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Desvios do INSS: Polícia Federal considera presidente da Conafer foragido

Carlos Roberto Ferreira Lopes é apontado como líder de esquema que desviou recursos de aposentadorias

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  • 15/11/2025, 19:00
Desvios do INSS: Polícia Federal considera presidente da Conafer foragido

São Paulo, SP - A Polícia Federal considera como foragido o presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes (foto), após não encontrá-lo na operação deflagrada na última quinta-feira, 13. 


Ele é apontado como líder do esquema que desviou recursos de aposentadorias por meio de cobranças indevidas inseridas no sistema do INSS. A prisão preventiva foi decretada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal.


Investigadores afirmam que Lopes comandava a fraude. Segundo a Controladoria-Geral da União, a Conafer ficou entre as entidades com maior volume de descontos em aposentadorias entre 2019 e 2024, movimentando R$ 484 milhões no período.


A PF cumpriu nove dos dez mandados de prisão preventiva autorizados pelo STF. Entre os detidos estão ex-dirigentes do INSS, empresários ligados à Conafer e operadores financeiros do grupo. 


O único mandado ainda pendente é o de Carlos Lopes. A operação é fruto de uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023 que expuseram o avanço irregular das cobranças de entidades conveniadas.


As investigações mostram que a Conafer recebeu mais de R$ 708 milhões do INSS e desviou cerca de 90% dos valores para empresas de fachada. 


As planilhas apreendidas apontam pagamentos sistemáticos de propina a dirigentes do instituto. O material foi entregue ao ministro André Mendonça, que autorizou 63 mandados de busca e apreensão.


Propinas e implicações no INSS


A PF afirma que o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto, preso na operação, aparecia nas planilhas com o codinome “italiano” e teria recebido propina mensal de R$ 250 mil. 


O relatório cita ainda repasses feitos por meio de empresas de fachada, entre elas uma pizzaria. Stefanutto teria atuado para manter o fluxo de pagamentos à Conafer mesmo após suspeitas internas.


Outro nome que surge na investigação é o do ex-procurador-geral do INSS Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira. A PF identificou depósitos que somam R$ 6.575.000,12 entre 2022 e 2024. 


Mensagens interceptadas mostram que ele era tratado como “Herói V” ou “Procurador”. O relatório atribui a ele manifestações favoráveis ao desbloqueio de repasses sob suspeita.


O operador financeiro da Conafer, Cícero Marcelino de Souza, preso nesta quinta, mantinha o controle dos pagamentos e registrava repasses em planilhas e mensagens. As perícias cruzaram valores, datas e contas usadas pelo grupo, confirmando o padrão de movimentação descrito pelos investigadores.


CPMI do INSS


Carlos Roberto Ferreira Lopes depôs na CPMI do INSS em setembro e chegou a ser preso em flagrante por falso testemunho, mas pagou fiança e foi liberado. 


Em entrevista no dia 15 de outubro, ele negou qualquer intenção de fuga. 


“Se fui lá sem habeas corpus, pedi para depor, como você julgaria que esse cara quer fugir?”, disse à Folha. Ele afirmou que trabalhava regularmente e que sua entidade “não oferece nenhum risco para a sociedade”.


O presidente da Conafer também acusou a comissão parlamentar de ser seletiva e afirmou que se tornou “boi de piranha” em uma suposta disputa política. 


“Estão batendo naqueles que são grandes para esconder os que não existem”, disse. Segundo ele, haveria “uma agenda política para destruir e privatizar a previdência”.


A Polícia Federal sustenta que Lopes centralizava as decisões financeiras e orientava a estrutura da fraude. De acordo com o relatório, ele também determinava que contratados visitassem idosos para colher assinaturas sob o pretexto de atualizar dados cadastrais.


Foto: Carlos Moura/Agência Senado

(Com O Antagonista)

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.