emana passada, a Coluna Olavo Dutra publicou uma reportagem com a fala do presidente da Conferência do Clima da ONU, em Belém, o embaixador André Corrêa do Lago, segundo quem a capital paraense será a sede de todos os eventos da COP30 e que o problema que ele vê, neste momento, é a questão do alto preço de hospedagem. O problema continua e é preocupante.
Uma postagem nas redes sociais mostrou que a Secretaria Extraordinária para a COP30 pediu orçamentos para hospedar a equipe durante a Conferência em três hotéis diferentes de Belém. O mais barato foi de R$ 3,9 milhões. Em um dos orçamentos, a Secretaria pediu por 18 quartos e recebeu o valor de R$ 7.521.184,00 por 15 dias, ou seja, o valor do quarto é de R$ 27.856 por noite. Em outro, o valor foi de R$ 30.154.380,00 por 70 quartos durante 15 dias, sendo R$ 28.718 a noite. O terceiro cobrou R$ 3.969.000,00 por 15 quartos para 20 dias, no que ficaria R$ 13.230 a diária. Nem os hotéis de Dubai chegam a tanto.
Preços abusivos
Essas cotações estão dentro de um processo da Secretaria Nacional do Consumidor, que apura os preços abusivos que estão sendo cobrados por hospedagens durante a COP30, e que chegaram à imprensa.
Nessas condições de preços altíssimos, está se tentando de tudo para conseguir que os valores das hospedagens se tornem mais acessíveis: de navios no Porto de Outeiro a aluguéis de beliches, passando por quartos de motéis reformados, além de uma plataforma que pretende unificar, em um só local digital, todas essas ofertas.
Hotéis lotados
Para Tony Santiago, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará, o que provocou espanto da alta de preços não foi por conta da hotelaria, “porque, se assim fosse, nenhum hotel estava lotado”. “O problema foi com as plataformas de hospedagem, que alguns proprietários perderam a noção de preços e isso repercutiu bastante”, aponta.
“Não é exatamente porque alguns hotéis tenham exagerado; é a lei do mercado. Os que exageram não vão conseguir vender e vão acabar recuando, mas eles são poucos. Desde o início, informamos ao mercado e às autoridades que iríamos dispor em torno de 18 mil leitos, o que não seria suficiente. O restante seria complementado com plataformas de hospedagem, navios, hostels, escolas e outros. E é exatamente o que está acontecendo”, complementa.
Diárias variáveis
O Instituto de Desenvolvimento da Amazônia está oferecendo opções coletivas e mais acessíveis de acomodação em Belém para a COP30, entre os dias 10 e 21 de novembro. Sob a proposta de “hospedagem com propósito”, a plataforma oferta opções de dormitórios masculinos e femininos em localização estratégica e com compromisso socioambiental.
As diárias variam entre R$ 820 (sem ar-condicionado) e R$ 880 (com ar-condicionado) por pessoa. Até o momento, estão disponíveis 998 vagas de hospedagens em três locais, todos distantes cerca de três e quatro quilômetros do Parque da Cidade, a Blue Zone, que deve concentrar a maior parte dos eventos da Conferência.
Os alojamentos, para adultos e somente com beliches, ficarão na sede da Tuna Luso Brasileira, localizada na avenida Almirante Barroso, bairro do Souza; no Pará Clube, na travessa Lomas Valentinas, bairro do Marco; e na Associação Cultural Bela Vista, na rua Florianópolis, bairro de Val-de-Cans, com acesso pela avenida Júlio César, que leva ao aeroporto.
As vagas são 598 reservadas a homens e 400 a mulheres, e além de acessibilidade, os hóspedes poderão contar com wi-fi, academia, estacionamento, restaurante e área de lazer com piscina.
Escolas públicas
O governo do Pará divulgou que está reformando 17 escolas públicas estaduais em Belém que devem funcionar como hostels durante a COP30. As unidades receberão novos banheiros e beliches, ampliando a capacidade de acomodação para cerca de 5 mil pessoas. O orçamento total é de R$ 68 milhões, com média de R$ 4 milhões por escola.
Segundo o governo, a reforma de cinco das 17 escolas já foi concluída: “Ulisses Guimarães”, na avenida Governador José Malcher; “Augusto Meira”, na José Bonifácio; “Paulo Maranhão”, na avenida Generalíssimo Deodoro; “Aldebaro Klautau”, próximo no Conjunto Tapanã; e “Mestre Idalina Rodrigues Pereira”, na travessa São Roque, antigo prédio da escola Madre Celeste, em Icoaraci.
O restante das 12 unidades não teve o percentual de andamento e nem a previsão de término divulgados pelo governo do Pará.
Novos hotéis
A Região Metropolitana de Belém está com oito hotéis em construção e a associação do setor estima que haverá ganho de 3 mil leitos. O número de quartos disponíveis, bem como os altos preços para reservas no período da Conferência, está entre os principais desafios para a realização do evento, que deve receber de 40 mil a 50 mil pessoas.
“Atualmente, há oito hotéis em construção - sete na capital e um em Castanhal. Vamos passar de cerca de 18 mil leitos para 21 mil”, afirma Tony Santiago, que diz também que, desde o ano passado, por conta da realização da Conferência, a taxa média de ocupação dos hotéis de Belém passou de 45% a 50% para 70%.
Santiago lembra ainda que, além dos novos empreendimentos, muitos hotéis da cidade estão sendo reformados para a COP. Há dois hotéis de luxo em construção em Belém: o Vila Galé Collection Amazônia, do grupo português, e o Tivoli Maiorana, do grupo tailandês Minor Hotel.
O primeiro, às margens da Baía do Guajará, está instalado em armazéns restaurados do antigo porto de Belém, inaugurado em 1909, e será inaugurado oficialmente no dia 31 de outubro, com abertura antecipada para o dia 9, para receber turistas que chegam para o Círio de Nazaré.
O investimento total é de R$ 180 milhões e segundo o engenheiro da obra, Fábio Oliveira, as obras estão quase 70% concluídas e contam com 227 quartos em três blocos de cerca de 2 mil metros quadrados cada. A diária, durante os dias do evento da ONU, ficou entre R$ 2.500 e R$ 3.000, este, o valor da suíte master.
O hotel da rede Tivoli tem investimento do grupo Roma, do empresário Romulo Maiorana Jr., que batizou a unidade do Tivoli Maiorana. Está sendo construído - retrofitado - no antigo prédio da Receita Federal, que sofreu um incêndio em 2012 e, desde então, estava ocioso. O edifício fica a poucos metros da Estação das Docas e próximo ao mercado do Ver-o-Peso. A inauguração está prevista para o segundo semestre, antes do Círio de Nazaré.
As diárias, para os dias da Conferência, ficarão a partir de R$ 10 mil, mas fora desse período, as tarifas serão a partir de R$ 4 mil.
Belém também ganhará um hotel na área do aeroporto da cidade, com o Transamérica Executive, implantado pelo empresário paraense Felipe Santos, em um prédio que estava sem uso. Segundo informações do Aeroportos do Norte da Amazônia, responsável pela operação e infraestrutura do aeroporto, vai ser construída uma passarela ligando o local ao hotel. O empreendimento de R$ 30 milhões será inaugurado em duas etapas, sendo a primeira em 1º de setembro deste ano, com 79 quartos.
Em Castanhal, a 75 km de Belém, está sendo construído um hotel da Rede Bristol, no centro da cidade, com 140 apartamentos. No bairro da Marambaia, na capital, um outro hotel da mesma rede será inaugurado, com 140 quartos, restaurante e salão de convenções para 700 pessoas.
Quartos de motel
Os motéis de Belém se preparam para oferecer hospedagem aos participantes da COP 30. “Na região metropolitana, há 2.500 quartos de motel, que podem hospedar 5 mil pessoas, o que contribui para ajudar na falta de acomodação”, avalia Ricardo Teixeira, diretor regional da Associação Brasileira de Motéis, em Belém. "Além disso, são quartos com garagem exclusiva, o que ameniza bastante o problema do trânsito, porque ninguém vai precisar estacionar carro na rua, na frente do hotel”.
Costa avalia que poderia hospedar de três a quatro pessoas por suíte, "levando em conta que há apenas um banheiro". "Eu prefiro alugar o motel inteiro para uma única comitiva. No momento, fiz uma proposta para um grupo de Taiwan. Se eles aceitarem, terei que fazer várias adaptações", afirma.
Teixeira estipulou o valor da diária para a COP 30, no seu motel, a partir de US$ 750 - cerca de R$ 4.400 -, para duas pessoas, com café da manhã e jantar inclusos. Há dois tipos de quartos: o apartamento de 21 m² e a suíte de 42 m².
Papo Reto
•Partidos aliados do prefeito Igor Normando (foto) reclamam da falta de acesso a ele. Inicialmente, culpavam o então chefe de Gabinete, Cleiton Chaves, mas a mudança de chefe de Gabinete não removeu a blindagem do alcaide.
•Mesmo partidos com representação na Câmara, como PCdoB, Rede e PRD não conseguem se aproximar do prefeito, cuja fama de “distante” da política vai se consolidando.
•As férias escolares de 2025 nas redes pública e privada ficaram assim definidas, em função da COP30: 15 dias em julho e 15 dias em novembro. A segunda quinzena de julho será de aulas nas escolas.
•Os professores, no entanto, estão descrentes com o comparecimento dos alunos na segunda quinzena de julho. E os próprios discentes já adiantam que dificilmente vão retornar conforme o previsto.
•A Escola Municipal Helder Fialho, no bairro da Brasília, em Outeiro, está há tempo sem diretor. Ninguém aceita a função devido à localização extrema da unidade de ensino, distante 32 km da sede da Semec, em Nazaré.
•Depois do barulho nas redes sociais, a Secretaria de Imprensa da Prefeitura de Belém informa que a Sala Armando Balloni já foi devolvida ao Museu de Arte de Belém, o Mabe, permanecendo assim na sua função original e principal, e não a de ser área de administração.
•A Federação das Quadrilhas Juninas do Pará ‘repudia veementemente o novo edital da Prefeitura de Belém’ sobre o setor.
•E questiona como quem sempre dizia que não tinha valores para o aumento das premiações e número de grupos premiados para compor o concurso e agora promete premiação de R$ 40 mil para o 1° lugar?
•A Federação informa ainda que a decisão de seus grupos federados continua a mesma: não dançar em forma de repúdio.