Derrota nos grandes colégios eleitorais do Estado obriga Helder a rever estratégia política

Em Belém, cenário do embate entre Igor Normando e Eder Mauro é incerto, mas prenuncia uma disputa tensa e cara no segundo turno, apesar da diferença de votos na eleição de ontem.

07/10/2024 09:20
Derrota nos grandes colégios eleitorais do Estado obriga Helder a rever estratégia política
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cenário geral inscreveu uma derrota do governador em grandes colégios eleitorais do Estado. Mesmo em Belém, onde o candidato dele, Igor Normando, foi para o segundo turno com Eder Mauro em larga vantagem, o desenho da disputa é incerto, porque parte dos votos do prefeito Edmilson Rodrigues deve desaparecer no limbo dos brancos e nulos. Já os votos de Thiago Araújo e Jefferson Lima tendem a migrar para Eder Mauro, remetendo a um segundo turno tenso e caro. 


Helder não logrou êxito no projeto de eleger 100 prefeitos nestas eleições; ao contrário, perdeu o controle de grandes colégios eleitorais/Fotos: Divulgação.

O cenário eleitoral aponta sobretudo o enfraquecimento da liderança do governador em pólos considerados estratégicos do Estado, e levanta dúvidas sobre o futuro de Helder Barbalho e seu grupo que, até recentemente, dominavam a política paraense com pouca resistência.


O governador enfrentou um cenário eleitoral francamente desafiador nas eleições, sofrendo derrotas em importantes colégios eleitorais e colocando em risco a hegemonia de seu grupo político no Estado. A reeleição de adversários e a disputa acirrada em municípios-chave, como Belém e Santarém, que vão para o segundo turno, indicam dificuldades futuras, especialmente na projeção do cenário de 2026.

 

Favas contadas


Em Ananindeua, segundo maior colégio eleitoral do Pará, a reeleição do prefeito Dr. Daniel, do PSB, representou uma derrota significativa, embora anunciada. Daniel teve mais de 83% dos votos e é um adversário declarado do governador. O prefeito reeleito desponta como potencial rival nas eleições estaduais. A recondução de Daniel ao cargo fortalece posição política de oposição e consolida Ananindeua como um reduto fora do controle do governador. O detalhe é que Helder mora em Ananindeua e o seu candidato oficial foi Antônio Doido, que teve somente 8% dos votos. Antônio Doido ainda terá problemas judiciais para resolver, pois seu nome está envolvido em uma apreensão de dinheiro vivo.

   

Derrota marcante

No município de Marabá, terceiro maior colégio eleitoral do Estado e uma das regiões mais estratégicas economicamente, Helder Barbalho também sofreu uma derrota marcante. O deputado estadual Tony Cunha, do PL, venceu a eleição com 51% dos votos e desbancou o candidato apoiado pelo governador, que era Chamonzinho, do MDB.

 

Tony Cunha se beneficiou de sua atuação parlamentar, conseguindo apoio popular para sua proposta de renovação e desenvolvimento da região. A vitória de Tony Cunha enfraquece a influência do grupo de Helder no sul e sudeste do Pará, sem esquecer que em Parauapebas o MDB também saiu derrotado por antecipação.

 

Situação delicada

 

Em Belém, a capital, Helder Barbalho ainda não tem garantias de sucesso. A disputa entre o Delegado Eder Mauro e Igor Normando no segundo turno coloca o governador em uma situação delicada. Eder Mauro, adversário ferrenho de Helder, representa uma candidatura de direita. Enquanto isso, Igor Normando precisa de mais apoio para vencer. Helder Barbalho busca garantir a vitória de Igor, mas enfrenta o desafio de unir diferentes forças políticas.


Santarém indefinido

 Já em Santarém, outro pólo eleitoral estratégico, o embate no segundo turno entre JK Povão, do PSC, e Zé Maria Tapajós, do MDB, também apresenta riscos ao governador. Zé Maria, apoiado por Helder, está em uma disputa apertada contra JK Povão, que se destaca pelo apelo popular e seu discurso de oposição às elites políticas locais. A possibilidade de perder Santarém para a oposição afetaria a influência de Helder em uma das principais cidades do oeste paraense.


O que será o amanhã?

Essas derrotas e disputas acirradas em polos estratégicos do Pará expõem o enfraquecimento de Helder Barbalho no cenário estadual. O fracasso em consolidar seu grupo político em cidades como Marabá e Ananindeua, somado à incerteza em Belém e Santarém, coloca o governador em uma posição vulnerável para os próximos anos. Além disso, a reeleição de Daniel Santos em Ananindeua representa uma ameaça direta para Helder, que terá de enfrentar uma oposição mais organizada.


Papo Reto

· Um Edmilson Rodrigues (foto) terrivelmente derrotado foi às lágrimas, ontem, ao falar sobre o resultado da eleição em que não obteve sequer 10% dos votos.

 

· O prefeito de Belém contrariou a regra básica segundo a qual um prefeito tem obrigação de chegar à disputa da reeleição com pelo menos 25% das intenções de voto.

 

· Consta nos anais políticos que o primeiro índio eleito no Brasil foi Mário Juruna, pelo PDT-Rio de Janeiro. Em Belém, tem gente de origem indígena que acredita piamente que pronto socorro elege alguém.

 

· O Tribunal Superior Eleitoral errou feio ao incluir Ananindeua e Parauapebas entre os municípios brasileiros onde poderia haver segundo turno. Acertou com relação à Santarém.

 

· O Tribunal Superior Eleitoral recebeu 5,7 mil denúncias de irregularidades durante a votação de ontem, via aplicativo Pardal.

 

· A Polícia Federal fez seu papel: prendeu 56 pessoas por propaganda irregular e compra de votos. 

 

· Preterido pelo clã dos Braga na disputa pela Prefeitura de Mocajuba, ao se recusar a apoiar uma candidata do MDB à Câmara Federal, Aluísio do Teca, atual vice, atropelou a concorrência e se elegeu prefeito.

 

· Atormentado pelo aumento descontrolado de gastos, o governo Lula agora quer mudar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, o Fundeb.

 

· São R$ 299 bilhões em dinheiro público financiando o setor só em 2024, o que, para a equipe econômica, pode e deve ser podado.


· Bets autorizadas para funcionar no Rio não podem atuar no restante do País, decidiu a Justiça Federal.

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