Decisão da Igreja de Rondônia de se desligar da congregação, contrato com Estado e envolvente de Silas Câmara no caso do INSS deflagram a maior turbulência em décadas
Crise na fé: imagens “mundanas” em espaço religioso acenderam o sinal vermelho entre conservadores da doutrina contra a família Câmara até fora do Pará/Divulgação.

COP30 abriu as portas da cidade, mas fechou algumas no campo da fé. O aluguel do Centro de Convenções Centenário da Assembleia de Deus Belém por R$ 2 milhões para atividades culturais do governo do Pará caiu como um raio entre fiéis e atravessou fronteiras. Ontem, a Convenção Estadual da Assembleia de Deus em Rondônia (Ceadro) anunciou o desligamento imediato da Convenção da Assembleia de Deus no Brasil (CADB), comandada pelo pastor Samuel Câmara, em Belém. É a primeira ruptura institucional aberta, e dificilmente a última.
A decisão, tomada por nove votos da diretoria rondoniense, cita “fatos amplamente divulgados” e a obrigação estatutária de não participar de organizações que contrariem ensinamentos bíblicos. A leitura é direta: o uso do espaço consagrado como palco para performances, apresentações populares e eventos alheios ao propósito religioso ultrapassou o limite do aceitável para boa parte da membresia.
As redes sociais, nesses dias, funcionam como termômetro e caixa de ressonância. Vídeos, comentários, lives e indignações públicas de fiéis amplificaram o desconforto. As imagens - estruturas montadas, danças, ambientações culturais para receber delegações estrangeiras - foram suficientes para acender o sinal vermelho entre conservadores da doutrina. O problema, porém, não para na estética: muitos alegam que o valor do aluguel e a negociação não foram comunicados à igreja, gerando sensação de quebra de confiança.
“Abriu a porta da igreja para o inferno em troca de R$ 2 milhões”, diz um seguidor, ecoando centenas de manifestações semelhantes. Outros pedem a destituição imediata de Samuel Câmara ou boicote a candidatos por ele apoiados. Em diversos grupos, há relatos de membros cogitando deixar o ministério - algo incomum na Assembleia de Deus de Belém, tradicionalmente coesa.
A crise atual ainda se soma ao desgaste da semana passada, quando a família Câmara foi atingida pela denúncia de participação do deputado Silas Câmara - irmão de Samuel - em esquema de fraudes no INSS. O acúmulo produziu o que líderes internos descrevem, em privado, como “crise sem precedente”.
O governo do Estado, por sua vez, trata o contrato como locação regular de um espaço de grande porte para receber programação cultural da COP30. Internamente, aliados do pastor afirmam que o acordo foi uma visão de oportunidade financeira, sem prejuízo à missão espiritual do ministério. Mas, no ambiente digital, a explicação não encontra eco.
Em Belém, o clima é de tensão. Há pastores que consideram a reação “exagerada”; outros avaliam que a diretoria subestimou o peso simbólico do Centro de Convenções para a história e identidade da Assembleia de Deus fundada na capital paraense. Rondônia, ao se antecipar, apenas formalizou um movimento que já se espalhava informalmente em diversos Estados.
O fato é que a COP3 virou catalisador de uma fratura que corria subterrânea. E, como quase sempre na seara religiosa, o custo político ultrapassa, e muito, o valor do contrato. É o caso em que o fiel pode até perdoar o tropeço do pastor, mas não costuma perdoar quando a igreja, construída com suor e dízimo, vira palco de disputa.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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