Belém, PA - A proteção de crianças e adolescentes em ambientes virtuais requer atenção. A criação de um canal único de denúncias e um sistema rígido para verificação de idade são ferramentas que garantem segurança de identidade e o combate ao cyberbullying.
As redes sociais permitem o acesso a múltiplos conteúdos e informações multimídias, que vão desde fotos compartilhadas com amigos até uma quantidade infinita de vídeos publicados para atingir diversos públicos, sejam crianças, adolescentes ou adultos. A participação de menores em websites vem se tornando cada vez mais frequente, mesmo eles não tendo a idade mínima para a criação de conta.
Segundo Diego Abreu, professor do curso de Ciência da Computação da Universidade da Amazônia, Unama, o crescimento do público infantil em determinados sites representa um risco para a segurança. "O fato de crianças, muitas vezes, mentirem a idade para acessar redes sociais escancara uma falha estrutural dos sistemas atuais que são responsáveis pela verificação de identidade", afirma.
Em relação à idade mínima de adolescentes em redes sociais, Abreu considera a implantação de uma análise mais rigorosa para o cadastro de usuários uma política eficiente para que esse público não tenha acesso a conteúdo inadequado para sua faixa etária. "O sistema de verificação de idade nas redes sociais é tecnicamente possível e pode funcionar se for levado a sério".
Atualmente, a autodeclaração é facilmente burlada, mas alternativas já existem: validação de documentos como RG e CPF, cruzamento com bases públicas e autenticação pelos responsáveis. “Na prática, isso abriria caminho para ambientes digitais muito mais seguros, onde crianças estariam protegidas de interações com adultos mal-intencionados e teriam acesso apenas a conteúdos compatíveis com sua idade", explica o especialista.
Além disso, a exposição desses indivíduos na internet agrava ocorrências de cyberbullying - atos ofensivos, intimidatórios e humilhantes em ambientes virtuais. Mesmo com a existência de suportes para denúncias, as plataformas digitais não conseguem dar retorno imediato ou solucionar todas as manifestações, explica o especialista.
"Um dos pontos mais relevantes é que esse tipo de conteúdo circula, muitas vezes, de forma simultânea em vários aplicativos e sites. Ter acesso cruzado a essas informações permite identificar padrões, agir mais rápido e remover quem produz e compartilha esse tipo de material", salienta Abreu.
A criação de um canal unificado e que esteja de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e Lei Geral de Proteção de Dados é uma proposta relevante para agilizar e atuar em defesa de menores de idade e demais usuários que sofrem depreciação virtual.
"Essa proposta apresenta melhores condições de mapear, em tempo real, denúncias que, hoje, ficam espalhadas por diferentes plataformas. Isso pode acelerar a remoção de conteúdos impróprios, casos de violência, abuso e outros riscos que afetam crianças e adolescentes”.
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