Um barco que transportava migrantes da minoria muçulmana rohingya de
Mianmar virou na Baía de Bengala, no nordeste do oceano Índico, anunciaram
autoridades nesta quinta-feira, 10. Ao menos 23 pessoas morreram e cerca de
trinta outras ainda estão desaparecidas, segundo a BBC.
Cerca de 55 pessoas estavam no barco quando ele deixou o município de
Buthidaung, no Estado de Rakhine, no fim de semana passado, tentando fugir do
País, disse Byar La, secretário-geral da fundação social Shwe Yaung Metta.
O barco estava indo para a Malásia e a hora exata e a causa do naufrágio são
desconhecidas, disse ele. Oito pessoas sobreviveram ao acidente. Os corpos
foram recuperados ao longo da costa em Sittwe, cerca de 335 quilômetros a oeste
da capital nacional, Naypyitaw, entre segunda e quarta-feira.
Os oito sobreviventes foram levados pelas forças de segurança de Mianmar, disse
ele. Membros das equipes de resgate e as autoridades continuaram a procurar os
desaparecidas. O procurador-geral do estado de Rakhine, Hla Thein, disse que
corpos foram encontrados na praia desde segunda-feira, mas o número exato e
outros detalhes ainda não são conhecidos. "Só ouvi dizer que o barco
partiu ilegalmente e virou na Baía de Bengala", disse Hla Thein por
telefone.
Os rohingya são uma minoria muçulmana perseguida pela maioria budista Mianmar.
Mais de 700 mil pessoas fugiram de Mianmar aos campos de refugiados em
Bangladesh desde agosto de 2017, quando os militares lançaram uma operação de
limpeza contra a minoria em resposta aos ataques de um grupo rebelde.
Os militares de Mianmar rejeitaram as acusações de que as forças de segurança
cometeram estupros e assassinatos em massa e queimaram milhares de casas na
campanha de limpeza. O governo dos Estados Unidos rotulou as ações dos
militares como genocídio
Mais de 100 mil rohingya permanecem em Mianmar, confinados em campos de
refugiados, além daqueles que vivem em campos de refugiados superlotados em
Bangladesh. Grupos de rohingya de acampamentos em ambos os países embarcaram em
viagens de risco para os países de maioria muçulmana da Malásia e da Indonésia
em busca de melhores condições de vida.
Mianmar negou cidadania à maioria dos rohingyas. Também lhes é negada a
liberdade de circulação e outros direitos, incluindo a educação. Autoridades em
Mianmar diz que os rohingya migraram ilegalmente de Bangladesh, embora muitas
de suas famílias tenham vivido em Mianmar por décadas.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: REUTERS/Navesh Chitrakar/Arquivo 2017