Do Congresso às Forças Armadas, passando pelo Judiciário e o Planalto, o Brasil ostenta gastos bilionários e o povo aperta o cinto.
strada do Maratá, Benevides, Região Metropolitana de Belém. Acendo as luzes do pátio e ligo o notebook para começar o dia. Faz frio aqui no "Vacaflaca" às cinco da manhã. Ao latido forte do pastor belga que me faz companhia, volto os olhos para a estrada que leva à pista principal e conduz trabalhadores à BR-316, quase dois quilômetros adiante, a maioria a pé. O abrigo acanhado, se ainda existisse, não comportaria mais de cinco pessoas esperando transporte para Belém, mas hoje tem apenas quatro, entre eles mãe, empregada doméstica, e duas crianças, uma de colo. Vão ficar com a avó, em Marituba. A mãe vai trabalhar. Essa é a rotina de Dona Perpétua, 43 anos, que tem o destino no nome.
Perpétua, como a maioria dos brasileiros que as estatísticas colocam na sofrida base da pirâmide social, acorda cedo, pega ônibus lotado, faz malabarismo nas mercearias da esquina e torce para que o salário dure até o fim do mês. Em Brasília, do outro lado da Praça dos Três Poderes, o País parece outro: supersalários, auxílios variados, verbas milionárias e mordomias que fariam inveja a monarquias do passado.
O Brasil pode não ser perdulário quando se trata de investir no povo, mas gasta sem pudor para sustentar a luxuosa máquina da República.
A Câmara e o Senado custam mais de R$ 10 bilhões por ano. São milhares de assessores, cotas parlamentares, carros oficiais, apartamentos funcionais e passagens aéreas bancadas pelo contribuinte. Deputados e senadores se protegem em leis de conveniência enquanto o cidadão se perde em filas de hospitais e escolas caindo aos pedaços. A cereja do bolo: levantamento da Ong Transparência Brasil revela que, de 2020 a 2025, o Congresso enfiou R$ 9,4 bilhões em “emendas de bancada paralelas” no Orçamento, com um detalhe sórdido - 61% dos gastos não podem ser rastreados nem associados a parlamentares. Um caixa-preta digno de filme policial.
O Judiciário, por sua vez, virou símbolo de ostentação. Em 2024, custou R$ 146,5 bilhões - 1,2% do PIB, segundo o relatório Justiça em Números. O presidente do STF e do CNJ, Luís Roberto Barroso, não nega: “O Judiciário custa caro, mas vale muito”, disse ao encerrar sua gestão. Argumenta que a instituição arrecada mais da metade do que gasta e tem capilaridade em seis mil municípios. Verdade ou não, os números impressionam: só em 2020 e 2021 houve queda nos gastos; nos últimos dois anos, recordes atrás de recordes. Para o cidadão que espera anos por uma decisão judicial, o valor soa mais como ironia do que justificativa.
No Palácio do Planalto, o clima é de corte real. Aviões oficiais, residências com manutenção milionária, cardápios refinados, mordomos, seguranças. Ministérios replicam o modelo com sedes luxuosas e cargos em comissão generosos. Enquanto isso, famílias brasileiras fazem conta até para decidir se o pãozinho do café da manhã vai caber no orçamento.
As Forças Armadas também não ficam atrás. Com orçamento bilionário, mantêm efetivo inchado, generais aposentados cedo e com salários integrais, além de estruturas que parecem mais adaptadas à Guerra Fria do que ao Século XXI. Enquanto vizinhos investem em tecnologia, o Brasil banca quartéis de privilégios e desfiles ocasionais, mas resultados práticos que não justificam o gasto.
A paisagem final é cruel: o povo paga caro em impostos e recebe transporte precário, escolas sucateadas e hospitais superlotados. O Brasil é perdulário, sim, mas apenas quando se trata de sustentar a festa nos gabinetes, nas togas, nos quartéis e nos palácios. Para quem conta moedas para o pão, sobra apenas o silêncio constrangido na fila do mercado.
•Mudança no staff da PM. O novo comandante-geral da corporação, coronel Ricardo Neves, mexeu na área operacional.
•A diretoria-geral de operações da PM passou para o comando do coronel Christiano Mariúba (foto), o mesmo que, educadamente, recusou o comando-geral oferecido pelo governador.
•O núcleo de ação com cães do Corpo de Bombeiros está sob o comando do tenente-coronel Aluiz Palheta.
•A Câmara Vereadores de Belém bateu pesado, ontem, nas contas do ex-prefeito Edmilson Rodrigues, referentes aos exercícios de 2021 e 2022.O parecer do TCM recomendava a aprovação, com ressalvas.
•Na votação, a bancada do PL manteve posição pela rejeição ao relatório, defendendo que a gestão de Edmilson deixou a capital paraense em “estado de abandono”.
•Vice-líder do partido, a vereadora Ágatha Barra, foi categórica: “Deixou Belém na lama e no lixo!” e “fez uma péssima gestão no município, sendo considerado um dos piores do Brasil”.
•Ontem, moradores dos conjuntos Satélite, Pedro Teixeira e adjacências promoveram um protesto contra a falta d'água, que já dura duas semanas e não tem previsão de acabar.
•O problema da falta de água naquela região não vem de hoje, é crônico; entra eleição, acaba eleição sobram apenas as promessas de solução.
•Aliás, a Águas do Pará, empresa que assumiu parte do controle da Cosanpa, remove céus e terras e resgata débitos de consumidores de priscas eras - e manda a conta. Não adianta espernear.
•O programa “Balcão de Direitos", da Defensoria Pública do Pará, está em novo endereço: avenida Assis de Vasconcelos, 266 - Reduto.
•Após anos de subsídios - tipo oferta de terras baratas e incentivos fiscais - às montadoras, em troca de compromissos de produção, o governo chinês multiplicou o excesso de capacidade em todo o país, resultando em estoques infinitos, exportações a qualquer preço e descontos incapazes de garantir a sustentabilidade do modelo de negócio.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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