esde que a privatização do trecho entre a Região Metropolitana de Belém e a Vila de Morada Nova, em Marabá, foi anunciada, muita gente acreditou que a tormenta com buracos, calombos, declives em cabeceiras de pontes e os acostamentos mal alinhados estariam com os dias contados.
A verdade é que, ao priorizar a construção das praças de pedágios, a empresa vencedora da licitação - Rota do Pará - abriu mão de atuar com o mesmo empenho na solução de problemas que atormentam a vida de motoristas desde que a PA-150, a maior das seis rodovias privatizadas, foi construída.
Histórias repetidas
Na última quarta-feira, dia 23, um médico que mora em Belém, mas que toda semana vai a Tucuruí para realizar atendimentos, viu a morte passar perto. Ele conta que voltava para casa com o motorista, à noite, quando ambos se depararam com um caminhão abandonado na pista, próximo à entrada da Perna Leste, em Acará.
O motorista, que corria o que a estrada permitia, desviou para a contramão na tentativa de evitar o obstáculo, mas se deparou com um outro caminhão vindo em sentido contrário. Sem ter o que fazer, reduziu o que pôde, voltou para a mão onde estava e esperou o impacto com o veículo que ocupava metade da pista da Alça Viária sem qualquer sinalização.
“Confesso que, ali, eu nasci de novo. Todo o impacto foi do meu lado e, o que é pior, não tínhamos a quem recorrer. Fomos informados por um motoqueiro que o caminhão estava abandonado na estrada desde de manhã. Como se pode cobrar pedágio em uma estrada com tanto risco e sem qualquer recurso?”, indaga o médico que, mesmo pedindo anonimato, encaminhou para a coluna imagem de como ficou o carro onde ele estava.
Promessas ao vento
A Rota do Pará, concessionária responsável pela administração do trecho em questão, recebeu autorização para iniciar a operação pedagiada nos lotes 1 e 4, compostos pelas Praças de Pedágio 1, 2, 7 e 8, a partir do dia 1º de agosto, inicialmente com informações aos motoristas. Os valores serão anunciados nos próximos dias.
Os trechos que englobam as rodovias PA-150, PA-475, PA-483 e da Alça Viária, além de trechos da PA-252 e PA-151, foram assumidos pela empresa em agosto de 2024 - e são justamente os que mais guardam lembranças desastrosas por quem trafega por essas bandas.
Atualmente, os 500 quilômetros entre Belém e Marabá são percorridos em torno de 12 horas se a viagem for feita por um carro de passeio, durante o dia. Um motorista experiente ouvido pela coluna conta que a principal armadilha está nos buracos nas laterais da pista. Quando coincidem com carros vindo na direção contrária, é preciso escolher entre puxar para a esquerda e colidir ou cair no buraco.
A previsão de investimentos e economia para os cofres públicos com o início do trabalho de cobrança de pedágio nas rodovias são corroborados por estudos técnicos sérios, o que torna assertiva a adesão do governo paraense a um método mundialmente eficiente de gestão de rodovias. Mas a ponderação feita pelos motoristas paraenses é, justamente, sobre ter que pagar, ao menos neste momento, por um serviço que está longe de valer a pena.
Palavra da Rota
Questionada sobre todas ponderações apresentadas na matéria, a Rota do Pará encaminhou nota à coluna, a qual pode ser conferida abaixo, na íntegra.
A autorização para o início das operações nas praças de pedágio da Rota do Pará foi dada após vistoria técnica realizada pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Seinfra), Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos de Transporte (Artran) e empresa verificadora independente, na qual foram atestados os requisitos de qualidade das rodovias, de acordo com cronograma de investimentos previsto no edital de concessão.
Os recursos arrecadados nas Praças de Pedágio serão aplicados para a execução de melhorias nas rodovias de acordo com o cronograma estabelecido junto ao Poder Concedente, além de manutenção constante das mesmas.
Por fim, a Rota do Pará disponibiliza serviços essenciais aos usuários, como assistência 24 horas com guinchos, ambulâncias e sistemas de monitoramento avançados, reforçando a segurança e a eficiência no tráfego. Estes serviços podem ser acionados pelo número 0800 150 1150, tanto por ligação, quanto por mensagem de WhatsApp.
Papo Reto
•Ricardo Gluck Paul (foto), presidente da Federação Paraense de Futebol, anuncia que Belém sediará o Seminário Regional de Arbitragem da CBF. Trata-se de um evento inédito, que coloca a arbitragem paraense no centro de um importante de capacitação e valorização.
•Aliás, a FPF implantou seu próprio VAR, garantindo autonomia operacional e abrindo novas portas aos árbitros. Mais de 35 árbitros paraenses estão aptos a operar a tecnologia em competições nacionais.
•Menos da metade das pessoas retornam ao posto médico para receber a segunda dose da vacina contra a dengue.
•Enquanto isso, as hepatites virais já causaram mais de mil mortes no Brasil só em 2024.
•Portaria do Conselho Federal de Medicina proibiu a utilização de anestesia para a realização de tatuagens, "independentemente da extensão ou localização" do desenho.
•A dívida pública avançou 2,77% em junho, alcançando R$ 7,8 trilhões, diz o Tesouro Nacional, com duros reflexos nas taxas de juros e de crescimento do País, impactando emprego, renda e até a inflação.
•A partir desta sexta, a Petrobras reduzirá o preço do gás natural em 14% nas distribuidoras.
•No entanto, pode tirar seu cavalinho da chuva quem crê num impacto proporcional de queda no valor do combustível ao consumidor final.
•Ao desistirem de esperar pelo governo, entidades ligadas ao agro brasileiro buscam, freneticamente, pessoas de relevância internacional para intercederem antes que o tarifaço arruíne seus negócios.