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Milagre das águas

De um achado no Igarapé Murutucu à fé de milhões: Círio é a renovação de Belém

"Não é apenas uma manifestação cultural ou social; é religião viva - é um modo de vida transformador", afirma o cônego Ronaldo Menezes.

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  • Da Redação | Coluna Olavo Dutra
  • 10/10/2025, 08:00
De um achado no Igarapé Murutucu à fé de milhões: Círio é a renovação de Belém
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história do Círio de Nazaré começa com um achado simples, mas carregado de mistério. Em meados de 1793, o caboclo Plácido José de Sousa encontrou, às margens do Igarapé Murutucu, uma pequena imagem da Virgem. Levou-a para casa, mas a imagem insistia em desaparecer e reaparecer no mesmo lugar do achado. O fato foi visto como sinal divino. Plácido, então, ergueu ali um pequeno altar - origem do que hoje é a Basílica Santuário de Nazaré.

 

Agora às 8 começa o traslado da imagem da Santa da Basílica à Marituba, num percurso de quase 10 horas que mobiliza cerca de 1,5 milhão de fiéis/Fotos: Divulgação.

Naquele tempo...

Naquele mesmo ano, o capitão-geral da Capitania do Grão-Pará, Francisco de Souza Coutinho, acometido de grave enfermidade, prometeu organizar uma grande procissão caso fosse curado. A promessa foi cumprida: em 8 de dezembro de 1793, a imagem saiu do Palácio do Governo, em cortejo solene, até o local do altar. Nascia, assim, o primeiro Círio de Nazaré.

Símbolos e fé

Com o tempo, a devoção cresceu e a procissão se transformou na maior manifestação religiosa do País - e uma das maiores do mundo. A berlinda, o manto e a corda, símbolos centrais do ritual, carregam significados profundos: a berlinda, como trono da Virgem; o manto, como proteção aos fiéis; e a corda, como laço de união e promessa.

Hoje, o Círio reúne mais de 2 milhões de pessoas vindas de todos os cantos - romeiros, promesseiros, turistas e curiosos, todos movidos por um mesmo sentimento de fé e pertença.

Festa do povo

A devoção ultrapassou o aspecto religioso e ganhou contornos culturais e sociais. O Arraial de Nazaré, com suas barracas de comidas típicas, brinquedos e artesanato, transforma Belém em um grande encontro de fé e festa popular. Mas, para os devotos, a essência permanece: agradecer, pedir e renovar a esperança.

A religião viva

“O lugar onde foi encontrada a imagem é sempre de revelação”, explica o padre Ronaldo, estudioso da manifestação. “A imagem deixar-se encontrar confere ao Círio um valor simbólico: é o reencontro do homem com o divino, da criatura com a fé.”

Para o religioso, o Círio é, antes de tudo, uma força espiritual que move e transforma. “Não é apenas uma manifestação cultural ou social; é religião viva, que molda o cotidiano da cidade. O simples elemento de fé é coletivo - é um modo de vida transformador.”

Padre Ronaldo lembra que até os pais de Plácido, sepultados à beira do Igarapé Murutucu, fazem parte dessa história de fé e renovação. “O Círio é eterno porque se recria em suas próprias forças interiores, como seiva que renova a árvore da esperança.”

Fé em movimento

Ao longo do tempo, o Círio incorporou novas expressões: o carro dos milagres, a procissão fluvial, o recírio e dezenas de missas que marcam os quinze dias de festa. Cada gesto, cada promessa e cada lágrima reafirmam o mesmo princípio que guiou Plácido há mais de dois séculos - o de que a fé, em Belém, nasce das águas e se espalha como milagre.

Papo Reto

•O que faz de uma vice-prefeita ocupando uma secretaria a principal responsável por supostos desvios de dinheiro público – a ponto de ser presa e fichada na Polícia?

Trata-se da vice-prefeita de Marituba, Bárbara Marques (foto), presa em operação da PF na terceira fase da Operação Expertise. Ontem mesmo, Bárbara foi exonerada do cargo de secretária de Educação.

•A cidade de Marituba se manifesta perplexa nas redes sociais e se faz a mesma pergunta a cada click: por que Bárbara?

Resposta possível, mas improvável: porque a vice-prefeita, mesmo como secretária é - ou foi - a única vice no mundo a mandar mais que a titular – no caso, a prefeita Patrícia Alencar, que a apresentava como sucessora no cargo.  

•Aliás, o ex-ministro da Agricultura da China, Tang Renjian, foi condenado à morte por aceitar o equivalente a cerca de R$200 milhões em propinas. Esse valor é quase o mesmo valor desviado na Prefeitura de Marituba – pura coincidência. 

O valor foi recebido de 2007 a 2024. Expulso do Partido Comunista em 2024, ele é mais um alto funcionário punido na campanha anticorrupção liderada por Xi Jinping.

•O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, afirmou que Donald Trump merece o Nobel da Paz se convencer Xi Jinping a renunciar a qualquer ação militar contra a ilha. Lai destacou o aumento de exercícios chineses no Estreito de Taiwan e a expansão das forças no Mar da China Oriental e Meridional.

O líder taiwanês chamou os movimentos de risco ao equilíbrio regional e aos interesses dos EUA. Ele defendeu elevar os gastos de defesa a 5% do PIB até 2030. 

•Trump não se faz de rogado ao declarar publicamente o quanto deseja o prêmio, recebido por Barack Obama ainda nos primeiros meses de mandato. 

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.