Revolução financeira

Inclusão financeira promovida pelo PIX muda realidade de comunidades em todo o Pará

Distritos e vilas do interior sem agências ou correspondentes bancários agora vendem e compram mais por não dependerem somente do dinheiro físico, realidade que se repete para mais de 71 milhões de brasileiros.

18/09/2023 18:42
Inclusão financeira promovida pelo PIX muda realidade de comunidades em todo o Pará

Belém (PA) e Brasília (DF) - Badalado destino paraense no mês de julho e em feriados prolongados durante todo o ano, a Ilha de Algodoal, distrito de Maracanã, no nordeste do Estado, teve as relações comerciais entre comerciantes e visitantes transformadas com a chegada do PIX, a ferramenta criada pelo Banco Central do Brasil (BC) responsável pela inclusão financeira de mais de 71 milhões de brasileiros. Tudo porque comprar ou vender em lugares como Algodoal - que não possui agências ou correspondentes bancários - deixou de ser privilégio de quem tinha consigo somente dinheiro em espécie.


“O Pix revolucionou o sistema de compra e venda na ilha para todo mundo, desde o empresário até o pequeno comerciante que vende peixe ou qualquer outro artigo pelas ruas e praias de Algodoal. Antes, principalmente no mês de julho, você vendia até onde o dinheiro permitia, porque receber de outra forma, principalmente cartão de crédito ou débito, era realmente muito complicado. Então foi, verdadeiramente, uma revolução pra todo mundo aqui”, explica a empresária Paula Ibiraci Ferreira.


Paula, que é dona da pousada Marhesias, conta, ainda, que os bancos digitais também ajudam bastante no processo de inclusão financeira, já que trata-se de uma ferramenta que viabiliza as transações por PIX por uma quantidade muito maior de pessoas. “Para usar o PIX é preciso ter uma conta bancária e, sem dúvida, os bancos digitais são uma opção viável para pessoas de qualquer renda”, comenta Paula.


Comerciantes da Ilha de Algodoal vivem nova realidade com o PIX (Foto: reprodução redes sociais)

Na análise do técnico de pesquisas do Dieese Pará, Éverson Costa, os bancos digitais foram o ‘ponta-pé’ inicial de todo esse processo que, por sua vez, foi gerado pelas peculiaridades da pandemia da Covid-19. “Antes disso, milhares de brasileiros sequer tinham noção do que era ter uma conta bancária, ainda que para receber benefícios. Mas a pandemia chegou e tudo precisou ser movimentado sem que as pessoas saíssem de casa. É quando a mentalidade das pessoas começa a mudar sobre o assunto”.


Éverson explica ainda que, no caso do Pará, particularmente, a ferramenta transforma realidades em maior escala dada a quantidade de vilas, comunidades e distritos antes dependentes, necessariamente, do dinheiro físico. “Essa ferramenta diminuiu a precariedade que antes era acessar os serviços bancários por quem mora em regiões mais distantes dos centros urbanos. Ainda temos dificuldades, claro. Mas a realidade, com certeza, agora é outra”, analisa Costa.


Números expressivos


Estudo recente realizado pelo BC mostra que estados com menos agências bancárias são os que mais têm transações pelo método de pagamento instantâneo, como é o caso do Pará. O sistema de transferência eletrônica criado em 2020 já conta com 133 milhões de usuários e um total de 551 milhões de chaves cadastradas, em todo o país. Na região Norte, a média é de 21 transações por pessoa.


Também dona de uma pousada em Algodoal, a empresária Maria de Jesus Brito chama a atenção para um dos poucos embaraços ainda vividos pelo PIX na ilha: a instabilidade do sinal de internet. “De fato, a gente vive um novo momento com a chegada do PIX e as dificuldades vividas antes para pagar ou comprar já quase não existem. Digo quase porque nem sempre nosso sinal de internet funciona como a gente gostaria. Principalmente quando o número de visitantes é muito grande em Algodoal. E isso dificulta um pouco o uso do PIX. Mesmo assim (o PIX) foi uma inovação maravilhosa e que hoje torna muito mais fácil vender e comprar aqui em Algodoal”.


Pix torna o dinheiro físico cada vez menos usado por turistas. (Foto: reprodução redes sociais)

Ainda de acordo com o BC, o número de transações mostra a força do Pix. Foram 2,9 bilhões de operações em dezembro de 2022 contra 1,4 bilhão um ano antes. Já o valor transacionado foi de R$ 1,2 trilhão frente a R$ 718 bilhões em dezembro de 2021, um aumento de 67%. Em todo o Brasil, mais de 700 instituições financeiras fazem uso do sistema, que também é utilizado por mais de 80% dos brasileiros adultos.


Reconhecimento internacional


Por toda a inclusão financeira e viabilidade nas transações promovidas até agora é que o Pix será um dos quatro homenageados da premiação anual do Conselho das Américas (COA), com o Prêmio Bravo de Negócios, que reconhece a excelência e a liderança nos negócios e em políticas no Ocidente. A entrega da homenagem ocorre no dia 20 de outubro em Miami, nos Estados Unidos.


No comunicado oficial, a COA afirma que "o Pix vai ganhar o Prêmio Bravo Beacon of Innovation pelo 'profundo' impacto da iniciativa do Banco Central brasileiro na promoção de inclusão financeira”. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, vai receber a premiação em nome da autarquia.


A organização ainda destacou que o Pix transformou o ecossistema de serviços financeiros no País, reduzindo desafios associados a pagamentos e transferência de recursos. "O Pix se tornou um modelo para a inclusão financeira no mundo, com outros bancos centrais da região e globalmente buscando criar iniciativas parecidas nos seus próprios mercados."

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