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Concurso de Drag Queen ganha R$ 80 mil da UFPA ao arrepio da lei e mexe com humor da oposição

Deputado do PP do Espírito Santo fez estardalhaço e questiona a legalidade e a moralidade do investimento patrocinado pelo Ministério da Educação.

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  • 26/06/2025, 11:00
Concurso de Drag Queen ganha R$ 80 mil da UFPA ao arrepio da lei e mexe com humor da oposição
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alar em recursos ‘fora da curva’ na Universidade Federal do Pará não é novidade para quem acompanha a gestão, que tem passado pelas mesmas mãos nos últimos anos. O problema é que, desta vez, a reação pulou os muros do Campus do Guamá, em Belém, e chegou ao conhecimento do contribuinte, que não sabe o que é pior: a carga tributária ou a forma como o suado dinheiro dos impostos é usado pela maior universidade pública do Norte do País.

TCU é acionado para investigar “ato de bondade” do ministro da Educação e “projeto de extensão” da Reitoria de Gilmar Pereira/Fotos: Divulgação-Ilustração.

O dilema em questão se justifica pelo projeto intitulado “Turnê das Drags: Em Busca da Pior do Mundo”, que recebeu, sem licitação, exatos R$ 79,4 mil em fundos públicos da UFPA. A informação tornou-se pública depois que o deputado federal Evair de Melo, do PP do Espírito Santo, questionou o Ministério da Educação sobre a legalidade e a moralidade do investimento.

O projeto é definido pela UFPA como um “projeto de extensão”, mas as informações param por aí. A Coluna Olavo Dutra enviou e-mail solicitando ao setor de Comunicação da Universidade detalhes do projeto e esclarecimentos sobre os questionamentos feitos pelo parlamentar que, inclusive, protocolou pedido de investigação junto ao Tribunal de Contas da União, o TCU. Ninguém respondeu até agora.

Momento crítico

A revolta ganha força dada a conjuntura delicada em que a relação 'investimento versus ensino superior' encara seu pior momento. Em maio deste ano, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC, e a Academia Brasileira de Ciências emitiram nota pública conjunta denunciando cortes orçamentários do governo para as universidades federais.

"A decisão de liberar apenas no final do ano um terço dos recursos previstos inviabiliza o funcionamento básico dessas instituições, comprometendo de forma severa o funcionamento das universidades federais brasileiras, bem como afetando diretamente a manutenção de suas atividades administrativas, acadêmicas e científicas ao longo do ano", diz o documento.

Revolta nas redes

Ou seja, financiar um projeto de extensão dessa natureza possui, sem sombras de dúvida, relevância para determinado público, mas nada que supere o sentimento de revolta que faz muita gente ir para as redes sociais questionar o financiamento, inclusive quem não cursa o ensino superior. A informação foi replicada por centenas de blogs e perfis que fazem oposição ao governo Lula, colocando nas mãos do ministro da Educação, Camilo Santana verdadeira batata quente.

“Faltam recursos para bolsas de estudo e os laboratórios estão sucateados, mas há verba para bancar a escolha da ‘pior drag queen do mundo’? É um evidente e perturbador conflito entre o que se espera da gestão pública e a realidade”, afirmou o deputado Evair na manifestação oficializada sobre o assunto tanto no MEC quanto no TCU.

Outros parlamentares da oposição ao governo deram força ao discurso de Evair de Melo e passaram a cobrar, publicamente, do titular do MEC, uma explicação sobre o assunto.

Autonomia, verdade?

Isso mostra que o debate sobre a autonomia universitária, o financiamento de projetos culturais com verba pública e os critérios de relevância acadêmica foram retomados pelo caso. Nesse contexto, há quem defina a proposta como de valor cultural e que visa fomentar a diversidade e a inclusão - tópicos frequentes em políticas públicas de extensão.

A coluna também encaminhou pedido de nota para a Reitoria da UFPA, inclusive para entender melhor o projeto, já que nada - além de críticas - foi encontrado sobre o concurso na internet. Até a publicação desta edição, nem UFPA e nem MEC haviam respondido, mas o espaço segue aberto a quem interessar possa - mesmo sabendo que, no caso da UFPA, o silêncio parece ser a única resposta.

Papo Reto

O Diário Oficial do Estado publica decreto assinado pelo governador Helder Barbalho autorizando a viagem do major da Polícia Militar José Rogério da Silva Holanda (foto) para Lisboa, Portugal, de 28 agora a 5 de julho, a serviço do Governo do Pará.

•O documento é datado de ontem, 25, dia que, seguramente, não foi um dos melhores para o policial: foi justamente o dia em que ele apareceu nas redes sociais por ter espancado a própria mãe.   

Nos quartéis da Polícia Militar, a conversa desta manhã soa como aposta: há quem jogue todas as fichas na possibilidade de o governo ter autorizado a viagem antes da notícia envolvendo o major: outros, por óbvio, não.

•A crise do lixo em Belém está nas mãos do procurador do Trabalho Sandoval Alves da Silva, do MP da 8° Região, que abrange Pará e Amapá.

O procurador começa a acompanhar e fiscalizar as relações de trabalho diretas e indiretas no que tange à coleta de lixo e resíduos sólidos na Grande Belém.

•Funcionários das empresas que compõem o consórcio encarregado do serviço, catadores, recicladores autônomos e de cooperativas, todos serão ouvidos.

O procurador Sandoval Alves já detectou lacunas no contrato celebrado entre o consórcio e a Prefeitura de Belém.

•Agora, devem entrar no circuito, a pedido dele, as promotorias de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa do Ministério Público do Estado, para acompanhar e investigar o contrato.

A Fiepa encerra hoje o Amazon Energy 2025 & 2º Evento Pré-COP IBP, que reúne especialistas, autoridades, empresários e representantes da sociedade civil no debate dos principais desafios e oportunidades relacionados à matriz energética regional.


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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.