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Saiba quem pode assumir o poder na Venezuela caso Nicolás Maduro caia

Nomes incluem María Corina Machado, líder da oposição, e Diosdado Cabello, responsável pela repressão do regime

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  • 08/12/2025, 18:00
Saiba quem pode assumir o poder na Venezuela caso Nicolás Maduro caia

New York, EUA - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem intensificado a pressão sobre o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, classificando-o como chefe de uma organização terrorista, acumulando navios de guerra no Caribe, ordenando o fechamento do espaço aéreo do país sul-americano e sugerindo ataques iminentes à nação.


O republicano afirma publicamente que sua campanha visa impedir que o regime da Venezuela envie drogas e criminosos para os EUA. No entanto, ex-funcionários e funcionários atuais dizem em privado que o objetivo final da Casa Branca é a saída de Maduro, que se mantém no poder apesar de ter perdido a eleição presidencial no ano passado.


"Não é uma campanha de pressão, é muito mais do que isso", disse Trump a jornalistas na quarta-feira (3), referindo-se à Venezuela. "Não se pode fraudar eleições como eles fizeram e ser estúpido.”


No mês passado, quando um repórter lhe perguntou se os dias de Maduro como líder da Venezuela estavam contados, Trump respondeu: "Eu diria que sim".


O The New York Times noticiou que o Pentágono elaborou planos para possíveis ações militares na Venezuela, incluindo o envio de forças de Operações Especiais para tentar matar ou capturar Maduro.


Pessoas próximas ao regime afirmaram que o desgaste de resistir à pressão de Trump debilitou o ditador física e emocionalmente, levando-o a reforçar sua segurança pessoal em resposta às ameaças de Washington. Seus assessores sugeriram aos EUA que ele poderia considerar deixar o cargo em 2027. O governo Trump, no entanto, pressionou por uma renúncia mais rápida.


Caso Maduro deixe o poder, seu sucessor deve ser determinado pela forma como isso ocorrer. Uma renúncia voluntária, um golpe interno ou uma ação militar externa resultariam em diferentes candidatos.


A moderada Delcy Rodríguez, numero dois do regime


Delcy Rodríguez seria a primeira na linha de sucessão caso ele renunciasse ou ficasse incapacitado, de acordo com a Constituição venezuelana. Como presidente interina, a ministra do Petróleo, que também ocupa o cargo de vice-presidente, seria obrigada a convocar novas eleições, mas o momento do pleito dependeria de quando Maduro renunciasse.


Relativamente moderada, Rodríguez é a arquiteta de uma reforma econômica favorável ao mercado que estabilizou a Venezuela após um longo período de colapso. A privatização de ativos estatais e a política fiscal conservadora deixaram Maduro mais bem preparado para resistir a esta rodada de pressão econômica de Trump.


Parcialmente educada na França, Rodríguez cultivou laços com as elites econômicas da Venezuela e com investidores e diplomatas estrangeiros, apresentando-se como uma tecnocrata cosmopolita em uma ditadura militarista e dominado por homens.


Sua reivindicação à Presidência, no entanto, seria enfraquecida pela fraude eleitoral de Maduro. A oposição argumenta que o ditador e todos os seus nomeados para o Executivo são usurpadores.


Diosdado Cabello, ministro do Interior


O principal rival interno de Maduro, Diosdado Cabello, é o rosto do aparato de repressão do país, segundo grupos de direitos humanos, bem como a voz de uma facção linha-dura focada em preservar o regime atual a qualquer custo.


Tenente aposentado próximo ao antecessor de Maduro, Hugo Chávez, Cabello tem sido, até agora, um dos maiores vencedores políticos venezuelanos da campanha de pressão de Trump.


A ameaça de invasão enfraqueceu os rivais internos mais moderados de Cabello, que apoiavam uma reaproximação econômica e diplomática com os EUA. A beligerância de Washington também serviu como um contraponto útil ao estilo político cáustico de Cabello. Ele tem usado suas frequentes aparições públicas e seu programa de televisão para atacar opositores e mobilizar os fiéis do partido governista contra a ameaça externa.


Como ministro do Interior, Cabello reforçou o controle sobre as forças de segurança venezuelanas ao longo do último ano, instalando aliados em cargos-chave e supervisionando prisões sistemáticas de simpatizantes da oposição.


Suas táticas duras, no entanto, também significam que Cabello é o funcionário de alto escalão com mais a perder com uma transição política. Assim como Maduro, ele enfrenta acusações de tráfico de drogas nos EUA, que oferecem uma recompensa de US$ 25 milhões (R$ 133,5 milhões) por sua captura.


A Nobel María Corina Machado, líder da oposição


Política conservadora de longa data, María Corina Machado liderou uma campanha eleitoral popular que conseguiu comprovar uma vitória esmagadora na eleição presidencial do ano passado, amplamente reconhecida como legítima em todo o mundo. O esforço lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz deste ano.


Após a votação, uma onda de repressão obrigou María Corina a se esconder dentro da Venezuela, mas ela continuou denunciando a tomada de poder de Maduro e as violações de direitos humanos em pronunciamentos em vídeo.


Há muito a política descarta qualquer acordo ou negociação com o regime e defende uma estratégia de pressão de Trump contra Maduro.


Sua coragem e agenda política inabalável a tornaram a política mais popular do país, segundo pesquisas. Essa mesma rejeição ao compromisso, no entanto, a tornou um anátema para as elites governantes da Venezuela, complicando seu caminho para uma transição negociada.


O eleito: Edmundo Gonzáles, diplomata aposentado 


Edmundo Gonzáles era um funcionário público aposentado pouco conhecido até o ano passado, quando se tornou o improvável candidato presidencial da oposição. Ele substituiu María Corina, que havia vencido as primárias com folga, mas foi impedida de participar da eleição pela ditadura.


Incapaz de assumir o cargo após a votação, ele fugiu da Venezuela para a Espanha, cedendo os holofotes da oposição a María Corina. Em declarações ocasionais do exílio, ele adotou um tom mais conciliatório do que seu mentor político.


"Seria contrário aos meus princípios e à minha trajetória de vida defender qualquer tipo de violência, muito menos um golpe de Estado", escreveu ele na revista The Economist no ano passado.


A vitória eleitoral de González lhe confere a legitimidade legal para a Presidência, dizem especialistas. Suas frágeis conexões políticas, no entanto, dificultariam sua permanência no poder durante o período instável que provavelmente se seguirá a qualquer transição, acrescentam.


Jorge Rodríguez, presidente do Congresso


Jorge Rodríguez é o irmão mais velho de Delcy Rodríguez e o principal estrategista político de Maduro. Ele representa Maduro nas negociações com os EUA há anos, inclusive nas negociações com o governo Trump neste ano.


Sua reivindicação pelo poder derivaria de seu cargo oficial como presidente do Congresso da Venezuela - o partido governista conquistou a maioria nas eleições parlamentares de maio, após concorrer praticamente sem oposição.


Como chefe de um órgão eleito, Jorge Rodríguez poderia ter legitimidade política em uma transição, segundo alguns especialistas em direito constitucional. Outros discordam, argumentando que ele não deveria ter nenhum papel, pois as eleições parlamentares não foram livres nem justas.


Habilidoso operador político, Rodríguez carece de apoio popular, mostram as pesquisas. Sua posição dentro do regime também foi enfraquecida por sua decisão de prosseguir com a eleição presidencial do ano passado mesmo quando as pesquisas indicavam uma derrota decisiva para Maduro.


General Vladimir López, ministro da Defesa


O general Vladimir Padrino López, o oficial de mais alta patente da Venezuela, foi incumbido por Maduro, durante anos, de preservar a lealdade das diversas facções das Forças Armadas do país.


Ele ocasionalmente fez referências pró-democracia nos últimos anos, e reportagens na imprensa o implicaram em uma tentativa fracassada de golpe contra Maduro em 2019. Isso levou comentaristas políticos e jornalistas a especularem, durante anos, sobre sua lealdade final.


Publicamente, no entanto, Padrino López defendeu Maduro com veemência, e unidades sob seu comando reprimiram protestos ao longo dos anos.


Padrino López não possui um caminho formal para o cargo mais alto do país. A posição vital dos militares na política venezuelana, porém, significa que ele poderia desempenhar um papel importante em qualquer transição, de acordo com analistas e pessoas próximas ao regime.


Foto: Divulgação

(Texto publicado originalmente no The New York Times)

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.