Murmúrios do Palácio do Governo apontam que o prefeito de Belém é apenas um ponto nas reticências do governador.
maior lição da vida é a de que, às vezes, até os tolos têm razão”. A frase, cunhada por Winston Churchill, mostra que o estadista que levou a Inglaterra à vitoriosa resistência contra os nazistas, mas que sofreu uma derrota humilhante nas eleições em 1945, entendia muito da alma humana e das reviravoltas que as circunstâncias impõem aqueles que dependem dos humores voláteis da opinião pública para erguer os dedos em “V” diante de bandeiras tremulando ao vento e uma multidão exultante após uma campanha extenuante.
Maior eleitor do Estado, Helder Barbalho, tem sobre seus ombros o peso dos resultados positivos de uma opinião pública cativa. Todas as pesquisas de opinião apontam o governador do Pará não apenas com aprovação de dois terços do eleitorado, mas com a principal força na alavancagem de qualquer candidatura a prefeito em 2024.
Viajante
incansável em pontes aéreas improváveis que vão de Altamira a Londres, de Nova
Iorque a Curralinho, de Brasília a Piçarras, Helder Barbalho, com evidentes e
legítimos sonhos nacionais, mantém o silêncio obsequioso sobre suas escolhas
para as eleições municipais do ano que vem nas praças mais populosas do Estado,
cabeças de ponte para qualquer projeto sucessório que se queira bem-sucedido.
Os
interlocutores de Helder, até 2022 cheios de certezas, hoje especulam sobre o
que realmente o líder estaria pensando. Voando distâncias grandes ou pequenas,
Helder encara a solidão do poder se nutrindo no silêncio. O burburinho das ruas
parece não perturbar o governador, mas o adiamento de decisões estratégicas
pode levar à perda da oportunidade de fazer escolhas sem o desespero que nutre
a pressa e antecipa o erro.
Para
Helder, 2024 não é um destino; é apenas uma escala. O destino é 2026 e alhures.
Mas qualquer intercorrência nesses ligeiros pouso e decolagem pode fazer o
destino se perder. Diante da importância da escala, o atraso da decisão parece
ter despertado o pânico na tripulação.
Existem
dez cidades paraenses decisivas para quem tem, como Helder, planos sucessórios
bem definidos e trajetória nacional em ascensão.
Belém
- População: aproximadamente 1.499.641 habitantes; Ananindeua - População:
aproximadamente 525.520 habitantes; Santarém - População: aproximadamente
306.566 habitantes; Marabá - População: aproximadamente 287.075 habitantes;
Parauapebas - População: aproximadamente 213.445 habitantes; Castanhal -
População: aproximadamente 195.046 habitantes; Abaetetuba - População:
aproximadamente 157.698 habitantes; Cametá - População: aproximadamente 142.089
habitantes; Marituba - População: aproximadamente 137.364 habitantes; Bragança
- População: aproximadamente 125.960 habitantes.
Esse quadro mostra que sem Belém, todo o resto se tornaria muito mais difícil. Ou seja, em Belém, Helder tem que ganhar sim ou sim, ou poderá colocar em risco o restante do plano.
Até
as pedras sabem que Helder e Jader Barbalho, pai dele, tiveram papel decisivo
na vitória de Edmilson em 2022 desde o primeiro turno. O deputado José Priante,
candidato do MDB e adversário de Edmilson naquele pleito, não esconde de
ninguém sua insatisfação com essa manobra que teria operado em seu desfavor.
A
ligação de Helder, embaixador amazônico da COP30, e Jader Filho, ministro das
Cidades, com o presidente Lula obrigam os detentores do poder local a combinar
o jogo com o Planalto. E essa combinação passa por um mínimo de garantia para
manter a aliança com o Psol: a garantia de que o prefeito tem condições de se
reeleger, de acordo com as pesquisas de opinião. “Lula e Helder têm compromisso
com a vitória, não com Edmilson”, disse um prócer petista ligado ao senador
Beto Faro. Isso não é totalmente verdade. O compromisso existe, mas seu
cumprimento certamente depende de condições objetivas que não estão se
confirmando.
Percebendo
que a terra se move sob seus pés, Edmilson vacilou. Em uma live gravada
sobre fogo cerrado da oposição, em que misturou o lixo de Belém com lixo de
Ananindeua antes da coleta, Edmilson chegou a verbalizar: “se eu for
candidato...”, mostrando na condicional que essa decisão não é dele, mas de
outro. Seria um ato falho?
“Helder
já entendeu que Edmilson é apenas um ponto nas reticências que o cercam”, disse
um analista.
Nos
bastidores do Palácio do Governo, há quem aposte que o governador aproveitará a
COP de Dubai para ir a Lula apresentar um estudo onde justifica a desistência
em apoiar Edmilson e a emergência em apresentar um nome de consenso
MDB-PT. O problema é o nome. Petistas ligados ao senador Beto Faro, cujo
grupo segue nos cargos da administração Edmilson, dizem que esse nome “precisa
ser do PT, para substituir e envernizar a troca”.
Pedro
Montalvani, consultor político paranaense com passagens por várias eleições no
Pará, analisa a situação de modo diverso: "Edmilson parece estar afundando
na imperícia política de seu entorno, uma espécie de hiato de mando. Mas sigo
achando que se tivessem negociado com o Beto Faro a questão do lixo-Sesan, a
crise com o PT não existiria, porque francamente o partido não tem nome capaz
de vencer essa disputa; nenhum. Qualquer nome que o PT lance terá 10, 12 pontos
na melhor hipótese. Helder tem muitos nomes que estão pontuando em pesquisas e
que são de seu partido. Por que ele correria o risco de perder a eleição com um
nome do PT se pode ganhar com um nome do MDB?”.
“Os
nomes do MDB testados em pesquisas foram José Priante, Ursula Vidal e Zeca
Pirão, salvo engano”, afirma Montalvani. “Desses, Ursula Vidal e José Priante
são os que apresentam trajetórias mais sólidas e têm margem para crescimento.
Ursula é boa gestora, tem perfil de centro-esquerda e transita bem entre os
ministros do PT. Priante, por outro lado, é um político habilidoso, emedebista
raiz, experiente, e já esteve nessa disputa outras vezes, mostrando-se
competitivo. Zeca Pirão teria um teto baixo para crescimento porque dos três é
quem tem maior rejeição. Tem um perfil mais conservador e se confunde com os
adversários, como Eder Mauro ou Eguchi”, conclui.
Montalvani
destaca em sua análise o levantamento realizado pelo Instituto Paraná
Pesquisas, que confirma sua percepção. Registrada sob número 0623, a pesquisa
analisou dois cenários estimulados na disputa pela Prefeitura de Belém. No
primeiro cenário, o prefeito Edmilson Rodrigues lidera com 17,0%, seguido por
Everaldo Eguchi com 16,9%, Ursula Vidal com 15,4%, Cassio Andrade com 10,4%,
José Priante com 8,3% e Thiago Araújo com 8,0%.
Já no
segundo cenário, sem a presença de Everaldo Eguchi, o deputado federal Eder
Mauro assume a dianteira, com 19,5%, seguido por Edmilson Rodrigues com 16,5%,
Ursula Vidal com 15,4%, Cássio Andrade com 9,7%, José Priante com 7,9% e Thiago
Araújo com 7,5%.
Na
coleta espontânea, Edmilson Rodrigues lidera com 8,4%, seguido por Everaldo
Eguchi com 1,4%, Eder Mauro com 1,1%, Ursula Vidal com 1,1%, José Priante com
0,7%, Cássio Andrade com 0,4% e Thiago Araújo com 0,3%.
Para
a realização da coleta foi utilizada uma amostra de 736 eleitores,
estratificada segundo gênero, faixa etária, grau de escolaridade, nível
econômico e posição geográfica. O trabalho de levantamento dos dados foi feito
através de entrevistas pessoais, com eleitores com 16 anos ou mais. A Paraná
Pesquisas encontra-se registrada no Conselho Regional de Estatística sob o nº
3122/23.
Em
que pesem as pressões externas e até internas, certamente o governador tomará
sua decisão se baseando em dados e fatos, mitigando esses elementos com sua
própria experiência e sensibilidade e afastando os tolos do centro de decisão,
já que perder a capital para a direita mais beligerante da história recente do
Pará não é uma opção.
Afinal,
se for verdade, como disse Churchill, que a maior lição da vida é a de que, às
vezes, até os tolos têm razão, também é verdade que na maior parte das vezes os
tolos não têm razão alguma.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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