Editora Paka-Tatu foi surpreendida, semana passada, com um ofício assinado pelo atual titular da Secretaria de Educação de Belém, Patrick Tranjan, que cancela contratos e desfaz a compra de livros literários e não literários de autores paraenses. A editora se manifestou dizendo que a quebra de contrato vai prejudicar os alunos das escolas municipais e, “naturalmente, a educação, na medida em que impede que esses alunos tenham acesso à literatura produzida no Pará”.
Na prática, a medida da Secretaria de Educação suspende a aquisição de livros de autores paraenses reconhecidos e premiados como Daniel Leite, Antônio Juraci Siqueira, Bella Pinto, Telma Cunha, Paulo Maués Corrêa, Paulo Roberto Ferreira, Octavio Pessoa, Geraldo Coelho, Andersen Medeiros, Rita Melém, Cris Rodrigues, Genésio Gomes, Joécio Jojoca Lima, Alda de Cássia, Sofia Mendonça, Dia Favacho e Idelma Santiago.
As novas “estratégias”
No ofício encaminhado à editora, o secretário Patrick Tranjan, que é oriundo da Secretaria de Educação do Estado, alega que, “segundo entendimento da atual gestão, o acervo literário está inadequado para as estratégias que serão adotadas para o ano de 2025. De modo que os despachos técnicos pedagógicos não estão em consonância com as diretrizes previstas para a rede municipal de educação de Belém. Para além disso, a contratação não atende à conveniência e ao interesse da administração pública, de maneira que o desfazimento do ajuste contratual é imprescindível e justificável”.
O ofício é datado de 3 de fevereiro e diz que a empresa tem cinco dias para apresentar “manifestação de seu interesse”.
Ataque à memória
O cantor, compositor e professor Almino Henrique foi um dos que se manifestaram contra a decisão. “A notícia de que o gestor Patrick Tranjan, da Semec, cancelou a compra já efetuada de livros de autores paraenses, sob a alegação de que são inadequados para as estratégias educacionais da rede em 2025, me chocou profundamente. Estratégias? Inadequados? Isso me provoca um ‘rio de raivas’! A denúncia é um grito necessário e precisa ecoar em todos os cantos desta cidade. Cancelar a compra de livros de autores paraenses é roubar das crianças o direito de conhecer suas raízes, sua cultura, sua história. É calar vozes que cantam a terra, que desvendam o que ‘Chove nos Campos de Cachoeira’, que sabem onde fica a ‘Ponte do Galo’ e por onde rufam os batuques dos pretos do velho Umarizal. Essa decisão é um ataque à identidade cultural, um crime contra a memória coletiva. Não é apenas uma escolha administrativa; é censura disfarçada de economia, é desrespeito travestido de gestão”, escreveu em postagem nas redes sociais.
“Será que teremos que ir à guerra para termos Paes, Eneidas, Beneditos, Brunos, Juracis, Dalcídios, Haroldos e tantos outros heróis literários em nosso imaginário educacional? Queremos bibliotecas que ecoem as vozes da nossa terra, salas de aula que inspiram sonhos feitos de palavras nossas, de cantares nossos. Não aceitaremos o silêncio imposto por interesses escusos”, encerrou Almino, rememorando grandes escritores do Pará.
“Interesses escusos”
Do professor Paulo Maués Corrêa, em vídeo no YouTube: “Neste mês de fevereiro de 2025, a Semec, de Belém, cancelou a compra de livros de autores paraenses, representados por editoras como a Paka-Tatu. As justificativas não convencem. O processo já estava adiantado, com empenho, só faltando a entrega dos livros. Os editores amargam esse prejuízo e a humilhação de ter seus autores considerados ‘inadequados’ é, no mínimo, lamentável”.
Papo Reto
·A diretoria do Sindifisco foi à Assembleia Legislativa no início desta semana para alinhavar a aprovação do Projeto de Lei Orgânica da Administração Tributária, o Loat 2.0.
·A comitiva foi recebida pelo líder do governo na Casa, deputado Iran Lima (foto) por dois “acasos”: Iran é oriundo da área tributária e deve ser o relator da proposta.
· Para começo de conversa, por óbvio, Iran Lima vê com bons olhos a proposta e confirma que foi procurado pelo secretário da Fazenda para defender o projeto.
·Em Bragança, o vereador Márcio Bureta, do MDB, escancarou o descaso da prefeitura com os agricultores do município.
· Em uma rede social, o parlamentar diz que precisa recorrer aos próprios esforços - dinheiro, máquinas e equipamentos - para atender a população desassistida na área rural do município.
·Calma, gente: o prefeito Mário Júnior está em Brasília tentando resolver, segundo ele, a situação de “dez escolas que foram esquecidas nos últimos anos”. Com a palavra, o ex-prefeito Raimundo Oliveira, um dos “criadores” do atual prefeito.
·Além da boa campanha no campeonato paraense, o Bragantino já derrubou quatro técnicos dos cinco demitidos até agora.
·Está criada a Associação dos Servidores do Pronto Socorro do Guamá, que prevê defender os direitos dos usuários do SUS e dos funcionários municipais lotados no hospital
·A técnica em radiologia Karina Lopes, a enfermeira Denise Cordovil e outros servidores compõem a direção da entidade.
·Autorizado pelo CNJ, o valor do auxílio alimentação e o auxílio pré-escolar concedidos aos servidores da Justiça Federal no Pará devem somar mais de R$ 2,8 mil a partir de março.
·A Guarda Municipal de Ananindeua está sob novo comando. O Inspetor-geral é Júnior Maia, que assumiu o cargo em cerimônia presidida pelo prefeito Daniel Santos.