A Polícia Civil do RJ descobriu que um homem procurado
pelo FBI e
apontado como operador do grupo terrorista Al-Qaeda lavou dinheiro
para o Comando Vermelho.
Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim é um dos
investigados no inquérito que levou à operação desta terça-feira (3), em que
mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Rio de
Janeiro e em São Paulo. Um dos alvos foi Vivi Noronha, mulher
do MC Poze do Rodo. Mohamed não é alvo desta operação.
Segundo as investigações, Mohamed é um indivíduo “com
relevante histórico no sistema financeiro informal vinculado ao Comando
Vermelho” e “procurado pelo FBI por suspeita de atuar como agente facilitador
de operações financeiras em nome da Al-Qaeda”.
O FBI (Federal Bureau of Investigation) é a principal
agência federal de investigação dos Estados Unidos. Fundado em 1908, o órgão
atua como polícia federal e serviço de inteligência interna, com foco no
combate a crimes como terrorismo, espionagem, cibercrime, corrupção, tráfico de
drogas e crime organizado.
A Al-Qaeda é uma organização terrorista islamista fundada
por Osama bin Laden no fim dos anos 1980, responsável pelos atentados de 11 de
setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Após a morte de Bin Laden em 2011, o grupo perdeu força, mas
continua ativo por meio de afiliados em regiões como o Iêmen, o Sahel africano
e o sul da Ásia. Atualmente, a Al-Qaeda atua de forma descentralizada, com
células que exploram conflitos locais e disputam influência com rivais como o
Estado Islâmico, mantendo-se uma ameaça à segurança internacional, ainda que
menos proeminente do que nas décadas anteriores.
Esta reportagem está em atualização.
A operação
A influenciadora Vivi Noronha, mulher do MC Poze
do Rodo, é alvo nesta terça-feira (3) de uma operação da Polícia Civil do
RJ contra a lavagem de dinheiro da cúpula do Comando Vermelho
(CV). O esquema investigado era operado pelo traficante Fhillip da Silva
Gregório, o Professor, morto no
domingo (1º) — entenda como Professor lavava dinheiro e
por que Vivi é alvo mais abaixo.
A polícia afirma que essa engrenagem movimentou R$ 250
milhões. Policiais civis das delegacias de Roubos e Furtos (DRF) e de Repressão
a Entorpecentes (DRE), além do Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao
Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD), foram cumprir mandados de
busca em endereços no Rio de Janeiro e em São Paulo.
A Justiça também expediu ordens de bloqueio e
indisponibilidade de bens e valores de 35 contas bancárias.
1 de 3 Vivi Noronha, mulher de Poze do Rodo, é alvo de
operação contra lavagem de dinheiro da cúpula do Comando Vermelho — Foto:
Reprodução/ TV Globo
Vivi Noronha, mulher de Poze do Rodo, é alvo de operação
contra lavagem de dinheiro da cúpula do Comando Vermelho — Foto: Reprodução/ TV
Globo
Contexto
Esta investigação não tem relação direta com o inquérito que
levou Poze à cadeia. O MC foi preso na
quinta-feira passada (29) por apologia ao
crime e por envolvimento com o tráfico de drogas. Nesta
segunda-feira (2), a Justiça
mandou soltá-lo — mas, até a última atualização desta
reportagem, o cantor ainda estava encarcerado.
E a morte de
Professor inicialmente não tem a ver com a lavagem de dinheiro
do CV. A principal hipótese é que o traficante
tirou a própria vida após uma briga com a amante.
Por que Vivi é alvo?
Agentes da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) e da Delegacia
de Repressão a Entorpecentes (DRE) foram ao condomínio onde o cantor mora com
Vivi, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, a fim de
cumprir um mandado de busca
O Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf)
identificou depósitos nas contas pessoal e empresarial de Vivi oriundos
de supostos laranjas de Professor.
De acordo com o Coaf, Vivi recebeu quase R$ 1 milhão de
pessoas investigadas como laranjas do Professor. Foram 2 transferências:
R$ 858 mil para a conta da empresa de Vivi;
R$ 40 mil para a conta pessoal.
“Ela [Vivi] e sua empresa figuram como beneficiárias diretas
de recursos oriundos da facção Comando Vermelho, recebidos por meio de pessoas
interpostas (“laranjas”) com o objetivo de ocultar a origem ilícita do
dinheiro”, afirmou a polícia.
“As análises financeiras apontam que valores provenientes do
tráfico de drogas e de operadores da lavagem de capitais da facção foram
canalizados para contas bancárias ligadas à mulher, que passou a ser um
dos focos centrais do inquérito”, prosseguiu.
“A posição dela na estrutura criminosa é simbólica, pois
representa o elo entre o tráfico e o universo do consumo digital, conferindo
aparente legitimidade a valores oriundos do crime organizado e ampliando o
alcance da narcocultura nas redes sociais.”
Como era o esquema do Professor?
Segundo as investigações, Fhillip da Silva Gregório, o
Professor, montou uma extensa rede de laranjas e de empresas de fachada e depositava
nessas contas o dinheiro obtido com o tráfico.
Em uma série de transferências, as quantias chegavam a
intermediários em Ponta Porã (MS) para a compra de armas e drogas para
o Comando Vermelho.
A polícia diz que a morte de
Professor não compromete o andamento do inquérito nem
interfere nas medidas judiciais em curso. “Mesmo com sua morte, permanece clara
sua importância dentro do esquema, sobretudo na consolidação da cultura do
tráfico e na estruturação de empresas de fachada para dar aparência de
legalidade ao dinheiro sujo”, afirmou a polícia.
Fonte: G1
Foto: Reprodução/ TV Globo