Dois episódios mostram que governo oscila entre o gesto vaidoso e o impulso intempestivo e a diplomacia brasileira é quem perde.

semana ofereceu ao País um retrato curioso e revelador do ambiente emocional instalado no Planalto. Enquanto o governo tenta sustentar o discurso de protagonismo ambiental em plena COP30, o núcleo duro do poder parece operar em outra frequência.

De um lado, a primeira-dama ganhou do presidente um mimo público, “pelos relevantes serviços prestados à educação”. Gesto simpático, foto garantida, mas de utilidade real discutível: não cria política, não melhora indicadores, não resolve nada. É afeto embalado como ato de governo - a política transformada em presente doméstico com assinatura institucional.
Do outro lado, o presidente reagiu com suscetibilidade quase infantil à crítica de um líder alemão sobre a escolha de Belém para sediar a Conferência do Clima. Em vez de responder com firmeza técnica e linguagem de Estado, preferiu a réplica atravessada, no calor, como quem se magoa com o colega de mesa. A cena soou estranha entre diplomatas, que esperavam profissionalismo no momento em que o Brasil tenta provar que sabe conduzir a agenda climática.
O contraste entre mimos internos e chiliques internacionais expõe um padrão: o governo oscila entre o gesto vaidoso e o impulso intempestivo. Nesse balanço emocional, perde-se a chance de mostrar maturidade justamente no palco onde pretendia afirmar liderança ambiental.
Enquanto isso, o País real continua à espera do básico: consistência na educação, sobriedade na diplomacia e um governo que reaja menos à própria imagem - e mais às urgências concretas da Amazônia, de Belém e do Brasil que não aparecem nas fotos oficiais.
A COP30, como as anteriores, oferece números que soam como avanço, mas entregam menos do que prometem. A participação feminina até cresce, mas não chega ao poder de decisão. O desequilíbrio de gênero - e de raça - permanece entranhado nas mesas da ONU e, por consequência, nas políticas que deveriam proteger precisamente quem já está na linha de frente da crise climática.
Levantamento da Wedo mostra que, em 2022, apenas 35% dos delegados das COPs eram mulheres e que 77% das delegações tinham maioria masculina. Quinze anos antes, o índice era de 31%. Progresso microscópico. Já o relatório Gender Composition, da própria UNFCCC, registra que, entre 2013 e 2023, apenas 30% dos participantes financiados por fundos oficiais eram mulheres; em algumas regiões, o percentual não passa de 20%.
Essa ausência não é número: é impacto. O atraso na paridade se traduz em políticas menos eficazes. Dados da FAO apontam que famílias rurais chefiadas por mulheres perdem até 8% mais renda em ondas de calor e 3% mais em enchentes em países de baixa e média renda. São perdas que somam até US$ 37 bilhões por ano - um rombo climático e econômico que não aparece nos comunicados oficiais.
Pesquisadores do IIED reforçam o diagnóstico: as grandes agendas - finanças, tecnologia, mitigação - seguem dominadas por homens. As mulheres, especialmente as negras, indígenas e periféricas, acabam empurradas para temas considerados “sociais”, como adaptação. O resultado é um abismo entre quem fala e quem é atingido. E, quando essas vozes ficam de fora, a política climática fica manca.
Então, fica combinado assim: o planeta esquenta e as COPs continuam frias onde não deveriam: na equidade. Sem mulheres - sobretudo as que vivem as mudanças na pele - a política climática global seguirá incompleta e assim, erra.

•A PF indiciou o ex-ministro Silvio Almeida (foto) por importunação sexual, após denúncias feitas em 2024 que levaram à sua demissão do governo Lula. O relatório foi enviado ao ministro André Mendonça, que encaminhou o caso à PGR.
•A Polícia Federal divulgou dados parciais sobre a detecção e o bloqueio de drones utilizados de forma irregular durante a COP30.
•Entre os dias 31 de outubro e 15 de novembro, o sistema de monitoramento registrou 2.270 drones operando sem autorização e impediu 184 tentativas de voo proibido em zonas estratégicas, como o Aeroporto Internacional de Belém, o Parque da Cidade e a área do Porto Outeiro.
•O grupo TV Norte, de Manaus, que comprou o SBT Pará, promoveu uma demissão em massa de todos os funcionários CLT da emissora. Fala-se na quase totalidade de empregados.
•Na primeira investida nas demissões, há menos de dois meses, o Sindicato dos Jornalistas tinha conseguido um acordo para manter os trabalhadores, mas agora, não foi tudo de surpresa.
•Repórteres e produtores estavam trabalhando na cobertura da COP30, na sexta-feira, 14, foram retirados às pressas do local, e voltaram à sede do SBT, para serem demitidos.
•Todos foram avisados também que seriam contratados novamente, mas como Pessoa Jurídica), sem direitos nenhum e com redução acentuada de salários.
•A Câmara Federal terá uma semana marcada por homenagens ligadas à consciência negra, celebrações de marcos legais e a discussão acelerada do PL Antifacção.
•O Senado terá sessões especiais, votações de projetos e análise de acordos internacionais. A pauta reúne temas como políticas sociais, regulação tributária e cooperação jurídica.
•A deputada Júlia Zanatta pode ser investigada por destinar R$ 800 mil em emenda parlamentar a clube de tiro associado a amigo. A representação na PGR contra Zanatta foi realizada pela deputada Ana Paula Lima.
•Após a deputada Júlia Zanatta divulgar uma foto sentada em um "trono de fuzis", o rapper Oruam criticou a "repercussão desigual": "se eu postar, é apologia ao crime".
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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