Meio Ambiente

COLUNA VER AMAZÔNIA: O Inferno Chegou - OMS alerta para riscos de mortes pelo calor extremo

A Europa, um dos continentes mais devastados nos últimos séculos, é o mais quente de todos, mas ninguém está à salvo no planeta.

Mariluz Coelho/João Ramid | Especial para o POD

06/08/2024 19:01

Abi Silva e o turismo sustentável em área de preservação ambiental







A Coluna Ver Amazônia segue com a segunda reportagem da série sobre o calor extremo no planeta, não apenas para alertar, muito menos para alarmar, mas para contribuir e mostrar alguns possíveis caminhos para mitigar a crise climática e adaptar a vida aos novos tempos de mudança do clima. 


Depois de a ONU alertar que vivemos uma epidemia de calor extremo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) chamou atenção para as consequências do aquecimento global. Segundo a OMS, o stress térmico é a principal causa de morte pelo calor, uma vez que agrava condições crônicas como doenças cardiovasculares, respiratórias e diabetes. Temperaturas acima de 40°C e até 50°C são cada vez mais frequentes e mortes por calor chegam a quase meio milhão por ano. 


Sertão Nordestino. Uma expedição pela região central do Rio Grande do Norte retrata os riscos desse calor para a vida no planeta. O trabalhador tenta se proteger e a camisa no rosto mantém o mínimo de condições para seguir com o trabalho. 


É preciso se proteger do calor para seguir no trabalho (Foto: João Ramid)


O mundo esquenta e as temperaturas chegam aos extremos; a vida segue. Muitos acreditam, outros negam. A maioria não percebe. Enquanto isso, a ciência e os organismos internacionais ligam os megafones e gritam em alto e bom som. O mundo já ultrapassou o limite de segurança de 1,5º estipulado no Acordo de Paris. Entrou na zona do risco.


A vida resiste! (Foto: João Ramid)


A ONU diz que a situação induzida pela ação humana amplifica desigualdade, agrava insegurança alimentar e empurra as pessoas para a pobreza. Os países com maior vulnerabilidade social são os mais atingidos pelos desastres, entre incêndios, secas, cheias e inundações, como a que ocorreu no Rio Grande do Sul.  “O calor extremo é o “novo normal”. Os líderes mundiais precisam estar à altura do desafio do aumento das temperaturas”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres.


Um caso a avaliar


Europa é o continente mais quente do planeta. (Foto: Unicef/Nemanja Pancic)


A Europa, um dos continentes mais desenvolvidos, onde estão os países mais industrializados do mundo, como Alemanha e França, sempre foi considerado sinônimo de qualidade de vida e bem-estar. Na sexta-feira, dia 2 de agosto, foi revelado que a região europeia é a que regista o aquecimento mais rápido das seis regiões cobertas pela OMS, com as temperaturas subindo em um ritmo duas vezes maior que a taxa média global. 


Em comunicado, o diretor regional da OMS para a Europa, Henri Kluge, afirmou que os três anos mais quentes registados ocorreram desde 2020, e a década mais quente foi desde 2007. De acordo com OMS, a região europeia, composta por 53 estados-membros, “detém 36% dessas mortes, o que equivale a 175 mil vidas perdidas todos os anos”.


Stress térmico e a saúde


Onda de calor intensa na Europa só aumenta (Foto: Reprodução/OMM)


Segundo Kluge, nos últimos 20 anos houve um aumento de 30% na mortalidade relacionada com o calor na Europa. Ele diz que “o stress térmico é a principal causa de morte relacionada com o clima. “Os extremos de temperatura agravam as condições crônicas, incluindo doenças cardiovasculares, respiratórias e cerebrovasculares, saúde mental e condições relacionadas com a diabetes”, afirma a OMS.


“As temperaturas elevadas são um problema em particular para os idosos, especialmente aqueles que vivem sozinhos e também para as mulheres grávidas”, diz a OMS.


Possíveis saídas 


Vista aérea da Ilha do Combu, Belém-PA (Foto: João Ramid)


Para aumentar a resiliência nos países afetados pelo calor, a agência de saúde da ONU recomenda que sejam elaborados planos de ação no eixo calor-saúde, para melhorar a adaptação de comunidades. 


A OMS afirma que o objetivo é proporcionar referências baseadas em evidências para que os governos nacionais e locais estabeleçam os seus próprios planos ou atualizem os existentes, para assim melhorar a gestão dos riscos térmicos. Segundo a organização, algumas medidas simples incluem evitar sair e realizar atividades extenuantes nos horários mais quentes do dia, passar de duas a três horas por dia em um local fresco, como um supermercado ou cinema, manter a casa fresca e o corpo hidratado. Nesse sentido, é importante evitar bebidas açucaradas, alcoólicas ou com cafeína devido ao seu efeito desidratante no corpo.


Integração da ciência


Preocupada com o aumento da insegurança alimentar no planeta devido à crise climática, a FAO faz algumas recomendações. Entre elas estão as ações estratégicas para apoiar a inclusão de povos indígenas e outros detentores de conhecimento local que contribuem com práticas e percepções valiosas e específicas do local que aprimoram as decisões de gerenciamento de incêndios. Para a FAO, o envolvimento desses grupos é fundamental para prevenir incêndios florestais, lidar prontamente com os focos de incêndio e restaurar áreas devastadas por queimadas severas.


A participação das comunidades na proteção ambiental tem colaborado para preservação de importantes fontes para mitigar os riscos climáticos. Um exemplo ocorre na Área de Proteção Ambiental, em Maracajaú.


O guia Abi Silva pratica o turismo com preservação ambiental há 45 anos (Foto: João Ramid)


“A preservação dos corais é muito importante, porque o coral é considerado o agricultor do fundo do mar.  Através dos corais surgem as algas marinhas, que liberam oxigênio. Isso filtra a água e tira a toxina do mar. O mar é como um pulmão do mundo. Se não cuidamos e não zelarmos do mar estamos destruindo a nossa própria natureza”, afirma seu Abi.  


A colaboração geral


Equipamento mede temperatura ambiente (Foto: Divulgação)


A ONU chamou os países para que apresentem planos para mitigação e adaptação diante dos riscos climáticos. O secretário-geral, António Guterres, identifica quatro áreas de ação:  cuidado dos vulneráveis, proteção dos trabalhadores, aumento da resiliência das economias e das sociedades e limitação do aumento da temperatura global a 1,5°C.


Farol Ver Amazônia


Energia

Os ventos fortes do Rio Grande do Norte fizeram do Estado o maior produtor de energia eólica do Brasil. O Estado consome 100% de energia eólica produzida nos parques e tornou-se autossuficiente em energia limpa. O excedente é vendido. 


Discurso 

A gestão de riscos e desastres no Brasil deságua em discurso e na falta de dinheiro para ações imediatas.


Mais discursos

No Grupo de Trabalho de Redução do Risco de Desastres do G20, no Rio de Janeiro, o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, partiu para o discurso ao propor taxar as grandes fortunas e destinar parte dos recursos para amenizar os efeitos da crise climática. 


Na porta

A crise climática é coisa do presente. Os desastres chegam com mais força e com efeitos devastadores. No Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas vivem em área de alto ou altíssimo risco. 


Turismo 

A indústria do turismo no Brasil começa a atentar para o turismo sustentável e responsável com o meio ambiente. 



Ver Amazônia em vídeo. 


Os corais do mar do Rio Grande do Norte ajudam na mitigação dos riscos climáticos. O turismo sustentável praticado nos locais colabora para preservação ambiental. Assista ao vídeo acima!





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