Especial

Mais pobres têm salto de 17% na renda e desigualdade cai ao menor nível desde 2012 no Brasil, diz IBGE

Com programas sociais, reajuste do salário mínimo e mercado de trabalho mais dinâmico, Índice de Gini caiu para 0,506 ponto.

08/05/2025, 19:37 /

Mais pobres têm salto de 17% na renda e desigualdade cai ao menor nível desde 2012 no Brasil, diz IBGE

Rio de Janeiro, RJ - O rendimento médio das famílias brasileiras chegou a um nível recorde em 2024. Mas, desta vez, diferentemente do que ocorreu em 2023, o avanço na renda veio acompanhado de uma queda na desigualdade social, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira.


Após ter ficado estagnada em 2023, a concentração de renda caiu em 2024, para o menor nível da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), iniciada em 2012, renovando a mínima registrada em 2022.


O Índice de Gini (que mede a desigualdade de renda numa escala de 0 a 1, sendo 0 a igualdade absoluta) do Brasil ficou em 0,506 em 2024, abaixo dos 0,518, registrados tanto em 2022 quanto em 2023.


A desigualdade caiu porque o rendimento domiciliar dos mais pobres cresceu mais do que entre os mais ricos, explicou Gustavo Fontes, analista da Pnad-C. “As classes mais baixas da distribuição de renda tiveram um crescimento do rendimento domiciliar per capita acima da média”.


Enquanto, na média nacional, a renda por pessoa da família cresceu 4,7% em 2024 ante 2023, para os 5% da população que recebem os menores rendimentos o valor saltou 17,6% no ano passado.


5% que ganham menos têm rendimento médio de R$ 154 por pessoa


Ainda assim, o rendimento domiciliar médio dos que ganham menos foi de R$ 154 mensais por pessoa - é a situação de uma família formada por um casal e dois filhos que sobrevive com pouco mais de R$ 600 por mês.


Já entre os 10% da população que estão no topo da pirâmide de distribuição de renda, o rendimento domiciliar médio cresceu apenas 1,5% em 2024 ante 2023.


Estão nesse grupo todos os brasileiros que ganham mais de R$ 4.040 mensais por pessoa do domicílio, mas, como há muita desigualdade também no topo, que contabiliza as rendas mais elevadas do país, o rendimento médio dos 10% mais ricos é praticamente o dobro desse valor de corte.


10% que ganham mais têm rendimento médio de R$ 8.034 por pessoa


No ano passado, foi de R$ 8.034 mensais por pessoa - nessa situação, a mesma família formada por um casal e dois filhos em idade escolar vive com pouco mais de R$ 32.100 por mês.


Segundo o IBGE, a desigualdade de renda caiu em 2024 não apenas por causa do avanço dos programas sociais de transferência. Além deles, o mercado de trabalho também teve comportamento menos desigual no ano passado, com o rendimento médio de todos os trabalhadores subindo mais fortemente para quem ganha menos.


“Nos três últimos anos, o mercado de trabalho se apresentou de forma dinâmica, com aumento do rendimento médio, beneficiando essas classes de menor rendimento”, afirmou Fontes, do IBGE.


E esse movimento foi impulsionado tanto pela geração de empregos quanto pela política de reajuste do salário mínimo, já que ambos aquecem os aumentos das remunerações. O piso das remunerações também impulsiona os programas sociais.


“Os reajustes do salário mínimo têm um efeito não só no mercado de trabalho, mas também em outros tipos de rendimento, por exemplo, aposentadorias e pensões, e o próprio BPC. Na comparação com 2019, destaca-se a expansão dos domicílios abrangidos pelo programa Bolsa Família e os maiores valores médios pagos com o benefício”, completou o pesquisador do IBGE.


Foto: Agência Brasil

(Com O Globo)