Sobre abusos, o religioso já afirmou que "o silêncio não é uma resposta". "O silêncio não é a solução"
Eleito papa nesta quinta-feira, 8, o então
cardeal Robert Prevost afirmou em maio de 2023 que sua vocação é ser
missionário: "A minha vocação é anunciar o Evangelho onde se está". A
frase pode ser interpretada como uma possível indicação de caminho para seu
papado. Prevost nasceu nos Estados Unidos, mas atuou na Igreja Católica do Peru
por mais de duas décadas e, inclusive, tem cidadania do país andino.
Quando afirmou que sua vocação era ser missionário, em 2023, Prevost havia
acabado de ser nomeado prefeito do Dicastério dos Bispos, no Vaticano, e
concedeu entrevista ao site Vatican News. Ele discorreu sobre vários desafios
da Igreja Católica, como as denúncias de abusos sexuais, maior participação das
mulheres e a consulta aos fiéis para definir o futuro da instituição.
O agora papa Leão XIV afirmou à época que os bispos não devem se sentir
superiores. "Não devemos ceder à tentação de viver isolados, separados em
um edifício, satisfeitos por um determinado nível social ou por um certo nível
dentro da Igreja", disse. "E não devemos nos esconder atrás de uma
ideia de autoridade que hoje não faz sentido. A autoridade que temos é servir,
acompanhar os sacerdotes, ser pastores e mestres", continuou.
"Muitas vezes nos preocupamos em ensinar a doutrina, o modo de viver a
nossa fé, mas corremos o risco de esquecer que a nossa primeira tarefa é
ensinar o que significa conhecer Jesus Cristo e testemunhar a nossa proximidade
ao Senhor", disse Prevost. "Isto vem primeiro: comunicar a beleza da
fé, a beleza e a alegria de conhecer Jesus. Significa que nós mesmos estamos
vivendo e compartilhando esta experiência."
Prevost afirmou que a falta de unidade "é uma ferida que a Igreja
vive": "Jesus rezou por isso na Última Ceia: 'Que todos sejam um'.
Esta é a unidade que desejamos ver na Igreja. Hoje, a sociedade e a cultura nos
levam distantes daquela visão de Jesus, e isso causa muitos danos. Esta falta
de unidade é uma ferida que a Igreja vive, muito dolorosa. Divisões e polêmicas
na Igreja não ajudam em nada".
O então cardeal defendeu a ampliação da consulta aos fiéis, no processo para
designar novos bispos: "É importante que o processo seja um pouco mais
aberto à escuta dos diferentes membros da comunidade. É preciso um olhar muito
mais amplo, e as nunciaturas apostólicas ajudam muito nisso. Creio que pouco a
pouco devemos nos abrir mais, ouvir um pouco mais as religiosas, os leigos e as
leigas".
O agora papa elogiou também a atuação de três mulheres que haviam passado a
integrar o Dicastério para os Bispos "Seu ponto de vista é um
enriquecimento. Duas são religiosas e uma é leiga. Muitas vezes sua perspectiva
coincide perfeitamente com o que dizem os outros membros do Dicastério,
enquanto outras vezes sua opinião introduz outra perspectiva e se torna uma
contribuição importante para o processo".
Para o cardeal, a participação das mulheres tem vários significados:
"Penso que a nomeação delas seja muito mais do que um simples gesto do
papa para dizer que agora também há mulheres aqui. Há uma participação
verdadeira, real e significativa que elas oferecem em nossas reuniões quando
discutimos os dossiês dos candidatos".
Abusos sexuais
Questionado sobre a conduta dos bispos diante de denúncias de abusos sexuais
por sacerdotes, o agora papa defendeu a necessidade de acolher as vítimas.
"Uma das dificuldades que surgem frequentemente é que o bispo deve estar
próximo dos seus sacerdotes e deve estar próximo das vítimas. Alguns recomendam
que o bispo não receba diretamente as vítimas, porém não podemos fechar o
coração, a porta da Igreja, às pessoas que sofreram por abusos. A
responsabilidade do bispo é grande e acho que ainda temos que fazer esforços
consideráveis para responder a esta situação que causa tanta dor na
Igreja", afirmou.
Ainda sobre abusos, o religioso afirmou que "o silêncio não é uma
resposta". "O silêncio não é a solução. Devemos ser transparentes e
sinceros, acompanhar e ajudar as vítimas, porque senão suas feridas nunca
cicatrizarão".
Em março deste ano, Prevost foi acusado de negligência nas respostas a denúncias
de abuso na Igreja Católica pela Rede de Sobreviventes de Abusos por Padres
(Snap). A organização se referia às acusações de abusos supostamente cometidos
pelo padre Eleuterio Vásquez Gonzáles contra três menores de idade. A diocese
negou ter se omitido e disse que investigou as denúncias
Nesta quinta-feira, 8, em entrevista ao jornal americano The Washington Post,
Shaun Dougherty, presidente do conselho da Snap, criticou a escolha de Prevost
como novo papa. "É absolutamente chocante para mim que elejam um papa que
é publicamente conhecido por ter encoberto abusos sexuais na infância",
disse Dougherty.
'Nova atitude'
Sobre as mudanças que o papa Francisco começou a implementar na Igreja,
tentando ouvir os fiéis sobre os rumos da instituição, o então cardeal Prevost
afirmou na entrevista de 2023 que alguns religiosos têm medo. "Há bispos
que manifestam abertamente o seu receio porque não entendem para onde está
andando a Igreja. Talvez eles prefiram a segurança das respostas já
experimentadas no passado. Eu acredito que o Espírito Santo está muito presente
na Igreja neste momento e está nos impelindo a uma renovação e, portanto, somos
chamados à grande responsabilidade de viver o que chamo de uma nova atitude.
Não é apenas um processo, não é apenas mudar algumas formas de fazer as coisas,
talvez organizar mais reuniões antes de tomar uma decisão".
Ainda sobre mudanças na Igreja, o agora papa detalhou o que imagina ser
necessário: "Passar de uma experiência onde a autoridade fala e tudo se
faz para uma experiência de Igreja que valorize os carismas, os dons e os
ministérios que existem na Igreja. O ministério episcopal desempenha um serviço
importante, mas depois é preciso colocar tudo isso a serviço da Igreja, neste
espírito sinodal que significa simplesmente caminhar juntos, todos, e buscar
juntos o que o Senhor nos pede, em nosso tempo".
Por fim, Prevost analisou benefícios e riscos das redes sociais: "As redes
sociais podem ser um instrumento importante para comunicar a mensagem do
Evangelho a milhares de pessoas. Devemos nos preparar para usá-las bem, mas
temo que às vezes tenha faltado essa preparação. Ao mesmo tempo, o mundo atual,
que está em constante mudança, apresenta situações em que realmente temos que
pensar várias vezes antes de falar ou antes de escrever uma mensagem no
Twitter, para responder ou mesmo apenas para fazer perguntas de forma pública,
à vista de todos. Às vezes há o risco de alimentar divisões e
controvérsias", comentou.
"Existe uma grande responsabilidade no uso correto das redes sociais,
porque é uma oportunidade, mas também é um risco. E pode prejudicar a comunhão
da Igreja. Por isso, é preciso ter muita cautela no uso desses meios",
concluiu o agora líder máximo dos católicos.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Reprodução
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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