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Inédito

Mulheres superam homens no tiro olímpico e Brasil conquista vaga inédita em Paris

Dados históricos indicam que mulheres se sobressaem em esporte do qual foram excluídas; Georgia Furquim é 1ª brasileira a ter vaga direta no skeet

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  • 22/07/2024, 09:15
Mulheres superam homens no tiro olímpico e Brasil conquista vaga inédita em Paris

São Paulo, SP - A atleta de tiro esportivo Georgia Furquim não teve muitas referências femininas para se espelhar na carreira. Resgata da memória o nome de Andrea Bonato, que competia nas modalidades compak (uma das variações de tiro ao prato) e percurso de caça, mas nunca chegou perto de uma Olimpíada.


Georgia é a primeira brasileira da história a conquistar uma vaga no skeet, modalidade de tiro ao prato com espingarda, por classificação direta. Em 2016, Daniela Carraro representou o Brasil na modalidade nos Jogos do Rio, em uma vaga destinada ao país-sede.


A atleta gaúcha, natural de Santa Maria, traça um caminho quase solitário no tiro esportivo feminino, já que só oito brasileiras representaram o país numa disputa olímpica. O esporte, entretanto, é um dos poucos em que elas competem em igualdade com os homens, e muitas vezes os superam.


Mulheres na história 


A linha do tempo olímpica começou com disputas mistas. Em 1976, a americana Margaret Murdock empata em ouro na carabina 3 posições com o compatriota Lanny Bassham, que venceu o desempate e ficou com a medalha. Ele chamou Murdock para dividir o posto mais alto do pódio na celebração.


Em 1984, a federação internacional decide dividir os gêneros para as modalidades que não envolvem tiro ao prato: carabina 3 posições, carabina de ar e pistola de ar.

Em 1992, a chinesa Zhang Shan leva a primeira medalha de ouro de uma mulher no skeet, que ainda era misto. Depois, a federação estipula que todos os eventos só serão abertos a homens.


Em 2000, mulheres voltam a competir no skeet olímpico, mas sob regras diferentes, com menos tiros. Somente em 2018, as regras voltam a ser a mesma para todos, o que também permitiu a comparação de atletas em termos absolutos.


O estudo da Universidade de Madrid, elaborado por Daniel Mon-López, Carlos Tejero-González e Santiago Calero, sugere que esportes nos quais a força física é um fator menor devem revisar seus regulamentos para gerar maior igualdade de gênero nos esportes.


Os acadêmicos concluíram que, nas provas com tiro de pistola, a performance entre homens e mulheres variou de 0,9% a 1,89%, percentual muito inferior ao de esportes como a natação, que gira em torno de 10%.


"Em contraste com quase todos os esportes nos quais homens têm uma performance absoluta melhor do que as mulheres, o estudo apresenta evidências de que não há diferenças entre homens e mulheres no tiro de carabina", dizem.

Além de a força física ser menos determinante, outras características impactam o tiro, como equilíbrio, precisão e coordenação motora.


Pará na História


O feito ocorre mais de um século depois de o país conquistar seu primeiro ouro, que veio justamente do tiro. Nos Jogos da Antuérpia, na Bélgica, em 1920, Guilherme Paraense venceu a disputa da pistola de tiro rápido 25m.


Naquele mesmo ano, o time formado por Paraense, Afrânio da Costa, Sebastião Wolf, Dario Barbosa e Fernando Soledade conseguiu o bronze na prova de pistola 50m por equipes. Afrânio da Costa ainda levou a prata nos 50m de pistola livre 60 tiros.


Depois disso, o Brasil viveu um hiato no tiro esportivo até o Rio, quando Felipe Wu ganhou a prata na pistola de ar 10m. As brasileiras se destacaram em Pan-Americanos com dois bronzes e em Campeonato das Américas, com três ouros.


Foto: Ascom/COB

(Com a Folha) 

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.