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Palestino de documentário vencedor do Oscar é morto na Cisjordânia, diz diretor

Em março, o codiretor palestino Hamdan Ballal foi linchado por colonos israelenses e detido por militares das Forças de Defesa de Israel, que atuam na Cisjordânia.

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  • 29/07/2025, 12:18
Palestino de documentário vencedor do Oscar é morto na Cisjordânia, diz diretor

São Paulo, SP - O ativista palestino Odeh Hadalin, conhecido por sua atuação contra demolições promovidas por Israel e por sua participação no documentário vencedor do Oscar Sem Chão, foi morto nessa segunda-feira, 28, após ser baleado por um colono israelense na vila de Umm al-Kheir, na Cisjordânia A informação foi confirmada por Yuval Abraham, um dos diretores do filme.


Segundo Abraham, moradores identificaram o autor do disparo como Yinon Levi, colono israelense que já havia sido sancionado pela União Europeia e pelos Estados Unidos. A morte de Hadalin, que era também professor e pai de três filhos, reacende a atenção internacional para a crescente violência entre colonos e palestinos em território ocupado.


A cidade de Hebron, próxima à vila onde ocorreu o ataque, é uma das áreas mais tensas da Cisjordânia, onde mais de 140 assentamentos israelenses continuam se expandindo, abrigando atualmente cerca de 450 mil colonos. A comunidade internacional considera essas construções ilegais, uma vez que são erguidas em território palestino ocupado.


Repercussão e denúncias


A morte de Hadalin provocou forte repercussão entre ativistas e políticos. O deputado israelense Ofer Cassif, opositor do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, lamentou publicamente o ocorrido e destacou o papel de Hadalin como uma voz da resistência local.


Pouco após o ataque, Yuval Abraham usou as redes sociais para relatar o crime. "Um colono israelense acaba de atirar nos pulmões de Odeh Hadalin, um ativista notável que nos ajudou a filmar Sem Chão em Masafer Yatta", escreveu. Horas depois, anunciou a morte: "Odeh acabou de morrer. Assassinado."


Violência recorrente contra envolvidos no filme


Não é o primeiro caso de violência contra integrantes da equipe por trás de Sem Chão. Em março, o codiretor palestino Hamdan Ballal foi linchado por colonos israelenses e detido por militares das Forças de Defesa de Israel, que atuam na Cisjordânia.


Testemunhas relataram que Ballal foi agredido fisicamente, algemado e mantido vendado em uma base militar, onde dois soldados o espancaram enquanto ele permanecia no chão. A agressão teria começado após colonos judeus tentarem roubar ovelhas de moradores palestinos da cidade de Susiya.


Ballal foi libertado no dia seguinte, mas o caso gerou indignação entre defensores dos direitos humanos e reforçou a denúncia de abusos cometidos por colonos sob a proteção do Exército.


‘Sem Chão’


O documentário Sem Chão retrata o cotidiano dos moradores de Masafer Yatta, região que o Exército israelense designou como zona de treinamento militar com fogo real desde os anos 1980. A obra é dirigida por quatro cineastas: os palestinos Hamdan Ballal e Basel Adra, e os israelenses Yuval Abraham e Rachel Szor.


O filme documenta a luta contra a expulsão de cerca de mil palestinos, a maioria árabes beduínos, que vivem sob constante ameaça de remoção forçada. Casas, plantações, reservatórios de água e tendas frequentemente são demolidos pelos militares, e os moradores temem uma expulsão total iminente.


Foto: Acervo Pessoal

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.