ma informação algo surpreendente emergiu ontem, por volta das 22 horas, da Assembleia Legislativa do Estado, através de uma conta do deputado Rogério Barra no Instagram: a indicação da ex-deputada Ann Pontes para ocupar vaga no Tribunal de Contas dos Municípios, o TCM. A vaga está aberta desde o início desde mês, com a aposentadoria do conselheiro Sérgio Leão, que atingiu a idade limite.

A surpresa sai por conta do fato de que o nome da ex-deputada, mulher do também ex-deputado e ex-chefe da Casa Civil do governador Helder Barbalho Parsifal Pontes, parecia morto e sepultado para o cargo nos dois tribunais de contas; outra, em consequência, porque Ann Pontes teria sido preterida em duas indicações anteriores, para o próprio TCM e, depois, o TCE.

 

Contido nas palavras

 

A informação na rede social do deputado Rogério Barra, filho do deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de Belém, ambos do PL, também parece muito estranha, uma vez publicada sem a carga crítica que costuma imprimir nas suas manifestações, especialmente em se tratando do governo do Estado. Barra relata que “pelo menos 16 deputados assinaram a indicação da esposa do Parsifal Pontes para a vaga de conselheiro do TCM”, fazendo carga apenas sobre o ex-secretário (veja imagem acima).

 

Linha do tempo

 

Em 2021, o movimento de Helder tirou Lúcio Vale da cadeira de vice-governador por um cargo de conselheiro vitalício no TCM. Ann Pontes passou batida. Dois anos depois, dizia-se que o governador Helder Barbalho estava em uma sinuca de bico para atender a dois senhores ao mesmo tempo na tarefa de indicar nome à vaga a ser aberta no Tribunal de Contas do Estado com a aposentadoria do conselheiro Nelson Chaves. Um dos nomes era o da então secretária de Planejamento e Administração, Hanna Ghassan, auditora fiscal da Fazenda, que virou vice-governadora e candidata à sucessão de Helder, em 2026; o outro era Ann Pontes, mulher do ex-chefe da Casa Civil, preso em operação da Polícia Federal. Ann Pontes também passou batida e, com ela, os burburinhos sobre um suposto compromisso de Helder com Parsifal.

 

Contra corrupção

Formada em Direito, Ann Pontes foi secretária de Administração da Prefeitura de Tucuruí e se elegeu deputada federal em 2002, exercendo o mandato até 2007. Teve atuação marcante na Câmara, mas, em 2006, seu nome foi incluído em uma lista de nove deputados acusados pelo TCU de terem apresentado emendas parlamentares que teriam resultado em convênios assinados com municípios considerados irregulares. Ann manifestou-se dizendo desconhecer as irregularidades. A parlamentar também integrou a Comissão Especial da ONU contra a Corrupção. Em 2010, Ann Pontes assumiu a vaga do então deputado Jader Barbalho, que concorreu ao Senado Federal.