Estudo aponta que Pará detém saneamento básico semelhante ao de quatro países subdesenvolvidos

Comparação tem base em informações do censo do IBGE e da ONU e remete à pergunta sobre o que explicaria a situação.

30/04/2024 08:00
Estudo aponta que Pará detém saneamento básico semelhante ao de quatro países subdesenvolvidos
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saneamento básico no Pará se assemelha ao da República Dominicana no Caribe; Guiana, América do Sul; Malawi, África Oriental; e Vietnã, na Ásia. A comparação é resultado de um cruzamento de dados entre as informações do censo realizado pelo IBGE e da ONU, a Organização das Nações Unidas, feito pelo jornal “Folha de S. Paulo”.


Nos países listados pelo levantamento, as condições de saneamento básico têm melhorado com a execução de projetos alternativos/Fotos: Divulgação.

Para comparar a situação dos Estados brasileiros com outros países, o cruzamento utilizou dados do Programa Conjunto de Monitoramento do Abastecimento de Água, Saneamento e Higiene da OMS (Organização Mundial de Saúde) e do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).


Outras semelhanças


Triste, no entanto, é ver o Pará comparado a países onde a falta de saneamento é seguida de recursos parcos em muitos outros setores, sobretudo na garantia da ordem, na saúde e nos direitos básicos. Não que seja a situação do Estado, claro, mas o Malawi, por exemplo, ocupa a quarta posição no ranking dos países mais pobres do mundo, o que, em vários aspectos, justifica a falta de investimento no setor.


No Vietnã, o acesso à água potável e às condições de saneamento têm melhorado graças a projetos alternativos, que tanto tratam a água da chuva quanto utilizam elementos da própria floresta na construção de latrinas alternativas, como os banheiros feitos com bambu, em vilarejos mais pobres - soluções que poderiam ser adaptadas para regiões mais distantes dos centros urbanos paraenses, como as comunidades ribeirinhas do Marajó.


Ananindeua no ranking


Dos três municípios paraenses incluídos no ranking com pior saneamento entre as cidades mais populosas do Brasil, Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, lidera a lista, ocupando a posição de número 91. Em seguida vêm Belém (94º) e Santarém (99º). O levantamento foi feito pelo Instituto Trata Brasil, com informações do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento.


A pesquisa leva em consideração fatores como abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos urbanos, drenagem e manejo de águas pluviais. De acordo com o Trata Brasil, Ananindeua está entre as cidades que menos investem em serviços de saneamento, com apenas R$ 55,46 por habitante, valor bem abaixo da média nacional, que é de R$ 82 por habitante.


Veja os critérios


Estudo recente do Instituto Trata Brasil, com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento de 2022 do Ministério das Cidades, aponta que apenas 40 das 100 maiores cidades do Brasil têm mais de 90% da população com coleta e tratamento de esgoto.


O levantamento considerou como esgotamento adequado o critério utilizado pelo próprio IBGE com base no Plano Nacional de Saneamento Básico, que inclui duas categorias: população em domicílios particulares com acesso à rede geral, rede pluvial ou fossa ligada à rede; e fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede.


Por todo o País


Dos dez Estados com melhor esgotamento do País estão todos os da região Sudeste - SP, RJ, MG e ES -, todos do Sul - SC, RS e PR - e três do Centro-Oeste - DF, GO e MS. Entre os dez piores, seis estão na Região Norte - RO, PA, AC, AM, AP e TO -, três no Nordeste - MA, PI e AL - e um no Centro-Oeste - MT. No Norte, menos da metade da população vive em condições consideradas adequadas de esgotamento sanitário: 46,4%. 

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