A presença de Jair Bolsonaro (PL) na posse do presidente argentino, Javier
Milei, no domingo, 10, foi uma aposta da direita bolsonarista para inflar a
popularidade do ex-presidente nas redes sociais e transferir capital político
para figuras como o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e
a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Levantamento da FGV Comunicação Rio, feito a pedido do Estadão, mostra que
aliados atuaram de forma conjunta para celebrar uma "vitória da
direita" e colocar Bolsonaro como uma figura-chave desse campo na América
Latina. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por outro lado, recebeu a
pecha de "anão diplomático" no meio digital por não comparecer ao
evento - a militância petista não conseguiu responder à altura.
A análise teve abrangência de 120 mil posts sobre a posse de Javier Milei no X
(antigo Twitter), Facebook e Instagram, coletados entre os dias 4 e 11 de
dezembro. Segundo o pesquisador da FGV Victor Piaia, o evento foi uma das
grandes apostas do bolsonarismo no ano e, de fato, esse campo concentrou o
debate nas redes sociais frente a uma reação tímida da esquerda.
Segundo o estudo, os elogios ao fato de Bolsonaro ter ocupado uma cadeira
destinada a chefes de Estado chegou mais ao público do que a sua tentativa
frustrada de se infiltrar em uma foto oficial de Milei com presidentes de
outros países que compareceram ao evento, por exemplo.
"A posse do Milei teve, de certa forma, um sentido mais construtivo. É
menos para falar como a esquerda é ruim e mais para exaltar o suposto prestígio
internacional de Bolsonaro", avalia Piaia. A estratégia não foi tão comum
no resto do ano. Na maior parte do tempo, o método principal passou pelo
desgaste aos adversários em questões como o conflito entre Israel e Hamas,
entre outras.
'Herdeiros'
Declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente
Jair Bolsonaro ajudou a alavancar a popularidade de "herdeiros políticos
diretos" durante a viagem a Buenos Aires No Instagram e no Facebook,
destacaram-se imagens de Michelle Bolsonaro e do governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas.
Com relação a Michelle, foram frequentes as comparações com a primeira-dama
Rosângela da Silva, a Janja, reavivando um discurso presente desde as eleições
presidenciais do ano passado A presidente do PL Mulher tem sido uma das
lideranças mais festejadas do partido e pode tentar uma vaga para o Senado
Federal em 2026. Já Tarcísio é considerado um dos favoritos para representar
Bolsonaro em uma nova disputa presidencial.
"Os apoiadores de Bolsonaro tentam reconstruir a imagem do seu líder principal
ao mesmo tempo que prestam grande atenção na relevância política de outras
figuras que podem concorrer nas eleições. Claramente esse evento também foi
utilizado para alavancar a imagem de figuras representativas como Tarcísio e
Michelle", aponta Piaia.
Fonte: Estadão conteúdo
Fonte: Luis ROBAYO / AFP