Belém, PA - O sabor é inigualável. Presente diariamente na mesa do paraense, o açaí faz parte da cultura alimentar e é fonte de renda que movimenta a economia do Estado do Pará, o maior produtor do Brasil. Nesta quinta-feira (5), em que se comemora o Dia da Amazônia, a data também é dedicada ao açaí.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Pará produz mais de 93% do açaí no Brasil. A média anual de produção é de quase 1 milhão e 700 mil toneladas do fruto. Para estimular a produção e visibilidade do produto, o gerente de Fruticultura da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Geraldo Tavares, explica algumas das ações implementadas pelo Governo do Pará, por meio de dois programas: Pró-Açaí e Programa Estadual de Qualidade do Açaí (PEQA).
“Para alavancar a produção do produto, a Sedap apoiou com recursos financeiros a Embrapa na pesquisa que lançou a nova atualização da Cultivar BRS Paidégua (para cultivo de açaí em várzea e terra firme), apresentando alta produtividade e a distribuição de cerca de 14 toneladas de sementes, o que possibilitou a implantação de 35 mil novos hectares da cultura. Também, via convênio com a Emater, a Sedap patrocina anualmente a capacitação de produtores ribeirinhos em técnicas de manejo de açaízais com práticas de sustentabilidade. Além disso, desde 2023, o órgão promove o Festival do Açaí como forma de exposição e promoção do açaí”, destaca o gerente.
Geraldo acrescenta o investimento realizado em tecnologia. “O Programa Estadual de Qualidade do Açaí desenvolveu o equipamento denominado Tanque de Branqueamento que possibilita a higienização do fruto com a eliminação de patógenos nocivos e enzimas que aceleram a degradação do suco”, explica.
A Sedap, por meio da Diretoria de Feiras e Mercados, em parceria com as Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, SESPA e SESMA, promove saúde pública e segurança no consumo do açaí, através de capacitações aos batedores. Segundo o coordenador de Boas Práticas do Açaí, Marivaldo Ferreira, até o mês de setembro, já foram entregues 500 kits de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), contendo aventais, toucas, calças e blusas, além da realização de 10 cursos de capacitação e entrega de 1500 equipamentos, como mesa de catação, tanque de branqueamento e despolpadeira.
“Os EPIs desempenham um papel importante na proteção contra possíveis riscos que podem estar presentes durante o processo de produção do açaí. Além de proteger os trabalhadores, o uso adequado desses equipamentos é uma exigência das normas sanitárias e contribui diretamente para a redução de riscos de contaminação do alimento, promovendo a saúde pública e fortalecendo a confiança do consumidor no produto final”, explica Marivaldo.
Da produção ao consumo - O açaí é parte da cultura e tradição do Pará, gerando renda para produtores, batedores e comerciantes. É o caso do produtor da ilha do Combu, Edvaldo Silva, que há mais de 40 anos trabalha na produção do açaí. “Desde quando eu nasci, eu trabalho com açaí. A minha família só trabalha com açaí. A gente produz e vende na feira, em Belém. Hoje em dia, o açaí melhorou muito, não só pra mim, mas pra muita gente, porque a maioria da renda é do açaí, conta.
Além de fonte de renda, o furto é alimento para as famílias. Edvaldo conta que o açaí é o primeiro prato na mesa, no almoço e na janta. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o consumo de açaí aumenta 15% a cada ano. Sozinho ou misturado com farinha e açúcar, acompanhado de peixes, carnes ou como shakes e outras derivações, não há quem resista ao paladar único do açaí.
Potencialidades - O açaí produzido no Pará vem conquistando o mercado mundial com ampla possibilidade de expansão, não apenas com a exportação do produto e derivados, mas, como exemplo de boas práticas a serem implementadas inclusive em outros países.
No âmbito da exportação, o Estado do Pará é o maior exportador mundial. De acordo com a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), no ano de 2023, o Estado exportou 8,2 mil toneladas de açaí, com destaque para a produção dos municípios de Igarapé-Miri (25%), Cametá (9,2%) e Abaetetuba (6,5%) no Baixo Tocantins. E os produtos exportados derivados do açaí paraense saltaram, exponencialmente, de menos de 1 tonelada em 1999 para mais de 61 mil toneladas, em 2023.
O reconhecimento das boas práticas vem se apresentando pelo interesse de outros países em conhecer as formas de produção do Pará, como é o caso da Colômbia, que este ano enviou uma delegação composta por 22 membros dos Departamentos de Putumayo e da Guianía (estados que fazem parte da parte Amazônia colombiana) para intercâmbio de conhecimentos com o Estado.
Agência Pará
Foto: David Alves/Ag.Pará