Belém, PA - O câncer de ovário não tem uma incidência tão alta quanto o de mama e o de colo de útero, por exemplo, mas, entre os chamados cânceres ginecológicos, é o 2º mais comum e o mais letal. E quando se trata de um tipo de câncer que não têm exames específicos de rastreamento, a avaliação médica regular é ainda mais importante. Toda mulher deve ir ao ginecologista para consultas e exames periódicos, de rotina. Essa é uma das recomendações mais importantes para a prevenção do câncer de ovário.
“O câncer de mama tem a mamografia e o de colo de útero o Papanicolau como exames de rastreamento muito eficientes, mas o câncer de ovário não tem. Isso é um problema. Não existe um exame específico indicado para a mulher fazer, periodicamente, mesmo sem sintomas. Isso dificulta o diagnóstico precoce. Exame de rastreamento é aquele que, comprovadamente, por meio de pesquisas, é capaz de diminuir mortalidade. É capaz de detectar precocemente a doença”, explica a médica oncologista Paula Sampaio, do Centro de Tratamento Oncológico.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 7.310 casos novos e quase 4 mil óbitos por ano. O câncer de ovário é o oitavo câncer mais comum no Brasil, mas na região Norte é o sétimo tipo mais incidente, sem considerar o câncer de pele.
Atenção aos sinais e sintomas
A cabelereira Ana Lúcia Magalhães, de 45 anos, lembra que teve muitos sinais e sintomas e percebeu que algo estava errado. Inchaço no abdômen e pelve, perda de apetite, cansaço constante. Mas, a rotina atribulada com o trabalho fez com que ela não desse a importância devida à saúde. Foram meses acreditando que o mal-estar era relacionado ao excesso de trabalho, até que o agravamento dos sintomas a fez buscar atendimento médico.
Em setembro de 2015, Ana Lúcia passou uma semana internada. Os exames confirmaram a existência de tumores no ovário direito e no estômago e havia indicação cirúrgica. Foi necessário fazer uma histerectomia total, com retirada de útero, ovários e trompas, seguida de quimioterapia.
Mesmo assim, a doença voltou nove meses depois. Na recidiva, foram afetados o fígado e o peritônio. “A metástase me fez descobrir que tenho uma mutação genética com mais de 95% de chances de ter esse tipo de câncer. Faço quimioterapia via oral sem prazo para concluir o tratamento. Minha vida agora é manter o controle do câncer”, conta Ana Lúcia. “A gente nunca imagina ter uma doença como essa, e sabe pouco a respeito. Mas não adianta ter arrependimento, precisamos aproveitar a lição e fazer diferente, cuidar da saúde e não se deixar entregar, porque o câncer se alimenta disso também”, acredita Ana.
Conscientização
O câncer de ovário é um tumor ginecológico de difícil diagnóstico. Por este motivo, o dia 8 de maio foi escolhido para alertar a população sobre a importância da conscientização sobre a doença e os cuidados necessários para que o câncer de ovário seja diagnosticado o mais precocemente possível.
Em 2025, mais de 400 mil pessoas, em quase 50 países, devem ser impactadas por informações que podem salvar a vida de milhares de mulheres. Criada em 2013, a data é difundida por uma ONG sem fins lucrativos chamada Coalizão Mundial de Câncer de Ovário, que tem a parceria de mais de 130 organizações ligadas a essa doença.
Prevenção primária
Segundo a médica Paula Sampaio, medidas de prevenção primária ajudam a diminuir as chances de a pessoa ter o câncer de ovário. “Um maior número de ciclos ovulatórios aumenta o risco de câncer de ovário e, inversamente, um número menor de ciclos - por exemplo, durante a gravidez e a amamentação - reduz o risco. A pílula anticoncepcional pode reduzir quase pela metade o risco de câncer de ovário, se tomada por cinco anos ou mais”, orienta a médica.
Sinais e sintomas
O câncer de ovário pode provocar vários sinais e sintomas que são confundidos com outras condições clínicas. Mas, no câncer de ovário esses sintomas tendem a ser persistentes. É muito importante ficar atenta a qualquer alteração, se uma mulher apresentar esses sintomas quase que diariamente, por semanas, deve procurar atendimento médico.
• Inchaço abdominal com perda de peso.
• Dor pélvica ou abdominal.
• Dificuldade na alimentação ou sensação de plenitude.
• Necessidade urgente e frequente de urinar.
• Alterações menstruais
Outros sintomas possíveis do câncer de ovário:
• Fadiga.
• Dor nas costas.
• Dor durante a relação sexual.
• Constipação.
Foto: Divulgação/SBCO