição, principal problema motivador da greve.

O que se pode questionar quanto à viagem é sua necessidade e a inadequação do momento. Sugere que o reitor não estaria muito preocupado em restabelecer as aulas e demais atividades, mas, o que fazer?  A eleição para reitor só acontecerá no ano que vem e, tal como os mortais comuns, universitários, professores e doutores também têm memória curta. 

Operadores lamentam

não inclusão do Museu de 

Arte Sacra de Bragança 

em pacotes turísticos

Os operadores turísticos regionais, tendo em vista a proximidade da chegada da alta estação, lamentam não incluírem nos pacotes para Bragança visita ao Museu de Arte Sacra da cidade.  Sim, mesmo que poucos saibam, há um deles por lá, sob a administração da Diocese de Bragança.  Foi instalado com recursos do governo do Pará, na gestão do governador Simão Jatene, detalhe é omitido no briefing do museu.

Os operadores reclamam que o MAS não funcione aos sábados à noite, domingos e feriados, na contramão de todos os congêneres do mundo, já que estes são dias turísticos.

Instalado no segundo piso em um prédio improvisado, a acessibilidade é prejudicada a cadeirantes e idosos, por exemplo, por conta da longa e íngreme escada, pois não há elevador nem rampa. O acervo - grande parte doado pelos padres Barnabitas, colecionado por Dom Eliseu Corolli e Dom Miguel Giambelli - é relevante e carece de descrição detalhada. 

Além do mais, a ausência de profissionais especializados na área - museólogos e turismólogos - dá um certo ar de amadorismo ao empreendimento, que é o único na região.  A esperança do trade para as eventuais correções está em Dom Raimundo Possidônio, novo bispo regente da diocese, logo ele, que é membro licenciado do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, portanto, também expert no assunto. 


Em viagem ao Caribe, reitor da Uepa é acusado por sindicato de professores de "esvaziar greve"