Reitoria da Ufra toma decisão surpreendente e inédita ao adiar calendário acadêmico, o chamado “recessão”

Calendário 2023, que começaria na próxima segunda-feira, 27, foi adiado para 8 de janeiro de 2024

21/11/2023, 12:20
Reitoria da Ufra toma decisão surpreendente e inédita ao adiar calendário acadêmico, o chamado “recessão”
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reitora da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Herdjania Veras de Lima, tomou mais uma decisão estranha para boa parte da comunidade acadêmica: adiou o início deste semestre letivo - o calendário 2023.2, que começaria na próxima segunda-feira, 27 de novembro -, para 8 de janeiro de 2024, alegando questões de organização administrativa. A medida está sendo jocosamente chamada de “recessão”.



Comunidade acadêmica atribui medida à interferência do Ministério Público Federal na gestão da Universidade relacionada aos mandatos “pro-tempore”/Fotos: Divulgação.
 

É que, na avaliação de alguns técnicos e docentes, os 22 dias de adiamento, de agora, vão exigir um jogo de cintura muito grande para não atropelar os calendários acadêmicos da Universidade em 2024. Um técnico disse à coluna que foi uma decisão “na surdina”, mas acordada por diretores de diversas áreas, hoje devidamente controladas pela reitoria.


Cadê as eleições?

 

Uma das hipóteses levantadas para a decisão da reitora Herdjania Lima de adiar o calendário acadêmico pode ser a pressão do Ministério Público Federal, que já recebeu denúncias sobre a ausência de eleições para os diversos cargos de diretoria de centros e institutos da Universidade. Nos últimos dois anos, tempo da gestão de Herdjania Lima, os mandatos terminam e as eleições não acontecem.

 

Chapa branca

 

A estratégia adotada nesse tempo é de que a cada mandato encerrado em um centro ou instituto da UFRA, um diretor da confiança de Herdjania Lima é nomeado pro-tempore, ou seja, o cargo - pro-tempore -, que deveria ser temporário, quando por algum motivo o processo eleitoral não foi realizado a tempo do fim do mandato em questão, está virando permanente em todas as áreas.

 

 “O grande problema é que as diretorias estratégicas da Ufra, que deveriam ser eleitas pelo voto da comunidade acadêmica, ou seja, técnicos, docentes e estudantes de cada área viraram diretorias ‘chapa-branca’, controladas pela reitoria. O pro-tempore virou ad eternum para beneficiar decisões unilaterais, que nem sempre zelam pelo bem da comunidade acadêmica”, diz a fonte da coluna.

 

Denúncia; mais uma


A situação das diretorias nomeadas pela reitora por tempo indeterminado, em lugar da realização das eleições diretas, foi tema de denúncia ao Ministério Público Federal, que deve abrir procedimento para apurar o caso. Nos bastidores, essa informação da denúncia pode ter fomentado a decisão da “recessão” de 22 dias, tempo em que é possível organizar os processos eleitorais para que, a partir da notificação do MPF, a Reitoria da UFRA arranje uma resposta sobre os pleitos que colocarão nos cargos de diretores nomes que de fato representem a comunidade acadêmica.

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