Ação militar ocorreu após presidente americano anunciar o envio de "mais armas" para Kiev
São Paulo, 09 - A Rússia lançou na madrugada de
quarta-feira, 9, o maior ataque com drones e mísseis contra a Ucrânia desde o
início da guerra em 2022. O ataque ocorreu depois de o presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, anunciar o envio de "mais armas" para Kiev
"se defender dos bombardeios russos", e criticar o líder russo,
Vladimir Putin.
No total, o Exército russo disparou 728 drones e 13 mísseis, segundo a Força
Aérea ucraniana, que afirmou ter interceptado 711 drones e destruído sete
mísseis, sem especificar os danos provocados pelos ataques. Os bombardeios
fazem parte da tão propalada "ofensiva de verão" no leste da Ucrânia.
O ataque é um indicativo claro das intenções do presidente russo, Vladimir
Putin, de ampliar sua ofensiva contra a Ucrânia a despeito da decepção e
descontentamento manifestados por Trump esta semana. Putin avança na Ucrânia
com intensidade renovada, já tendo considerado a possibilidade de novas
pressões dos EUA, disseram ao New York Times analistas e pessoas próximas ao
Kremlin.
O líder russo está convencido de que a superioridade da Rússia no campo de
batalha cresceu e que as defesas da Ucrânia podem entrar em colapso nos
próximos meses, segundo com duas pessoas próximas ao Kremlin ouvidas pelo
Times. Dada a ofensiva em curso da Rússia, dizem eles, Putin considera fora de
questão interromper os combates agora sem concessões extensas por parte da
Ucrânia.
"Ele não sacrificará seus objetivos na Ucrânia para melhorar as relações
com Trump", disse Tatiana Stanovaia, pesquisadora sênior do Carnegie
Russia Eurasia Center.
A inistência de Putin é um revés às expectativas no início deste ano, quando
Trump assumiu o cargo e buscou uma reaproximação com Moscou, tendo prometido
durante a campanha eleitoral acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas. A
abordagem amigável de Trump ao Kremlin e uma discussão acalorada no Salão Oval
com o presidente Volodmir Zelenski, da Ucrânia, ofereceram uma rara
oportunidade para Putin.
A simpatia de Trump por Putin, esperavam muitos russos, poderia resultar no
alívio das sanções, investimentos ocidentais, acordos de controle de armas e um
realinhamento geopolítico favorável na Europa. Putin precisava apenas aceitar
um cessar-fogo na Ucrânia que permitiria à Rússia manter o território já
conquistado.
Mas Putin queria mais. À medida que a Rússia ganhava terreno no campo de
batalha e a Ucrânia lutava com a escassez de homens e armas para defender suas
linhas de frente, as ambições militares de Putin aumentaram.
À medida que Trump deixa clara sua frustração com Putin, fica mais evidente que
o líder russo está disposto a arriscar seu relacionamento com o presidente dos
EUA em favor prol do seu objetivo principal após 40 meses de guerra em grande
escala: fazer a Ucrânia capitular às suas exigências.
A determinação de Putin em manter o ataque da Rússia, e aumento dos
bombardeios, levou à mais recente explosão de frustração de Trump com Putin, na
terça-feira. Apesar de seis telefonemas entre os dois líderes desde fevereiro e
duas rodadas de negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia em Istambul, a
Rússia intensificou seus ataques.
"Putin nos enche de besteiras, se você quer saber a verdade", disse
Trump aos repórteres. "Ele é muito gentil conosco o tempo todo, mas isso
acaba sendo sem sentido".
Putin se esforçou para ser "gentil". Ele propôs à Casa Branca
negócios como a mineração de terras raras ou a participação no fornecimento de
gás russo para a Europa. Ele ofereceu a Rússia como mediadora neutra no Oriente
Médio, mesmo quando Trump se preparava para bombardear o Irã, o aliado mais
próximo da Rússia na região. E continuou a elogiar Trump publicamente.
"Ele é um homem corajoso, isso é claro", disse Putin sobre Trump em
uma coletiva de imprensa em Belarus, no final do mês passado
Mas a única coisa que Putin não fez, como Trump reconheceu na terça-feira, foi
oferecer concessões significativas sobre a Ucrânia. Na coletiva de imprensa em
Belarus, em 27 de junho, Putin disse entender a frustração de Trump,
referindo-se ao recente reconhecimento do presidente americano de que seria
mais difícil terminar a guerra na Ucrânia do que ele pensava.
"É assim que as coisas são", continuou Putin. "A vida real é
sempre mais complicada do que a ideia que temos dela."
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reiterou esse sentimento em comentários
na quarta-feira e minimizou as duras observações de Trump sobre Putin.
"Estamos levando isso com calma", disse Peskov. "Esperamos
continuar nosso diálogo com Washington e nossos esforços para reparar nossas
relações bilaterais seriamente abaladas."
Trump, acrescentou o porta-voz do Kremlin, tem um "estilo bastante duro
nas frases que usa".
Putin está preparado para caso a paciência de Trump se esgote, de acordo com
duas pessoas próximas ao Kremlin. Ele acredita que Trump possam implementar
novas sanções, após seis meses sem governo americano emitir novas medidas
contra a Rússia relacionadas à invasão da Ucrânia.
"Putin realmente valoriza e investe em um relacionamento pessoal com
Trump", disse Stanovaia. "Mas, ao mesmo tempo, ele nunca teve ilusões
sobre como a política americana em relação à Rússia poderia se desenvolver. E a
liderança russa sempre se preparou para o pior".
Até agora, as ameaças de sanções do presidente dos EUA contra a Rússia se
mostraram vazias. Ele também não sinalizou disposição para aumentar o apoio
militar de forma a alterar o equilíbrio no campo de batalha, e os países
europeus não parecem ter capacidade para fazer isso sozinhos. Uma das pessoas
próximas ao Kremlin disse que Putin espera ainda poder chegar a um acordo sobre
o alívio das sanções com Trump quando, em algum momento no futuro, o líder
russo finalmente estiver pronto para encerrar a guerra.
"Putin é muito racional até certo ponto", disse Stefan Meister, especialista
em Rússia do Conselho Alemão de Relações Exteriores, em Berlim. "Se não há
aumento dos custos do outro lado, por que ele deveria mudar seu
comportamento?"
Os objetivos de Putin na Ucrânia vão muito além de manter o controle sobre a
faixa do país que suas tropas capturaram.
Ele quer um compromisso da Otan de não se expandir mais para o leste e reduzir
sua infraestrutura. Também quer que a Ucrânia adote um status de
"neutralidade" e limite o tamanho de suas forças armadas, além de
proteger o uso da língua russa sob a lei ucraniana.
Putin também insiste na retirada das forças da Ucrânia do território que ele
afirma ser parte da Rússia. Esse pedido frustra o governo Trump, que esperava
que Putin aceitasse um cessar-fogo nas atuais linhas de batalha.
Putin está satisfeito com suas interações com Trump até agora este ano,
disseram duas pessoas próximas ao Kremlin. As conversas entre os líderes
representaram um avanço para a Rússia, encerrando três anos de isolamento
diplomático pelo governo Biden.
Mas Trump se recusou a cooperar com os esforços do Kremlin para colocar a
melhoria das relações entre os EUA e a Rússia em uma trilha separada do fim da
guerra na Ucrânia. O presidente americano também não ofereceu um caminho
diplomático para o tipo de vitória de longo alcance que Putin busca, o acordo
para dar à Rússia uma esfera de influência renovada na Europa Oriental em troca
da paz na Ucrânia.
"Se, é claro, acabássemos em uma situação em que Trump pudesse e quisesse
dar a Putin tudo sobre a Otan, instalações de armas na Europa, infraestrutura e
assim por diante, Putin seria muito mais flexível em relação à Ucrânia",
disse Stanovaia. "Mas isso não é uma opção hoje".
Fonte: Estadão conteúdo
Foto:
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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