Organizações exigem captura de madeireiros condenados e fim da impunidade que já dura 11 anos.
COP30 também é palco de cobrança internacional. Lideranças da Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana e da Organização Regional Ucayali aproveitaram a visibilidade da conferência em Belém para exigir que o governo do Peru cumpra, enfim, a sentença de 28 anos e 3 meses imposta aos madeireiros Hugo Soria Flores, José Estrada Huayta e aos irmãos Segundo e Josimar Atachi Félix, condenados pelo assassinato de quatro lideranças asháninkas em Saweto, em 2014, que seguem soltos.


Foram 11 anos até que, em 25 de agosto deste ano, a Primeira Câmara Criminal de Ucayali ratificou a sentença de primeira instância. Para o apu Jorge Pérez, presidente da Aiadesp, a confirmação representa um marco, mas é insuficiente.
“Os líderes foram assassinados defendendo seu território. E outros crimes seguem impunes”, afirmou. O apu Jamer López, presidente da Orau, sublinhou o alcance da violência: “Não se trata apenas de quatro autoridades mortas. São mais de 35 defensores indígenas assassinados nos últimos anos, sem avanços reais”.
Documento enviado à Coluna Olavo Dutra descreve o clima de medo e esquecimento que domina a região fronteiriça entre Peru e Brasil. Das 27 famílias que viviam em Saweto à época dos assassinatos, 20 permanecem - muitas lideradas por mulheres - que assumiram a sobrevivência da comunidade diante do abandono estatal e da pressão permanente de quadrilhas de madeireiros.
Um estudo da organização Proética demonstra que o esquema de madeira ilegal no Peru replica o que se vê em boa parte da Amazônia brasileira: inventários florestais falsificados, concessões manipuladas, fiscalização mínima e uma cadeia empresarial e logística capaz de “legalizar” o que nasce criminoso. É um sistema que alimenta corrupção, violência e destruição ambiental e que quase sempre termina em sangue.
A derrubada ilegal da floresta acelera a crise climática, destrói modos de vida, aprofunda desigualdades e - como em Saweto - elimina quem resiste. Por isso, as lideranças peruanas trouxeram o caso à COP30: para exigir ação imediata na captura dos condenados e pressão política para concluir o julgamento.
Pedem ainda o cumprimento do Plano de Ação Saweto, que prevê pensões, apoio educacional e laboral para órfãos, reforço de segurança e mecanismos efetivos de proteção aos defensores de direitos humanos - especialmente as mulheres que, hoje, mantêm a comunidade de pé.
Saweto voltou ao mapa pela voz de quem perdeu tudo - menos a coragem. Se a COP30 discute o futuro da Amazônia, o Peru foi lembrado de que esse futuro começa por um gesto simples: fazer justiça.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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