Ela é a 19ª mulher a ganhar o Prêmio Nobel
O Prêmio Nobel da Paz de 2023 foi concedido
nesta sexta-feira, 6, para a ativista iraniana Narges Mohammadi. Segundo os
organizadores, a vencedora ganhou o premio pela sua luta pelos direitos das
mulheres no Irã contra a "sistemática descriminação e opressão do regime
iraniano".
O Comitê do Prêmio Nobel destacou que Mohammadi já foi presa 13 vezes no Irã e
condenada a 31 anos de prisão por conta de seu ativismo. Mesmo da prisão, a
ativista conseguiu continuar a sua luta pelos direitos das mulheres no país
persa e foi uma das lideranças da onda de protestos no ano passado no Irã após
a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que foi morta após ser detida pela
polícia iraniana em Teerã sob a acusação de não usar o hijab, véu que cobre os
cabelos, de maneira adequada.
"Ela apoia a luta das mulheres pelo direito a vida e a liberdade de
expressão e contra as regras que exigem que as mulheres permaneçam fora da
vista e cubram os seus corpos. As reivindicações de liberdade expressas pelos
manifestantes aplicam-se não apenas às mulheres, mas a toda a população",
apontou Berit Reiss-Andersen, presidente do Comitê Norueguês do Nobel
Andersen afirmou que o Nobel é um reconhecimento do movimento pela luta pelos
direitos das mulheres no Irã. " A líder indiscutível deste movimento é
Nargis Mohammadi. O impacto do prêmio não cabe ao comitê do Nobel decidir.
Esperamos que seja um incentivo para continuar o trabalho em qualquer forma que
este movimento considere adequada."
Ela é a 19ª mulher a ganhar o Prêmio Nobel da Paz e a segunda iraniana, depois
que a ativista de direitos humanos Shirin Ebadi ganhou o prêmio em 2003.
Protestos
Mohammadi estava atrás das grades nos recentes protestos em todo o país pela
morte de Mahsa Amini, de 22 anos, que morreu depois de ter sido detida pela
polícia moral do país.
As manifestações foram as maiores contra o regime iraniano desde a Revolução
Islâmica de 1979. Mais de 500 pessoas foram mortas e 22 mil foram presas.
A ganhadora do Nobel da Paz de 2023 conseguiu publicar um artigo de opinião
para o The New York Times direto da prisão. "O que o governo pode não
compreender é que quanto mais de nós eles prendem, mais fortes nos
tornamos", escreveu ela.
Antes de ser presa, Mohammadi era vice-presidente do banido Centro de Defesa
dos Direitos Humanos do Irã. Ela é próxima de Ebadi, que fundou o centro e
ganhou o Nobel da Paz.
A ganhadora do Nobel da Paz é engenheira de formação e recebeu o Prêmio Andrei
Sakharov 2018. O marido de Mohammadi e colega ativista dos direitos humanos,
Taghi Rahmani, e seus filhos gêmeos de 16 anos vivem em Paris. Rahmani disse
esta semana que o Prêmio Nobel seria uma homenagem às décadas de trabalho de
sua esposa no Irã.
Como funciona o Nobel da Paz
O prêmio Nobel da Paz é concedido, desde 1901, a homens, mulheres e
organizações que trabalharam para o progresso da humanidade, conforme o desejo
de se criador, o inventor sueco Alfred Nobel. Ele é lembrado como o patrono das
artes, das ciências e da paz.
O prêmio é entregue pelo Comitê Norueguês do Nobel, composto por cinco membros
escolhidos pelo Parlamento norueguês. O vencedor recebe, além de uma medalha de
ouro, uma premiação em dinheiro. Em 2023, a Fundação Nobel afirmou que os
ganhadores do Premio Nobel irão receber 11 milhões de coroas suecas (R$ 4,8
milhões), uma premiação maior do que nos anos anteriores.
Indicar uma pessoa a um prêmio Nobel é relativamente simples. O comitê
organizador distribui (e fornece em seu site) formulários para centenas de formadores
de opinião.
As fichas com as sugestões são enviadas até o fim de janeiro de cada ano e
então cada uma delas é avaliada até outubro, quando os vencedores são
anunciados. Ao longo desse processo, a lista é reduzida para uma versão menor,
com no mínimo cinco e no máximo 20 nomes, que são revisados. Os jurados debatem
essa lista e buscam alcançar o consenso - quando ele não acontece, a escolha se
dá por votação.
A entrega dos prêmios ocorre em dezembro. Mas pode acontecer de o comitê
decidir que ninguém mereceu vencer o Nobel da Paz naquele ano - a honraria não
foi entregue em 20 ocasiões, a mais recente delas em 1972.
Ate hoje, cinco vencedores não puderam participar da cerimônia em Oslo. Em
1936, o jornalista e pacifista alemão Carl von Ossietzky estava em um campo de
concentração nazista. Em 2010, o dissidente chinês Liu Xiaobo foi preso e,
portanto, sua cadeira, na qual o prêmio foi depositado, ficou simbolicamente
vazia. Desde 1974, os estatutos da Fundação Nobel estipulam que um prêmio não pode
ser concedido postumamente, a menos que a morte ocorra após o anúncio do nome
do vencedor.
Outros premiados com o Nobel da Paz
Em 2022, o Nobel ficou com uma pessoa e duas organizações: Ales Bialiatski,
ativista de Belarus, a organização de defesa dos Direitos Humanos da Rússia,
Memorial, e o Centro das Liberdades Civis, da Ucrânia.
Já em 2021, o Nobel da Paz foi concedido para os jornalistas Maria Ressa, das
Filipinas, e Dmitri Muratov, da Rússia, pela "contribuição essencial de
ambos para a liberdade de expressão e pelo jornalismo em seus países".
Maria Ressa é conhecida por ser cofundadora do Rappler, principal site de
notícias que lidera a luta pela liberdade de imprensa nas Filipinas e combate à
desinformação, e enfrenta constante assédio político no país. Já Muratov é
editor-chefe do jornal Novaya Gazeta, um dos poucos veículos na Rússia críticos
do governo do presidente Vladimir Putin, fechado depois do endurecimento das
leis russas com a guerra da Ucrânia.
Em 2020, o Prêmio Nobel da Paz foi concedido ao Programa Mundial de Alimentos
(PMA), uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) com sede em Roma.
Segundo os organizadores, o trabalho do PMA foi reconhecido por conta do
trabalho do grupo para "impedir o uso da fome como arma de guerras e
conflitos".
Em 2019, o laureado foi o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, "por
seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional, principalmente
por sua iniciativa decisiva destinada a resolver o conflito na fronteira com a
Eritreia".
Em 2018, a jovem yazidi Nadia Murad e o ginecologista congolês Denis Mukwege
ganharam o Nobel da Paz por seus esforços contra o uso da violência sexual como
arma de guerra. No ano anterior, ganhou a Campanha Internacional para a
Abolição de Armas Nucleares, por chamar a atenção para as consequências do uso
do armamento e chegar a um acordo pelo fim das armas nucleares.
Em 2017, em razão de seus esforços para obter um acordo de paz com as Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o ex-presidente colombiano Juan
Manuel Santos levou o prêmio.
Algumas das grandes surpresas incluem a paquistanesa Malala Yousafzai, que
recebeu o prêmio em 2014, aos 17 anos, "pela luta contra a opressão das
crianças e dos jovens e pelo direito de todas as crianças à educação". Ela
se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel.
Outra grande surpresa, muito contestada à época, foi a escolha, em 2009, do
então presidente americano Barack Obama, agraciado por seus "esforços
extraordinários para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre
os povos".
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Reprodução
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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