Vereador é cassado em Marapanim por divulgar supostas irregularidades na prefeitura da cidade

Leandro Brasil, do PDT, teve a carreira interrompida por fazer o dever de casa - fiscalizar o Executivo -, comandado pelo prefeito Anderson Dias, do MDB.

28/06/2025, 08:10

Com cinco vereadores alinhados - e favorecidos -, prefeito Anderson Dias, do MDB, remove, através da Câmara, vereador considerado “incômodo” à gestão/Foto e vídeo: Divulgação.


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vereador Leandro Brasil, do PDT, eleito em Marapanim, nordeste do Pará, nas últimas eleições municipais, teve seu mandato cassado em um processo marcado por forte interferência política do Executivo local.

Desde o início do mandato, Leandro se destacou pela atuação fiscalizadora e por denunciar irregularidades na administração do prefeito Anderson Dias, o que teria motivado uma série de retaliações contra ele.

Entre os principais alvos das críticas de Leandro estavam; obras inacabadas e abandono de projetos públicos; falta de medicamentos e precariedade na saúde; suspeitas de desvios de recursos; falta de segurança e coleta de lixo; e ausência de merenda e estrutura nas escolas da rede municipal

A insistência do vereador em denunciar tais problemas e cobrar providências o colocou em rota de colisão com a base aliada do prefeito na Câmara. Informações do processo revelam que o Executivo municipal atuou nos bastidores para articular a cassação do parlamentar, que representava uma voz dissonante em meio a um Legislativo amplamente alinhado ao gestor.

Vereadores alinhados

O processo de cassação foi conduzido por uma base de vereadores com vínculos pessoais, familiares e políticos com o prefeito Anderson Dias, o que levanta dúvidas sobre a imparcialidade da decisão. Dentre os casos identificados:

Nathan Borges - ex-cunhado do prefeito - Vereador aparece em vídeo acusando Leandro Brasil de “tentar sujar a imagem da gestão municipal”

 André Chaves - Apontado como principal marqueteiro político do prefeito, com mais de 15 familiares empregados na prefeitura

Ananda Costa - Ex-secretária da primeira-dama e companheira de Jean, atual tesoureiro do prefeito.

Cledson “Bichinho” - Possui familiares em diversos cargos na prefeitura e contrato de aluguel de ônibus com o Executivo. 

Augusto PC - Líder do governo na Câmara, com parentes e aliados indicados para cargos públicos.

Credibilidade em xeque

A situação também comprometeu a credibilidade das testemunhas ouvidas no processo administrativo contra Leandro Brasil. Entre elas, estão funcionários contratados pela prefeitura e servidores com vínculos familiares com membros do governo, como no caso do sargento Marcelo Elleres, cuja mãe e esposa são funcionárias do Executivo e fazem declarações públicas de apoio ao prefeito em tom religioso.

Suplente favorecida

Outro elemento que levanta suspeitas sobre a motivação política do processo é o fato de que a suplente de Leandro Brasil é Nana Oeiras, atual secretária municipal de Turismo, integrante direta do governo Anderson Dias. A cassação, portanto, não apenas eliminou uma voz crítica da Câmara, como reforçou a base aliada do prefeito no Legislativo.

Legalidade suspeita

O processo que levou à cassação do vereador está sendo questionado por juristas e parte da população local, que consideram haver vícios de origem e impedimentos legais entre os julgadores, um deles que concede liminar contra o vereador e tem filho e neto nomeados em outras esferas de poder. 

O imbróglio deve ganhar novos desdobramentos na esfera judicial, caso a defesa de Leandro Brasil recorra à Justiça para tentar reverter a decisão.

Enquanto isso, o clima político em Marapanim permanece tenso, com denúncias de perseguição, aparelhamento da máquina pública e supressão de vozes independentes no parlamento local.

 Ex-prefeito de Salinas, 
PH é declarado inelegível 
pelo TCU por uso indevido
de verbas da educação

O ex-prefeito de Salinópolis Paulo Henrique Gomes (foto) teve suas contas julgadas irregulares pelo Tribunal de Contas da União em decisão colegiada publicada nesta semana, o que pode resultar na sua inelegibilidade por oito anos, conforme os critérios estabelecidos pela Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº 64/1990).

A decisão foi proferida no Acórdão nº 3962/2025 - 1ª Câmara do TCU, e se refere à utilização indevida de recursos públicos federais oriundos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental, o Fundef, destinados à educação básica no município. Segundo a Corte, parte significativa dos valores provenientes de precatórios do Fundef foi utilizada para o pagamento de honorários advocatícios contratuais - o que contraria os parâmetros legais de aplicação da verba.

 Contas irregulares

De acordo com o relatório do TCU, PH teve suas contas julgadas irregulares, sendo responsabilizado solidariamente com outros envolvidos e condenado ao pagamento de multa no valor de R$ 20 mil, além da possibilidade de ressarcimento ao erário.

A decisão preenche os requisitos legais para a configuração de inelegibilidade, conforme dispõe o art. 1º, inciso I, alínea "g", da Lei Complementar 64/1990. A norma prevê que são inelegíveis os gestores públicos que tiverem suas contas rejeitadas por irregularidade insanável e que configure ato doloso de improbidade administrativa, desde que a decisão seja irrecorrível.

Apesar de ainda caber eventual recurso no âmbito do TCU, a decisão já acende alerta entre os analistas políticos e operadores do direito eleitoral, uma vez que o nome de Paulo Henrique poderá ser incluído na lista de responsáveis com contas irregulares, a ser enviada pelo TCU à Justiça Eleitoral antes do registro das candidaturas de 2026.

Caso confirmada a inelegibilidade, o ex-prefeito estará impedido de disputar eleições até 2033. A medida representa mais um episódio na crescente atuação dos órgãos de controle no combate ao desvio de verbas públicas e na preservação da moralidade administrativa.

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