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Reconhecimento

Nobel da Paz vai para a venezuelana María Corina Machado e frustra Trump

Governo americano acusou o comitê de privilegiar "a política em detrimento da paz", ao não reconhecer o papel de Trump em negociações recentes

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  • 10/10/2025, 18:30
Nobel da Paz vai para a venezuelana María Corina Machado e frustra Trump





Oslo, NOR - O Prêmio Nobel da Paz de 2025 foi concedido a María Corina Machado, líder da oposição da Venezuela. O Comitê Norueguês do Nobel, que organiza o prêmio, concedeu o prêmio a Machado "por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia".


A líder da oposição da Venezuela foi elogiada por ser uma "figura-chave e unificadora em uma oposição política que antes era profundamente dividida - uma oposição que encontrou um ponto comum na demanda por eleições livres e governo representativo", disse Jørgen Watne Frydnes, presidente do comitê norueguês do Nobel.


"No último ano, a Sra. Machado foi forçada a viver escondida. Apesar das sérias ameaças à sua vida, ela permaneceu no país, uma escolha que inspirou milhões. Quando autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem", disse Frydnes.


O governo do ditador Nicolás Maduro perseguiu diversos oponentes antes das eleições presidenciais do ano passado. Machado deveria concorrer contra Maduro, mas o governo a desqualificou. A líder da oposição apoiou o diplomata Edmundo González Urrutia em seu lugar. O período que antecedeu a eleição foi marcado por repressão generalizada, incluindo desqualificações, prisões e violações de direitos humanos.


A repressão à dissidência só aumentou depois que o Conselho Nacional Eleitoral do país, que conta com a participação de apoiadores de Maduro, o declarou vencedor, apesar de evidências críveis em contrário. Os resultados das eleições anunciados pelo Conselho Eleitoral geraram protestos em todo o país, aos quais o governo respondeu com força e que culminaram com mais de 20 mortos. A repressão também levou ao fim das relações diplomáticas entre a Venezuela e vários países, incluindo a Argentina.


Machado se escondeu e não é vista em público desde janeiro. Um tribunal venezuelano emitiu um mandado de prisão para González, que se mudou para a Espanha e recebeu asilo.


O presidente do comitê norueguês do Nobel, Jørgen Watne Frydnes, foi questionado se a líder venezuelana poderá comparecer à cerimônia do Nobel, que será realizada em dezembro, em Oslo. Ele afirmou que o comitê não sabe se as condições de segurança irão permitir a participação presencial de María Corina Machado. "É uma questão de segurança. É muito cedo para dizer. Sempre esperamos ter o laureado conosco em Oslo, mas esta é uma situação de segurança séria que precisa ser resolvida primeiro", disse Frydnes.


Vitória de Machado frustra Trump


A vitória de Maria Corina Machado frustra a campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que mencionou publicamente que deveria vencer o Nobel da Paz e disse que, se não vencesse, o comitê estaria "desrespeitando" os Estados Unidos. O republicano esperava que o cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que foi anunciado na quarta-feira, 8, pudesse garantir o prêmio a ele.


Frydnes foi questionado por um repórter sobre como a campanha pública do presidente Trump para o prêmio pode ter afetado as deliberações sobre o mesmo. Ele respondeu que o órgão recebe cartas todos os anos apoiando candidatos específicos, mas que o único princípio norteador para a seleção do ganhador são aqueles estabelecidos por Alfred Nobel, quando ele criou o prêmio.


Trump está obcecado em ganhar o prêmio há anos, com reclamações em público e em particular que não recebeu a homenagem. Vários grupos ou indivíduos - incluindo os líderes de Israel, Paquistão e Camboja - disseram que o indicaram, embora o prêmio deste ano tenha como objetivo homenagear conquistas em 2024, antes do retorno de Trump à Casa Branca.


Casa Branca se manifesta


O governo norte-americano reagiu com críticas à decisão do Comitê Norueguês do Nobel de não conceder o Prêmio da Paz de 2025 ao presidente dos EUA, Donald Trump. Em publicação no X, o assessor da Casa Branca Steven Cheung afirmou que o republicano "continuará fazendo acordos de paz, encerrando guerras e salvando vidas".


O assessor acusou o comitê de privilegiar "a política em detrimento da paz", ao não reconhecer o papel de Trump em negociações recentes. Segundo Cheung, o republicano "tem o coração de um humanitário, e nunca haverá alguém como ele, capaz de mover montanhas pela pura força de sua vontade”.


Sobre o Nobel da Paz


O prêmio Nobel da Paz é concedido, desde 1901, a homens, mulheres e organizações que trabalharam para o progresso da humanidade, conforme o desejo de se criador, o inventor sueco Alfred Nobel. Ele é lembrado como o patrono das artes, das ciências e da paz que, antes de morrer, no limiar do século 20, transformou a nitroglicerina em ouro.


O prêmio é entregue pelo Comitê Norueguês do Nobel, composto por cinco membros escolhidos pelo Parlamento norueguês. O vencedor recebe, além de uma medalha de ouro, uma premiação em dinheiro. Em 2023, a Fundação Nobel afirmou que os ganhadores do Premio Nobel irão receber 11 milhões de coroas suecas (R$ 4,8 milhões)


Foto: AFP

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.