ocaso do CEO chegou. O intensivista Wilson Niwa sai de cena e do comando da Unimed Belém, hoje, quando médicos cooperados deverão eleger, em assembleia geral ordinária, novos dirigentes da cooperativa, com votação em urnas eletrônicas emprestadas pelo Tribunal Regional Eleitoral, o TRE, onde Niwa ganha, também, adubado pão.
Sobre céu e inferno
Neste cenário de sábado de escolhas para os associados da cooperativa, verdade seja dita: conhecido como o mais notório Chief Executive Officer que já passou pelo comando da Unimed Belém, Niwa fez história ao ser condenado pela Justiça por bisbilhotar correspondência e e-mails no entorno do seu poder absoluto, chegando a cumprir pena de prestação de serviços comunitários.
Não menos notável foi quando escapou impune em duas invasões de hackers no processamento de dados da cooperativa que resultaram, entre outros registros, em sumiço de informações das áreas financeira e contábil correspondentes aos exercícios dos anos de 2021 e 2022.
Não à toa, para não deixar pedra sobre pedra, em 12 anos sob “o céu de Niwa”, a cooperativa médica Unimed Belém conheceu o inferno: foi submetida a uma gestão fiscal da ANS, dois rateios, dois aportes e um terceiro aporte que será comunicado na assembleia geral de logo mais. Parece um golpe de misericórdia; e é - a menos que os rigores do inverno amazônico se invertam dramaticamente durante a assembleia geral e, em vez de chuvas de março, se abate sobre os associados um improvável sol de julho.
Barras da Justiça
A par disso, o Judiciário paraense jamais foi tão demandado pela cooperativa em mais de uma década, proporcionando um espetáculo fantástico de decisões e contradições capaz de corar os luminares do Direito ao longo de mais de 1,5 mil anos da Terra Brasilis, uma delas, mais recente, autorizando a participação de chapas de oposição na disputa do comando da cooperativa onde, não por acaso político, Niwa quer deixar raiz.
Verdade: o CEO aposta todas as fichas na eleição da médica Luciana Valente como sucessora. Trata-se de uma candidata escolhida a dedo, hashi e artimanha oriental, desde que a plantou na presidência do Conselho Fiscal como parte do trio supostamente técnico, mas transformado em ‘pau mandado’ para perseguições e maldades contra quem ao presidente não prestava vassalagem. As vozes veladas que murmuram nos corredores da sede administrativa da cooperativa na travessa Curuzu bem que deveriam ser ouvidas para além das torcidas.
Fama é terra arrasada
Definitivamente, em doze anos como imperador absolutista, Niwa vestiu o diabo para impedir concorrentes à candidatura de Luciana Valente - que a justiça barrou -, certamente por motivação administrativa. A astúcia deixou rastros: Luciana Valente e seus companheiros de Conselho Fiscal, por exemplo, nunca deram conhecimento aos cooperados sobre a proposta do CEO quanto à recuperação judicial da Fama, que ele preside. Detalhe: a maior sócia da Fama é a Unimed Belém e, por óbvio, o rombo maior cairá no colo dos cooperados, sejam eles endinheirados ou não.
Ainda assim, acredite: nos últimos dias, a candidata, diligente aprendiz de feiticeira oriental, finge vestir jaleco de oposição a Niwa, manobra calculada que não escapou nem aos olhos dos coletores do lixo hospitalar nas unidades de saúde da cooperativa Unimed Belém, onde amadores são abatidos não com barbitúricos, mas com placebo.
Conteúdo relacionado
CEO da Unimed Belém joga para tentar driblar impedimentos e fazer sucessora sob medida
Justiça derruba planos do CEO e autoriza concorrência na eleição da Unimed Belém
Papo Reto
·Pegou muito mal para o candidato ao desembargo Cezar Mattar, e ao MP do Pará, a patolada atribuída à promotora Ana Maria Magalhães de Carvalho (foto), que virou alvo de denúncia junto ao CNJ.
·A promotora se notabilizou ao disparar um tiro no pé, aliás, ao decidir investigar supostas gastos de R$ 15 milhões atribuídos ao prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, adversário figadal do governador do Estado.
·A opinião pública fala em “perseguição política” ao prefeito; o prefeito, idem. Pelo sim pelo não, “a ajuda” pegou mal para todo lado.
·Ao final e ao cabo, a promotora acabou denunciada por improbidade administrativa ao acumular cargos e usurpar competência, em investigação contra a Prefeitura de Ananindeua.
·A denúncia envolve suposta acumulação ilegal e imoral de cargos e usurpação de competência. Além de outras ligações, a promotora é assessora do Procurador-Geral de Justiça, Cezar Mattar.
·Bem feito: a Corregedoria da Polícia Militar mandou prender ontem, acusados de uma carrada de crimes em Benevides, o 2º tenente Gesiel Silva, Alexander Brito, Doval Cardoso da Costa, Roberto França e o soldado Márcio Campos Filho.
·A Advocacia-Geral da União ingressou com 12 ações civis públicas cobrando R$ 76 milhões de infratores que destruíram 6,8 mil hectares em 11 Estados - inclusive o Pará - nos biomas Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal, Pampa e Cerrado.
·O montante judicializado contra 23 réus corresponde ao custo estimado para recuperação dessas áreas, além de indenização por dano moral e enriquecimento ilícito relativo.
·O Banco Central deu até 30 dias para que os bancos limpem informações fraudulentas ou incorretas da base de dados para transações Pix com chaves que usam o CPF.