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Ocupação polêmica expõe contradições e erros da prefeitura na nova gestão do Mercado de São Brás

O que deveria ser vitrine turística e econômica para Belém em ano de COP30 vira símbolo de desorganização e desconfiança.

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  • 31/08/2025, 08:45
Ocupação polêmica expõe contradições e erros da prefeitura na nova gestão do Mercado de São Brás
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processo de ocupação do reformado Mercado de São Brás, inaugurado em dezembro do ano passado, mas nunca utilizado, ganhou contornos de polêmica e levanta suspeitas de favorecimento político e desorganização administrativa. A confusão começou após a divulgação do resultado preliminar da seleção de permissionários no Diário Oficial do Município, que foi retirado do ar e republicado horas depois com mudanças significativas.

 

“Se Beja”, bar que tem entre os sócios o vereador e irmão do prefeito de Belém, terá lugar em boxes do novo mercado/Fotos: Agência Belém.

De volta, com mudanças

Na quinta-feira, 28, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico publicou a Portaria nº 197/2025, listando os classificados para espaços e quiosques no Mercado de São Brás. No entanto, o documento desapareceu da internet no início da noite e só retornou por volta das 22h30, agora sob o número 198/2025.

Entre os contemplados aparece a empresa Seu Beja Distribuições, dos sócios Ana Aline Cruz da Mota e Renan Centeno Normando - vereador de Belém e irmão do prefeito Igor Normando, do MDB. O parentesco já havia sido divulgado em redes sociais e colunas políticas, acendendo o alerta para possível conflito de interesses.

Outra mudança polêmica: se antes a fase era passível de recursos, o novo texto deixa claro que o resultado tem “caráter definitivo, não estando sujeito à interposição de recursos”.

Sindicância arquivada

As polêmicas não param por aí. No Diário Oficial de quarta-feira, 27, a Codem arquivou o Processo de Sindicância 002/2025, que apurava irregularidades no contrato firmado com o Instituto Amazônia Azul (Iamazul), responsável originalmente pela gestão do complexo. O arquivamento se deu sob a alegação de que a comissão não tinha competência para apurar fatos ligados a licitações ou contratos de terceiros.

Ao mesmo tempo, a comissão recomendou nova apuração sobre a conduta de ex-dirigentes da própria Codem. Para o presidente do Iamazul, Paulo Uchôa, a prefeitura promoveu uma “sucessão de erros” na condução do projeto desde a gestão anterior. “Tentaram implicar a OS em um processo administrativo aplicável apenas a servidores públicos. Foi uma verdadeira lambança”, afirma.

Críticas e fracasso

Segundo Uchôa, a ruptura unilateral do contrato levou a OS à Justiça, mas a entidade desistiu do processo para não atrasar ainda mais a abertura do mercado. Ele lembra que o Instituto chegou a contratar o chef Paulo Anijar como curador e estudou modelos de mercados em Portugal, Espanha, Brasília, São Paulo e na Estação das Docas, em Belém. Nada disso foi considerado pela atual gestão.

“O que vemos agora é um espaço rifado, sem curadoria e sem planejamento. O contrato é de apenas um ano, o que inviabiliza grandes investimentos. Os aluguéis foram majorados e a lista inicial aponta 80 permissionários, em vez dos 40 previstos. Isso é impraticável”, alertou.

A lista de atividades previstas também surpreende: além de bares e restaurantes, há até quiosque para confecção de chaves, destoando do conceito original de um polo gastronômico e cultural.

Precariedade e dúvidas

Inaugurado em 18 de dezembro de 2024, o novo Mercado de São Brás custou R$ 150,5 milhões, dos quais R$ 85 milhões vieram da Itaipu Binacional. Mesmo com o investimento robusto, o prédio apresenta falhas estruturais.

De acordo com Uchôa, há problemas no sistema de gás, no mobiliário inacabado, em vidros fora do padrão e no estacionamento, que pode sofrer com alagamentos. “O que vai ser entregue é um espaço meia-boca, feito só para enganar quem chegar por lá”, criticou.

Símbolo de descaso

O imbróglio do Mercado de São Brás, que deveria ser vitrine turística e econômica para Belém, especialmente em ano de preparativos para a COP30, virou símbolo de desorganização e desconfiança sobre a gestão municipal.

Enquanto permissionários aguardam definição para iniciar atividades e recuperar perdas acumuladas, o mercado permanece fechado, cercado por denúncias, suspeitas de favorecimento e um futuro incerto.

Papo Reto

O desabamento do teto de uma unidade de saúde no bairro São João, em Marituba, mereceu pronta intervenção da prefeita Patrícia Alencar (foto), que visitou o imóvel no dia seguinte, mas foi infeliz nas explicações.

•A prefeita atribuiu o incidente às fortes chuvas e aos construtores da obra, apontando detalhes técnicos, como o uso inadequado de tijolos e não de concreto na viga de sustentação do telhado.

Pelo sim pelo não, Patrícia entrou e saiu do bairro pela mesma rua pavimentada por gestões anteriores, e não pelas que foram asfaltadas por ela há menos de um ano - para evitar os buracos, sabe?

• A Ufra não está emitindo diplomas, não tem contrato para manutenção das centrais de ar condicionado e predial e muito menos para a manutenção da rede elétrica.

O Instituto Federal de Educação apresentou dia desses a criação do professor Jean Rodrigues: uma câmara de abastecimento de bateria para carro elétrico. Funciona à base de óleo de mamona e fibra de juta.

•Até agora, a Secretaria de Educação do Estado não decidiu o destino da delegação paraense que se classificou para os Jogos Estudantis Brasileiros, o Jebs 2025, previsto para outubro, em Uberlândia MG.

A única informação disponível é a de que o governo do Estado não tem verba para garantir deslocamento e alimentação dos atletas.

• Cinquenta pescadores foram a Brasília, levados pelo presidente da Federação José Fernandes, para uma audiência pública com a comissão mista da Casa.

Levam na bagagem documentos sobre impactos causados pela Medida Provisória 1303/2025 e demandas sobre o setor no Pará, com foco especial na homologação do Registro Geral da Pesca como garantia para a concessão do seguro defeso.

Mais matérias OLAVO DUTRA

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.