Belém (PA) e Brasília (DF) - Badalado destino paraense no mês de julho e em feriados prolongados durante todo o ano, a Ilha de Algodoal, distrito de Maracanã, no nordeste do Estado, teve as relações comerciais entre comerciantes e visitantes transformadas com a chegada do PIX, a ferramenta criada pelo Banco Central do Brasil (BC) responsável pela inclusão financeira de mais de 71 milhões de brasileiros. Tudo porque comprar ou vender em lugares como Algodoal - que não possui agências ou correspondentes bancários - deixou de ser privilégio de quem tinha consigo somente dinheiro em espécie.
“O Pix revolucionou o sistema de compra e venda na ilha para todo mundo, desde o empresário até o pequeno comerciante que vende peixe ou qualquer outro artigo pelas ruas e praias de Algodoal. Antes, principalmente no mês de julho, você vendia até onde o dinheiro permitia, porque receber de outra forma, principalmente cartão de crédito ou débito, era realmente muito complicado. Então foi, verdadeiramente, uma revolução pra todo mundo aqui”, explica a empresária Paula Ibiraci Ferreira.
Paula, que é dona da pousada Marhesias, conta, ainda, que os bancos digitais também ajudam bastante no processo de inclusão financeira, já que trata-se de uma ferramenta que viabiliza as transações por PIX por uma quantidade muito maior de pessoas. “Para usar o PIX é preciso ter uma conta bancária e, sem dúvida, os bancos digitais são uma opção viável para pessoas de qualquer renda”, comenta Paula.
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Na análise do técnico de pesquisas do Dieese Pará, Éverson Costa, os bancos digitais foram o ‘ponta-pé’ inicial de todo esse processo que, por sua vez, foi gerado pelas peculiaridades da pandemia da Covid-19. “Antes disso, milhares de brasileiros sequer tinham noção do que era ter uma conta bancária, ainda que para receber benefícios. Mas a pandemia chegou e tudo precisou ser movimentado sem que as pessoas saíssem de casa. É quando a mentalidade das pessoas começa a mudar sobre o assunto”.
Éverson explica ainda que, no caso do Pará, particularmente, a ferramenta transforma realidades em maior escala dada a quantidade de vilas, comunidades e distritos antes dependentes, necessariamente, do dinheiro físico. “Essa ferramenta diminuiu a precariedade que antes era acessar os serviços bancários por quem mora em regiões mais distantes dos centros urbanos. Ainda temos dificuldades, claro. Mas a realidade, com certeza, agora é outra”, analisa Costa.
Números expressivos
Estudo recente realizado pelo BC mostra que estados com menos agências bancárias são os que mais têm transações pelo método de pagamento instantâneo, como é o caso do Pará. O sistema de transferência eletrônica criado em 2020 já conta com 133 milhões de usuários e um total de 551 milhões de chaves cadastradas, em todo o país. Na região Norte, a média é de 21 transações por pessoa.
Também dona de uma pousada em Algodoal, a empresária Maria de Jesus Brito chama a atenção para um dos poucos embaraços ainda vividos pelo PIX na ilha: a instabilidade do sinal de internet. “De fato, a gente vive um novo momento com a chegada do PIX e as dificuldades vividas antes para pagar ou comprar já quase não existem. Digo quase porque nem sempre nosso sinal de internet funciona como a gente gostaria. Principalmente quando o número de visitantes é muito grande em Algodoal. E isso dificulta um pouco o uso do PIX. Mesmo assim (o PIX) foi uma inovação maravilhosa e que hoje torna muito mais fácil vender e comprar aqui em Algodoal”.
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Ainda de acordo com o BC, o número de transações mostra a força do Pix. Foram 2,9 bilhões de operações em dezembro de 2022 contra 1,4 bilhão um ano antes. Já o valor transacionado foi de R$ 1,2 trilhão frente a R$ 718 bilhões em dezembro de 2021, um aumento de 67%. Em todo o Brasil, mais de 700 instituições financeiras fazem uso do sistema, que também é utilizado por mais de 80% dos brasileiros adultos.
Reconhecimento internacional
Por toda a inclusão financeira e viabilidade nas transações promovidas até agora é que o Pix será um dos quatro homenageados da premiação anual do Conselho das Américas (COA), com o Prêmio Bravo de Negócios, que reconhece a excelência e a liderança nos negócios e em políticas no Ocidente. A entrega da homenagem ocorre no dia 20 de outubro em Miami, nos Estados Unidos.
No comunicado oficial, a COA afirma que "o Pix vai ganhar o Prêmio Bravo Beacon of Innovation pelo 'profundo' impacto da iniciativa do Banco Central brasileiro na promoção de inclusão financeira”. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, vai receber a premiação em nome da autarquia.
A organização ainda destacou que o Pix transformou o ecossistema de serviços financeiros no País, reduzindo desafios associados a pagamentos e transferência de recursos. "O Pix se tornou um modelo para a inclusão financeira no mundo, com outros bancos centrais da região e globalmente buscando criar iniciativas parecidas nos seus próprios mercados."