Entre mais de dois milhões de fiéis nas ruas, 25 observadores da ONU anotam detalhes da logística de Belém antes da Conferência do Clima, em novembro.
elém é uma cidade que, talvez por sua natureza amazônica - apesar da presença europeia de priscas eras, como a Belle Époque -, flutua entre o real e o imaginário. O Círio de Nazaré, com sua grande procissão, tem o condão de evocar sentimentos que vão da fé em estado puro a observações mais prosaicas diante do “mar de gente”, como escreveu Benedito Monteiro em Verde Vago Mundo.
Desde as primeiras horas do sábado, Belém amanheceu praticamente imóvel. As romarias oficiais do Círio - um dos maiores eventos religiosos do planeta - transformaram as vias centrais num labirinto de bloqueios, filas e buzinas. Linhas de ônibus interrompidas, ambulâncias desviadas, entregas represadas.
O domingo da grande procissão promete repetir o cenário, ainda que a cidade respire outro ar: o da devoção. Para o turista, o encantamento é garantido; para o morador, o caminho até o trabalho - ou mesmo a promessa - é um exercício de paciência.
Segundo o Ministério de Portos e Aeroportos, o Aeroporto Internacional de Belém deve receber 461 voos e mais de 70 mil passageiros entre os dias 9 e 13 de outubro - 10% a mais que no ano passado. Foram programados 20 voos extras para destinos como Macapá, Brasília e Guarulhos. Os números confirmam o vigor do turismo religioso e a força econômica do Círio, mas o que se vê nas ruas é um retrato menos celestial: gargalos viários, transporte coletivo precário e poucas opções para quem anda a pé ou de bicicleta.
Somente o aeroporto recebeu R$ 450 milhões em investimentos do governo federal, dentro da Fase 1-B do contrato de concessão da Norte da Amazônia Airports. O terminal ganhou áreas amplas, novos fingers e sinalização moderna. Mas, do desembarque ao centro, o visitante enfrenta a mesma provação de sempre: obras interrompidas, faixas exclusivas confusas e nenhum sistema integrado entre modais. O contraste é inevitável - o céu se moderniza, a terra emperra.
A menos de 40 dias da COP30, o Círio serviu como ensaio e alerta. Durante a conferência, Belém deve receber entre 40 e 50 mil visitantes, menos que o Círio, mas com o agravante de ocorrer em dias úteis e com rígidos protocolos de segurança. Se a cidade trava com promesseiros e promessas, o que esperar com chefes de Estado e escoltas diplomáticas nas mesmas avenidas?
As autoridades locais garantem que a COP será um divisor de águas, projetando Belém como modelo de mobilidade e sustentabilidade na Amazônia. Mas o que se viu neste fim de semana é que slogans e outdoors não movem ônibus nem liberam cruzamentos. Entre a fé que arrasta e o asfalto que emperra, Belém volta a ser o retrato de si mesma: emocional, generosa, mas atolada nas próprias vias.
O Círio é fé, sim, e um espelho - onde a cidade se vê, se encanta e se cobra. E, ao final da procissão, a pergunta que fica ecoando sobre o asfalto quente é uma só: Quo vadis, Belém?
•De um leitor assíduo da coluna: "Não adianta o governo federal injetar R$ 300 milhões ou R$ 1bilhão na saúde do Pará se essa dinheirama continuar desaguando na conta das famigeradas 0S que tomaram conta até das Upas”.
•Do senador Zequinha Marinho (foto), na rede social: "O governo do Pará gasta fortunas para maquiar Belém, mas não garante gaze, antibióticos, ambulância e leitos para quem sofre todos os dias nos pronto-socorros”.
•Governos municipais, estaduais e federal ultrapassaram a casa dos R$4 trilhões em gastanças só em 2025, diz relatório do Gasto Brasil.
•Seria cômico, não fosse trágico: no mesmo período, segundo o Impostômetro, os entes governamentais arrecadaram R$3 trilhões em impostos.
•O ovo de cada dia, produto essencial na alimentação da população de baixa renda, acumulou alta de 13,5% no preço até junho de 2025, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Proteína Animal.
•O que se diz é que, em se tratando de Pará, o aumento do preço do produto deixou longe o índice oficial.
•A ong ICL, financiada por empresas de combustíveis, doou R$1,5 milhão em equipamentos à agência reguladora ANP para fiscalizar e detectar adulterações nos postos de gasolina.
•Ou seja, empresas que bancam a Ong pagaram equipamentos usados para fiscalizar o combustível que elas vendem. Arrocha, Brasil!
•Uma "epidemia de calotes" toma conta do Brasil, enquanto o aumento generalizado da inadimplência e quebras de compromissos financeiros derramam expectativa nebulosa sobre o que virá por aí.
•De fato, segundo dados do Serasa Experian em 2024 o Brasil acumulava mais de 70 milhões de negativados, mas especialistas consideram que em 2025 o número deva estar beirando 80 milhões de brasileiros.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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