Anvisa aprova Mounjaro para perda de peso e tratamento da obesidade

Remédio tinha aval para diabetes tipo 2, mas já era usado de forma off-label no país para obesidade

10/06/2025, 15:00
Anvisa aprova Mounjaro para perda de peso e tratamento da obesidade

Rio de Janeiro, RJ - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, aprovou a indicação do remédio Mounjaro, da Eli Lilly, para o tratamento da obesidade no Brasil. O medicamento tinha aval para pacientes com diabetes tipo 2, mas já era utilizado de forma off-label (finalidade diferente da bula) para a perda de peso no país.


A Anvisa publicou a aprovação da nova indicação no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira. A tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, já tinha recebido o sinal verde também para obesidade em outros países, como Estados Unidos e na União Europeia.


Em nota, Luiz Magno, diretor sênior da área médica da Lilly do Brasil, celebrou a decisão da agência e pontuou que o quadro ainda é visto como uma escolha de estilo de vida, "apesar das evidências científicas contrárias". "Durante décadas, dieta e exercício foram as únicas opções de tratamento, mas nem todos os pacientes conseguem perder peso apenas com essa abordagem", continuou Magno.


Para o presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Fábio Trujilho, a aprovação também é bem-vinda e "amplia o leque de opções terapêuticas" para a obesidade com um medicamento ainda mais eficaz.


“Diversos estudos clínicos mostraram que o medicamento leva a uma perda de peso superior à observada com outras medicações já disponíveis, especialmente em doses mais altas. Nem todo paciente precisará do tratamento mais potente, mas para aqueles que têm maior necessidade de perda de peso por conta de comorbidades associadas, a tirzepatida passa a ser uma ferramenta valiosa com respaldo regulatório.”



Karen de Marca, presidente eleita da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), destaca que o aval faz com que o uso do Mounjaro deixe de ser off-label, seguindo as evidências científicas que mostram os "resultados extremamente promissores", que chegam a patamares semelhantes aos da cirurgia bariátrica.


“Nos estudos clínicos, observamos que cerca de 50% dos pacientes chegam a perder mais de 20% do peso corporal, e aproximadamente 35% perdem mais de 25%, são resultados comparáveis aos da cirurgia bariátrica. No entanto, é fundamental reforçar que o tratamento deve ser sempre individualizado, considerando os múltiplos fatores que levam ao ganho de peso e ao desenvolvimento da obesidade.”


Quem pode tomar o Mounjaro?


O Mounjaro foi aprovado para pessoas com índice de massa corporal (IMC) de 30 kg/m² ou mais ou entre 27 e 30 kg/m² (sobrepeso), mas com problemas de saúde relacionados ao peso, como pressão alta ou pré-diabetes.


Quanto custa o Mounjaro?


O remédio, que começou a ser comercializado no Brasil em maio, é disponibilizado na forma de uma caneta autoinjetora de dose única semanal. Cada caixa contém quatro unidades, equivalentes a um mês de tratamento. Geralmente, o paciente inicia com dosagens mais baixas, que vão aumentando conforme orientação médica.


Segundo a Eli Lilly, por enquanto estão disponíveis no mercado nacional apenas as concentrações de 2,5 mg e 5 mg - o remédio também existe nas formulações de 7,5 mg; 10 mg; 12,5 mg e 15 mg. Dentro do Programa Lilly Melhor Para Você, o preço máximo é de R$ 1.406,75 (2,5 mg) e R$ 1.759,64 (5 mg) online e de R$ 1.506,76 (2,5 mg) e R$ 1.859,65 (5 mg) nas lojas físicas.


Nas farmácias, o Mounjaro tem os valores máximos de R$ 1.907,29 (2,5 mg) e R$ 2.384,34 (5 mg), considerando uma alíquota média de 18% de ICMS, que varia a depender do estado.


Também fazem parte da classe o Wegovy e o Saxenda, ambos da farmacêutica Novo Nordisk. O Wegovy tem como princípio ativo a semaglutida, o mesmo do Ozempic, indicado para diabetes. Já o Saxenda é feito à base de liraglutida.


Foto: 

(Com O Globo)

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