eleição parece estar longe do fim em Abaetetuba, município da região do Baixo Tocantins, no Pará. A diferença de apenas 32 votos entre a prefeita reeleita Francineti Carvalho, do MDB, e o segundo colocado, Adamor Bitencourt, do PP, em um universo de 100 mil eleitores, deixou a todos em polvorosa.
Em mais um
desdobramento na polêmica, uma liminar concedida na
quinta-feira, 24, e publicada na edição do Diário da Justiça Eletrônico de
ontem, 25, pelo juiz eleitoral Rafael Fecury, do TRE, suspendeu o processo de
apuração da eleição no município.
Esses 32 votos de
diferença entre a candidata do MDB e o candidato do PP geraram muita
polêmica e desconfiança com o resultado do pleito. O derrotado Adamor
Bitencourt articulou e se cercou de forte assessoria jurídica, que
entrou em campo averiguando denúncias e cobrando
do Cartório Eleitoral de Abaetetuba as chamadas
zerésimas - relatórios emitidos antes de começar a votação - e atas
para comprovar supostas irregularidades que, segundo os advogados, teriam
comprometido o resultado da eleição.
Na quinta-feira, 10 de outubro
passado, várias viaturas das polícias federal e militar amanheceram
na porta do Cartório Eleitoral. Pelo desenrolar dos
fatos, tudo poderia acontecer, inclusive, até uma outra
eleição em Abaetetuba. E a liminar do
juiz Rafael Fecury detalha em seu despacho
que, “especialmente em razão de supostas dificuldades no acesso a
documentos essenciais à fiscalização do pleito, a continuidade do processo
eleitoral, enquanto não se julga a exceção de suspeição, poderá causar prejuízo
irreparável à lisura das eleições”.
Despacho da Justiça
O despacho prossegue com: “O Código
de Processo Civil permite a suspensão do processo originário em casos de
exceção de suspeição, conforme previsto no art. 146, §2º, II. Confira-se: Art.
146. No prazo de 15 dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o
impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo,
na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em
que se fundar a alegação e com rol de testemunhas”.
O juiz enfatizou que,
“considerando a natureza das alegações, que apontam para a potencial perda de
legitimidade do processo eleitoral, bem como o risco de dano irreparável ao
julgamento final, entendo que o pedido de suspensão do feito merece
acolhimento, apesar de considerar ainda ausentes provas suficientes da
necessidade de afastamento dos exceptos antes do julgamento do mérito do
presente incidente, sem embargo de não ter sido requerida a suspensão dos atos
processuais passados na exceção de suspeição”.
O magistrado deferiu
parcialmente o pedido formulado pela coligação liderada
por Adamor Bitencourt, determinando a suspensão do
processo eleitoral em Abaetetuba, “para os atos que porventura viessem a
ser praticados, até o julgamento final do presente incidente de suspeição”, e
remeteu os autos ao Ministério Público Eleitoral “para manifestação
acerca do agravo, no prazo de 48 horas, nos termos do art. 163 do Regimento
Interno do TRE do Pará”.
Recontagem de votos
A equipe jurídica de Adamor
Bittencourt buscou na Justiça Eleitoral a impugnação de urnas que não
tiveram as zerésimas e atas disponibilizadas à vista de todos para que fossem
conferidas. Além disso, muitas mídias não chegaram ao Tribunal
Regional Eleitoral, o que fez com que, em pelo menos 37 urnas, ou
seja, 10% do total no município, houvesse recontagem de votos.
A juíza Fernanda Azevedo Lucena disse
que a eleição ocorreu dentro da normalidade e que não houve nenhuma
irregularidade. Dentre as supostas irregularidades, segundo os advogados da
coligação de Adamor, estaria a falta da emissão das zerésimas nas seções
200/288,
Ainda de acordo com os
advogados, a juíza eleitoral não teria atendido adequadamente aos pedidos
para investigar a situação, o que levantou suspeitas sobre
o processo. Além disso, afirmaram que o boletim que resume o resultado de
cada urna ao final da votação, também teria sido emitido de maneira irregular
após a intervenção de um técnico.
O impasse seguiu na Justiça, e o
desfecho seguiu as investigações conduzidas pela Polícia Federal.
Enquanto o processo era analisado, o clima de tensão e incerteza
pairava sobre o resultado apertado da eleição.
“Filha deste chão”
Francineti Carvalho foi a
primeira prefeita de Abaetetuba e também foi reeleita na
eleição 2024, e falou que “a importância de termos mulheres nos
espaços de poder reside no fato de que só teremos uma democracia
verdadeira, quando houver equidade no poder, com igualdade nas
decisões e a presença tanto do olhar masculino quanto do feminino nas políticas
públicas”.
Ela se apresenta no perfil do
Instagram como “prefeita de Abaetetuba", reeleita para
o quarto mandato. É mãe, psicóloga e “filha deste
chão”.
Francineti foi mais uma
gestora na lista das 22 prefeitas que o MDB conseguiu eleger ou reeleger no
Pará. Em uma postagem no Instagram, a deputada federal Elcione Barbalho
destacou "a eleição de 22 mulheres no Pará pelo nosso MDB”.
Papo Reto
· Na
reta final da campanha de segundo turno, a prefeita de Marituba, Patrícia
Alencar (foto), saiu distribuindo simpatia até em Icoaraci no
esforço para eleger Igor Normando, o candidato do MDB, em Belém.
· De
um leitor da coluna, de olho nos passos da prefeita: “Por onde ela passa é uma
festa, mas quem mais dança é a população de Marituba”. E explica: “em quatro
anos, a prefeita não construiu uma escola e nem um posto de saúde”. A
bronca é livre e, se ela dança, eu danço.
· Pense
na agonia da torcida bicolor: o Ceará recebe o Paysandu, hoje, doido para
entrar no G-4; a equipe paraense, aperreada para evitar a queda.
· Veja
como são as coisas: o governo Lula vê uma necessidade premente para promover
mudança nas agências reguladoras. Essas agências, como se sabe, “não são flor
que se cheire”; as razões para a mudança, muito menos.
· A
proposta deve sair das Advocacia-Geral da União, com sugestões de ministérios.
Qual é o foco da mudança? O fato de os dirigentes das agências terem sido
indicados pelo governo anterior. Isso basta.
· Se
a moda pega, vai rolar toga de ministros das cortes superiores “pra todo lado”,
parodiando o governador Helder Barbalho sobre o candidato Eder Mauro.
· Acredite,
o telescópio com a maior câmera digital do mundo - Observatório Vera Rubim -,
que está chegando, deve revolucionar o que se conhece sobre astronomia.
· A
sua capacidade de visão do universo poderá identificar até 17 bilhões de
estrelas e 20 bilhões de novas galáxias até aqui desconhecidas.