uatro homens armados com metralhadora, encapuzados e usando farda da Polícia Federal desembarcaram na manhã desta segunda-feira de um Hyundai HB20, branco e com giroflex, em frente ao prédio residencial Elysium, na rua João Balbi, 249, bairro de Nazaré. O que pareceu estranho para os poucos moradores do prédio e pessoas que presenciaram a cena ficaria bem pior no interior do prédio.
Munidos de um mandado de busca e apreensão aparentemente falsificado, e assinado pelo juiz Sérgio Moro, dois dos quatro homens bateram à porta da residência da Sra. Claudia Dantas, enquanto dois outros ficaram na portaria do prédio atentos ao movimento em volta.
Estranha operação
Antes de os dois falsos policiais subirem ao apartamento, o grupo cuidou de retirar o DVR da portaria que controla as câmeras de segurança, mas, ao saírem do prédio, aparentemente não levaram nada. A partir deste momento, as informações são incompletas, embora dois moradores ouvidos pela coluna tenham confirmado a estranha operação. Segundo informações de um desses moradores, a sra. Claudia Dantas vem a ser cunhada do deputado federal Antônio Doido, do MDB. Logo depois que os falsos agentes federais desapareceram, a Polícia Civil do Pará foi acionada para fazer os levantamentos pertinentes. O delegado Potiguar estaria conduzindo as investigações. A coluna não conseguiu contato com as pessoas supostamente envolvidas.
Em tempo: informações de última hora dão conta de que o veículo de propriedade da cunhada do deputado Antônio Doido foi arrombado na garagem, mas não se tem informações sobre o que teriam levado. A vítima não resgistrou boletim de ocorrência até ao momento.
Uma figura polêmica
A eleição de um deputado federal que, após perder a reeleição como prefeito em uma pequena cidade no interior do Pará, retornou à política com uma vitória carreada por supostas dezenas de milhares de votos, é um fenômeno que mereceria, de pronto, ser analisado em profundidade.
Tal e qual Fênix
Antônio começou sua carreira política se candidatando à Prefeitura de São Miguel do Guamá, para a qual foi eleito com pouco mais de 9,5 mil votos, ou 32.13%. Em 2020, perdeu a reeleição. Antônio Doido sempre foi uma figura polêmica no cenário político paraense. Sua campanha para reeleição à prefeitura em São Miguel enfrentou dificuldades, culminando em uma derrota que deixou muitos questionando o futuro de sua carreira. No entanto, em 2024, contrariando as expectativas, conseguiu uma vitória avassaladora - mais de 126 mil votos - para uma das vagas de deputado federal na chapa do MDB, o que fez muitos se perguntarem como ele conseguiu reverter sua sorte política em tão pouco tempo.
Entretanto, seu percurso recente não é apenas marcado por reviravoltas eleitorais, mas também por estripulias milionárias. A Procuradoria-Geral da República descobriu evidências que indicam a existência de uma trama complexa envolvendo o deputado, a qual inclui investigações sobre sua conexão com operações que resultaram em saques de valores milionários em agências bancárias no Pará. A PGR iniciou a investigação para apurar a suposta relação de Antônio Doido com um grupo que, segundo as investigações, esteve envolvido em desvios de verbas públicas.
Suspeitas se agigantam
As suspeitas em torno da origem dos recursos financeiros passaram a ganhar corpo após duas apreensões significativas vinculadas à figura de Antônio Doido. A primeira ocorreu em 4 de outubro de 2024, quando o policial militar Francisco de Assis Galhardo do Vale foi preso após tentar sacar R$ 5 milhões na cidade de Castanhal, no Pará.
A quantia impressionante levantou um turbilhão de especulações acerca de suas origens e o possível envolvimento do deputado, especialmente considerando que a prisão do PM aconteceu a poucos dias do primeiro turno das eleições. Meses depois, em 17 de janeiro deste ano, uma nova apreensão chamou a atenção da mídia e das autoridades.
A investigação solicitada pela PGR no Supremo Tribunal Federal não se limitou apenas aos crimes eleitorais, mas também abrangeu o uso de verbas públicas desviadas. Os indícios levantados até o momento apontam para um cenário alarmante, que inclui "crimes potencialmente associados ao exercício do mandato de deputado federal", além de delitos que envolvem lavagem de dinheiro. A PGR, na solicitação ao STF, buscou unir as apurações relacionadas às duas apreensões, reconhecendo a complexidade e a interconexão entre os eventos.
Narrativa prejudicial
A defesa de Antônio Doido, por sua vez, emitiu uma nota em resposta à acusação, rechaçando o vazamento de informações sigilosas. Em sua declaração, afirmaram que as situações expostas nos noticiários são parte de um esforço maligno para desestabilizar sua imagem e a de sua equipe. Advertiram que tomariam medidas para responsabilizar aqueles que estivessem por trás desses vazamentos que, segundo eles, apenas desinformam a população e determinam uma narrativa prejudicial ao político.
A cidade onde Antônio Doido disputou e perdeu a reeleição como prefeito apresenta características únicas que estão intimamente ligadas à sua trajetória. O fato de Doido ter perdido a reeleição pode ser explicado em parte por descontentamentos locais com sua gestão, mas sua surpreendente vitória como deputado sugere uma estratégia de campanha que envolveu novas alianças, compra de votos em escala industrial e, potencialmente, o uso de recursos públicos.
Observadores da cena
Observadores da cena política paraense avaliam que Antônio Doido dificilmente termina o mandato de deputado federal, mas, uma operação não autorizada à residência de uma pessoa ligada à família do parlamentar não deixa de ser preocupante, principalmente em relação à sua segurança pessoal.
Papo Reto
•O Conselho Regional de Administração tirou o sono de muitos associados no feriadão de Corpus Christi. É quem conta da conjuntura nacional - onde é difícil até comer, imagine pagar anuidades -, a inadimplência é alta.
•Ao invés de proporcionar condições de quitação diferenciadas, porém, o Conselho recorre a bloqueios judiciais das contas dos devedores, ainda que em pleno feriadão. Com a palavra, Fábio Lúcio Costa (foto).
•O Sindifisco, poderoso sindicato dos Auditores-Fiscais e Fiscais de Receitas do Estado do Estado, acaba de adquirir por alguns milhões o prédio do Colégio Cearense, na Governador José Malcher.
•O prédio entrará em obras para receber a nova sede do sindicato e um hotel de trânsito, para receber auditores e fiscais que residem fora da Região Metropolitana e do Estado.
•Fim de semana de festas "juninas" que de coisas típicas e de São João pouco apresentaram, mas infernizaram os ouvidos das pessoas até o sol raiar com seus altos decibéis na terra de ninguém chamada Belém.
•Quem diria, hein? O Remo, que dominou 65% das ações do Re x Pa, acabou derrotado pelo maior rival que, com o resultado, viu a "curica empinar" na segunda vitória consecutiva no Brasileirão Série B, diante de quase 46 mil torcedores.
•Os terminais de autoatendimento do banco do Brasil passaram a fornecer o comprovante de depósito em dinheiro pelo WhatsApp.