Silêncio do senador cassado sobre protestos de comunidades expõe perda de influência da família em seu principal reduto eleitoral e ameaça planos para eleger filho deputado federal.
crise política que cerca o senador cassado Beto Faro, do PT, ganhou um novo capítulo no município de Acará, onde seu filho, Yuri Faro, é vice-prefeito e desponta como aposta da família para disputar uma vaga de deputado federal em 2026. O projeto de expansão política do casal Beto e Dilvanda Faro - ela deputada federal - vem sendo confrontado por uma crescente insatisfação popular, impulsionada pela polêmica instalação de um aterro sanitário que deve receber o lixo de Belém e de outros municípios da região.
Na quinta-feira, 25, a tensão chegou às ruas de Belém: centenas de moradores de comunidades quilombolas, ribeirinhas e agricultores familiares de Acará e Bujaru bloquearam a avenida Almirante Barroso em protesto contra o projeto. O movimento denuncia irregularidades no processo de licenciamento ambiental, conduzido pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, e acusa as autoridades locais - incluindo o próprio senador - de silêncio cúmplice diante do avanço do empreendimento.
A insatisfação dos moradores do Acará tem duplo peso: além do impacto socioambiental do aterro, simboliza o afastamento entre a família Faro e sua própria base eleitoral. O casal, que há anos domina a política local, planeja alçar Yuri Faro ao Congresso Nacional, consolidando um núcleo familiar no poder. Mas o episódio do aterro revela que a popularidade do grupo está longe de ser unânime, mesmo em seu reduto histórico.
“É uma população que necessita da terra para sobreviver. Vivemos da agricultura familiar e estamos ameaçados”, afirmou Anderson Borralo, liderança comunitária que ajudou a mobilizar o ato. Segundo ele, 17 das 39 comunidades quilombolas do município participaram do protesto, que também reuniu ribeirinhos e pequenos agricultores.
Os manifestantes argumentam que o aterro, previsto para ficar a apenas 500 metros do rio Guamá, ameaça não apenas o meio ambiente, mas também o modo de vida das comunidades tradicionais.
Nos bastidores políticos de Acará, o silêncio de Beto Faro sobre o tema é visto como cálculo eleitoral equivocado. Críticos avaliam que, ao evitar se posicionar, o senador cassado tenta preservar alianças com setores econômicos e com o governo estadual, mas, na prática, perde apoio popular justamente onde mais precisa.
A manifestação do dia 25 expôs essa fissura: a principal liderança local vinculada ao clã Faro foi diretamente cobrada pelos manifestantes, que exigem suspensão imediata do projeto e diálogo aberto com o governo estadual. A expectativa é de que novos atos ocorram caso o governo avance com o licenciamento.
Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará afirmou que o projeto do aterro sanitário da empresa Ciclus ainda está em fase de análise de viabilidade ambiental e locacional. O esclarecimento, porém, não foi suficiente para acalmar as comunidades, que veem o processo como apressado e pouco transparente, sobretudo por se tratar de uma área próxima ao rio Guamá, manancial fundamental para o abastecimento de Belém e de municípios do entorno.
O episódio evidencia que Acará, antes reduto eleitoral seguro para os Faro, pode se tornar um polo de resistência ao clã petista. Se a crise ambiental e social provocada pelo projeto do aterro persistir, a candidatura de Yuri Faro a deputado federal corre o risco de nascer fragilizada, sem apoio em sua própria base.
A mobilização das comunidades tradicionais, que já pressionam por uma intervenção mais firme do Ministério Público Federal e do Ministério do Meio Ambiente, tende a se intensificar à medida que a COP30 se aproxima e a pauta ambiental ganha ainda mais visibilidade nacional e internacional.
Trocando em miúdos: a tentativa de consolidar um clã político pode sair pela culatra. O silêncio do senador cassado e a aposta do casal Faro em um projeto que desagrada parte expressiva da população rural de Acará e Bujaru abrem flancos políticos e eleitorais que adversários locais não hesitam em explorar. O episódio revela que, em tempos de forte mobilização socioambiental, a política tradicional baseada em redutos familiares encontra resistência crescente nas bases populares que outrora sustentaram seus líderes.
• Desgraça pouca é bobagem. A votação que ajudou - e muito - a eleição de Renilce Nicodemos à Câmara Federal e acalenta o sonho da atual prefeita de Marituba de conquistar a vaga em 2026 terá mais uma concorrente.
• Trata-se da delegada federal Erika Sabino (foto), do União Brasil. Erika vem a ser filha do ex-prefeito Antônio Armando e mulher do ainda ministro do Turismo do governo Lula, Celso Sabino.
• Surpresa? Não para a coluna - mas a notícia se encaixa no inferno astral que queima o município da Grande Belém, cidadã preferida das visitas da Polícia Federal de uns dias para cá.
• Sem falar que candidatas à Câmara Federal vêm se agatanhando nos bastidores políticos, uma para não perder, e outra para ampliar espaço.
• Aviso aos visitantes: turistas e executivos que vierem para a COP em Belém e escolherem bares e bosqueados - em meio a arvoredos - para reuniões e papos molhados devem ser cautelosos.
• No meio da floresta pode haver escutas instaladas entre flores e plantas.
• Chefes de comunicação e cerimoniais de algumas instituições precisam da consultoria de quem entende do assunto para evitar escândalos.
• Dia desses, além de um cicerone ter que falar de costas para autoridades e visitantes, na hora da coletiva com a imprensa um oficial parecia estar separando briga de cachorro sem dono. Fica a dica.
• O Paraguai é o novo queridinho do empresariado brasileiro. Dados do Instituto Nacional de Estatística, do governo do Paraguai, mostram que, atualmente, com 52.031 empresários brasileiros residem no país.
• O sistema tributário paraguaio é o principal atrativo: pessoas físicas e jurídicas pagam imposto único de 10%, o que representa simplicidade, previsibilidade e um ambiente mais competitivo em relação ao modelo brasileiro, que é complexo e caro pra chuchu.
• Em pesquisa recente, a Conferência Nacional da Indústria, CNI, mostrou que 70% dos empresários brasileiros entendem que a carga tributária é o maior problema do Custo Brasil.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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