Filho de vereadora coleciona cargos e transforma boquinha em tradição familiar Prefeita de Ponta de Pedras entra com embargos e deverá recorrer da cassação Mutirão vai garantir hospedagem grátis para 200 visitantes durante a COP30

Ativista é presa ao afirmar que ‘Allah é lésbica’ e Islã é ‘fascista, patricarcal e misógino’

A ativista marroquina laica e feminista, Ibtissam Lachgar, foi presa em Rabat por exibir provocação escrita em árabe

  • 583 Visualizações
  • 11/08/2025, 15:00
Ativista é presa ao afirmar que ‘Allah é lésbica’ e Islã é ‘fascista, patricarcal e misógino’

São Paulo, SP - As ações da ativista marroquina, Ibtissam Lachgar, têm gerado um intenso debate, mesmo entre os ocidentais, colocando Marrocos em uma posição delicada.


Lachgar foi presa em Rabat por exibir uma camiseta com a frase provocativa “Allah is lesbian”, escrita em caligrafia árabe.


O registro foi feito durante o festival feminista “Women Create!” em Londres, em maio, um evento que apoia artistas femininas que enfrentam censura.


A situação se agravou quando, apenas algumas horas antes de ser detida, Lachgar relatou através das redes sociais ter recebido diversas ameaças de morte e violação devido ao seu posicionamento.


Além disso, Lachgar fez declarações contundentes sobre o Islã, chamando-o de “fascista, patriarcal e misógino”, comentários que provocaram indignação em um país onde a religião é uma questão sensível e a blasfêmia pode resultar em penas severas.


O ex-ministro da Justiça e Liberdades, Mustapha Ramid, criticou publicamente as afirmações da ativista e exigiu que medidas legais fossem tomadas contra ela.


Quem é Ibtissam Lachgar?


A trajetória de Lachgar como ativista não é nova; em 2013, ela organizou um “Kiss-in” diante do parlamento marroquino para protestar contra a prisão de jovens por publicarem fotos íntimas nas redes sociais.


Embora tenha enfrentado hostilidade naquele evento, ela não foi presa. Este contraste evidencia as disparidades no tratamento de ativistas dependendo do contexto social e político.


No cenário marroquino, existe uma percepção clara de que os ativistas que operam nas grandes cidades e têm acesso a círculos ocidentais frequentemente escapam da repressão. Em contrapartida, aqueles que atuam fora dessas áreas podem ser severamente punidos sem muito alarde.


Apesar de pertencer a um grupo privilegiado - tendo estudado psicologia em Paris e circulado em ambientes internacionais - Lachgar parece ter cruzado uma linha intransponível com suas últimas declarações.


O futuro de Lachgar


A expectativa agora gira em torno da decisão da Justiça: se a ativista será liberada após o período inicial de detenção ou se permanecerá sob custódia. Caso continue presa, suas perspectivas se tornam sombrias.


Lachgar enfrenta uma solidão crescente entre possíveis aliados. Suas opiniões sobre gênero afastaram as feministas ocidentais, enquanto sua crítica ao Islã não encontra apoio entre os conservadores locais.


Mesmo os liberais marroquinos manifestam simpatia por sua causa, mas hesitam em apoiá-la abertamente devido à radicalidade de suas ideias.


Foto: Reprodução/X

(Com O Antagonista)

Mais matérias Mundo

img
Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.