cenário geral inscreveu uma derrota do governador em grandes colégios eleitorais do Estado. Mesmo em Belém, onde o candidato dele, Igor Normando, foi para o segundo turno com Eder Mauro em larga vantagem, o desenho da disputa é incerto, porque parte dos votos do prefeito Edmilson Rodrigues deve desaparecer no limbo dos brancos e nulos. Já os votos de Thiago Araújo e Jefferson Lima tendem a migrar para Eder Mauro, remetendo a um segundo turno tenso e caro.
O cenário eleitoral aponta sobretudo o enfraquecimento da
liderança do governador em pólos considerados estratégicos do Estado, e levanta
dúvidas sobre o futuro de Helder Barbalho e seu grupo que, até recentemente,
dominavam a política paraense com pouca resistência.
O governador enfrentou um cenário eleitoral
francamente desafiador nas eleições, sofrendo derrotas em importantes colégios
eleitorais e colocando em risco a hegemonia de seu grupo político no Estado. A
reeleição de adversários e a disputa acirrada em municípios-chave, como Belém e
Santarém, que vão para o segundo turno, indicam dificuldades futuras,
especialmente na projeção do cenário de 2026.
Favas contadas
Em Ananindeua, segundo maior colégio eleitoral do
Pará, a reeleição do prefeito Dr. Daniel, do PSB, representou uma derrota
significativa, embora anunciada. Daniel teve mais de 83% dos votos e é um
adversário declarado do governador. O prefeito reeleito desponta como potencial
rival nas eleições estaduais. A recondução de Daniel ao cargo fortalece posição
política de oposição e consolida Ananindeua como um reduto fora do controle do
governador. O detalhe é que Helder mora em Ananindeua e o seu candidato oficial
foi Antônio Doido, que teve somente 8% dos votos. Antônio Doido ainda terá
problemas judiciais para resolver, pois seu nome está envolvido em uma
apreensão de dinheiro vivo.
Derrota marcante
No município de Marabá, terceiro maior colégio eleitoral
do Estado e uma das regiões mais estratégicas economicamente, Helder Barbalho
também sofreu uma derrota marcante. O deputado estadual Tony Cunha, do PL,
venceu a eleição com 51% dos votos e desbancou o candidato apoiado pelo
governador, que era Chamonzinho, do MDB.
Tony Cunha se beneficiou de sua atuação parlamentar,
conseguindo apoio popular para sua proposta de renovação e desenvolvimento da
região. A vitória de Tony Cunha enfraquece a influência do grupo de Helder no
sul e sudeste do Pará, sem esquecer que em Parauapebas o MDB também saiu
derrotado por antecipação.
Situação delicada
Em Belém, a capital, Helder Barbalho ainda não tem
garantias de sucesso. A disputa entre o Delegado Eder Mauro e Igor Normando no
segundo turno coloca o governador em uma situação delicada. Eder Mauro,
adversário ferrenho de Helder, representa uma candidatura de direita. Enquanto
isso, Igor Normando precisa de mais apoio para vencer. Helder Barbalho busca
garantir a vitória de Igor, mas enfrenta o desafio de unir diferentes forças
políticas.
Santarém indefinido
Já em Santarém, outro pólo eleitoral estratégico, o embate no segundo turno entre JK Povão, do PSC, e Zé Maria Tapajós, do MDB, também apresenta riscos ao governador. Zé Maria, apoiado por Helder, está em uma disputa apertada contra JK Povão, que se destaca pelo apelo popular e seu discurso de oposição às elites políticas locais. A possibilidade de perder Santarém para a oposição afetaria a influência de Helder em uma das principais cidades do oeste paraense.
O que será o amanhã?
Essas derrotas e disputas acirradas em polos estratégicos
do Pará expõem o enfraquecimento de Helder Barbalho no cenário estadual. O
fracasso em consolidar seu grupo político em cidades como Marabá e Ananindeua,
somado à incerteza em Belém e Santarém, coloca o governador em uma posição
vulnerável para os próximos anos. Além disso, a reeleição de Daniel Santos em
Ananindeua representa uma ameaça direta para Helder, que terá de enfrentar uma
oposição mais organizada.
Papo Reto
· Um Edmilson Rodrigues (foto) terrivelmente
derrotado foi às lágrimas, ontem, ao falar sobre o resultado da eleição em que
não obteve sequer 10% dos votos.
· O prefeito de Belém contrariou a regra básica segundo a
qual um prefeito tem obrigação de chegar à disputa da reeleição com pelo menos
25% das intenções de voto.
· Consta nos anais políticos que o primeiro índio eleito no
Brasil foi Mário Juruna, pelo PDT-Rio de Janeiro. Em Belém, tem gente de origem
indígena que acredita piamente que pronto socorro elege alguém.
· O Tribunal Superior Eleitoral errou feio ao incluir
Ananindeua e Parauapebas entre os municípios brasileiros onde poderia haver
segundo turno. Acertou com relação à Santarém.
· O Tribunal Superior Eleitoral recebeu 5,7 mil denúncias de
irregularidades durante a votação de ontem, via aplicativo Pardal.
· A
Polícia Federal fez seu papel: prendeu 56 pessoas por propaganda irregular e
compra de votos.
· Preterido pelo clã dos Braga na disputa pela Prefeitura de
Mocajuba, ao se recusar a apoiar uma candidata do MDB à Câmara Federal, Aluísio
do Teca, atual vice, atropelou a concorrência e se elegeu prefeito.
· Atormentado pelo aumento descontrolado de gastos, o
governo Lula agora quer mudar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, o Fundeb.
· São R$ 299 bilhões em dinheiro público financiando o setor
só em 2024, o que, para a equipe econômica, pode e deve ser podado.
· Bets autorizadas para funcionar no Rio não podem atuar no
restante do País, decidiu a Justiça Federal.