Presidente da Igreja Quadrangular ataca pastor do Pará e abre "guerra santa" na congregação

Uma batalha visceral se instalou entre os pastores Mário de Oliveira e Lourival Pereira, causando grande racha, desmaios e renúncias na igreja.

15/10/2024, 13:00

Crise abre abismo entre a direção nacional, onde presidente planeja emplacar mulher como sucessora, e autoridades locais/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


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m vídeo de quase dez minutos que circulou em Belém sacudiu o alto escalão da Igreja do Evangelho Quadrangular no Pará e no Brasil. Dá conta de que está em Belém uma equipe do “Observacional”, espécie de auditoria interna da igreja, motivada por uma tentativa do presidente nacional, pastor Mário de Oliveira, de tirar do cargo o pastor Lourival Pereira, titular da igreja no bairro do Guamá, na capital paraense.

 

O motivo, segunda a liderança que faz a denúncia no vídeo, seria unicamente “inveja” por parte de Mário de Oliveira, que apesar de já ter exercido nada menos que sete mandatos de deputado federal por Minas Gerais com apoio da igreja, “anda incomodado” com o trabalho do pastor Lourival Pereira (foto).

 

Cresceu e incomodou

 

É que Lourival Pereira, em 25 anos de trabalho, transformou uma pequena igreja de 200 membros em uma catedral de 8 mil lugares, além de criar 25 congregações, que somam um total de 12 mil membros.

 

Esse crescimento do pastor do Guamá fez com que ele ficasse conhecido em todo o Brasil através do treinamento de pastores na chamada missão celular, ou seja, na expansão da igreja em novas células, o que não teria agradado ao pastor Mário de Oliveira que, ainda de acordo com o denunciante, tem a intenção de perpetuar-se no poder. 

 

De olho no poder

 

Para essa manutenção de poder, Mário de Oliveira chegou ao ponto de mudar o próprio estatuto da igreja, para tentar emplacar como sua sucessora na presidência a pastora Bianca de Oliveira, que mesmo sem ser membro do Conselho Nacional de Diretores da Quadrangular, participa de todas as decisões referentes à igreja do Brasil, como é possível ver em reuniões online que ficaram gravadas nas páginas de vídeos da igreja.

 

Perseguição e demissões

 

A gota d'água para Mário de Oliveira, e que o levou a uma caçada implacável em relação a Lourival Pereira, foi a ausência deste na realização do evento masterclass de Mário, no qual cobra R$ 1 mil para que as pessoas o escutem pregar. Irritado com a ausência de Lourival, Mário abriu internamente uma perseguição implacável ao pastor, incluindo demissões de outros pastores auxiliares que postaram fotos em apoio a Lourival Pereira.

 

Reação e vaias dos fiéis 

 

Os fiéis de Belém também souberam do comportamento de Mário, e a reação veio no último dia 7, durante uma live na igreja-sede em Belém, no bairro da Pedreira, onde o pastor Josué Bengtson é titular há 51 anos. Lá, Mário de Oliveira foi recebido com vaias e gritos de palavra de ordem. “Ou seja, ele foi considerado uma pessoa não grata em Belém do Pará, na igreja sede”, diz a fonte no vídeo, alegando que tal situação teria deixado Mário muito aborrecido.

 

Uso de intimidação 

 

Pelo ocorrido, Mário de Oliveira deixou o local de imediato e, no dia seguinte, terça-feira, 8, convocou uma reunião no mesmo local, reunindo todos os superintendentes da igreja no Pará, onde chegou com uma comitiva de 40 pessoas. “A intenção dessa reunião era mostrar força e intimidar a todos os superintendentes”, avalia a fonte, lembrando que Mário chegou ao local com 15 seguranças armados para impedir qualquer manifestação contrária.

 

Tirania e ameaças

 

A “reunião” foi na verdade um pronunciamento de ameaças, já que Mário de Oliveira não permitiu que ninguém mais usasse a palavra, vedada ao pastor Valdemir Gomes, da cidade de Castanhal, igreja com mais de 3 mil membros; e até mesmo ao conhecido pastor e político Martinho Carmona, superintendente da região de Benevides e vice-presidente do Conselho Estadual.

 

De forma geral, a fonte - que gravou o vídeo - diz que todos que tentaram fazer o uso da palavra foram retirados da sala pelos seguranças de Mário de Oliveira.

 

Cargos à disposição

 

Diante da postura, o pastor Nerivan, superintendente da cidade de Cametá, entregou em público seu cargo na superintendência, dizendo que não poderia concordar com tantas arbitrariedades.

 

Mário de Oliveira aceitou a demissão, usando inclusive palavras de baixo calão, ao dizer que “quem é amigo do pastor Lourival é seu inimigo”, chamado também o pastor por uma palavra de baixo nível. Nesse momento, a pastora Marilene Bengtson, mulher do pastor Josué Bengtson, presidente da Quadrangular, tentou argumentar, e Mário de Oliveira ordenou aos gritos que “calasse a boca”.

 

Desmaios e polícia

 

Ordenar um “cala a boca” à pastora Marilene foi a gota d'água na briga. Enquanto diante da cena e do “clima de terror” alguns pastores que trabalham no templo acionaram a Polícia Militar, temendo pela segurança do local, outros passaram mal, desmaiaram e foram levados para atendimento médico de emergência.

 

A reunião tensa terminou com gritos da metade dos presentes declarando que a Igreja Quadrangular não é propriedade de Mário de Oliveira, e que ninguém pode calar uma pastora, como ele acabara de fazer com Marilene Bengtson, que nos dias seguintes foi homenageada pelos fiéis na igreja.

 

Providências e silêncio

 

Agora, segundo a denúncia contida no vídeo, está ocorrendo uma auditoria que deverá apurar e tomar medidas contra o comportamento de Mário de Oliveira. “É preciso mostrar que a grandeza da maior Igreja do Evangelho Quadrangular no Brasil é que ela não pertence a uma pessoa, mas a todos que a fazem”, afirma uma fonte ligada ao pastor Josué que, tudo indica, não ficou nada satisfeito com a forma de tratamento dada por Mário de Oliveira à pastora Marilene. A mesma fonte disse à coluna que Bengtson só se manifestará ao final da auditoria interna na igreja.

 

Papo Reto

 

· Há mais de 15 dias a Coluna Olavo Dutra não consegue localizar o ex-secretário de Meio Ambiente do Estado Mauro Ó de Almeida (foto). Também é complicado fazer contato com os atuais dirigentes da Semas.

 

· Ao contrário do que informou um jornalão da cidade, a Baía do Guajará “esverdeada” não representa nada de incomum ou anormal para esta época do ano.

 

· Na verdade, todo ano, com a estiagem do período e o volume menor de água doce originária dos rios Pará, Guamá e Maguari, a água do mar avança sobre a costa belenense, inclusive trazendo peixes e crustáceos do salgado.

 

· Um dos pilares do agro nacional, a pecuária brasileira teve este ano um aumento de 2% no abate de animais, alcançando 46,4 milhões de cabeças.

 

· Indo além da produção de carne e leite, o setor pecuário segue dando show de eficiência produtiva, inovação tecnológica, sustentabilidade e geração de empregos.

 

· Revista Veja sobre os Correios: "O prejuízo líquido cresceu este ano 36% e saltou para R$ 553,2 milhões”.

 

· Para quem não sabe, o Brasil é o segundo País com mais casos de hanseníase no mundo, ficando atrás apenas da Índia.

 

·Contudo, esse panorama pode ser alterado com a chegada da LepVax, primeira vacina para a doença testada no País.

 

· A vacina obteve autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para testes clínicos, que serão operacionalizados pelo Instituto-Fiocruz. 


·A coluna lamenta o falecimento do advogado Jaci Colares, ocorrido ontem.  Dono de um vasto currículo profissional, Jaci era pai do conselheiro do TCM, Cezar Colares, e do prefeito de Santa Bárbara, Marcos (Marcão) Colares.

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