Carroças têm 30 dias para sair de cena em Belém antes que o palco da COP se abra Visto eletrônico vai facilitar a entrada de estrangeiros no Brasil durante COP Donos de imóveis no Pará enfrentam novo desafio com aluguéis a partir de 2026

Círio da Vigia tem arte e cultura na programação de 2025

Tradição da devoção nazarena considera que o primeiro Círio de Nossa Senhora de Nazaré no Estado ocorreu no município, em 1697

  • 23 Visualizações
  • 11/09/2025, 13:13
Círio da Vigia tem arte e cultura na programação de 2025

Belém, PA - O Círio de Vigia, que ocorrerá domingo próximo, terá uma atração cultural diferente, neste ano: quinta-feira, 11, será inaugurada no Santuário Diocesano da Madre de Deus, uma exposição chamada de "Imagens da Devoção"; o público local e visitantes verão um rico conteúdo sobre a memória da devoção nazarena em Vigia, Belém e Portugal. 


Realizada pela Paróquia, com apoio da prefeitura local, e anuência do Instituto do Patrimônio histórico e Artísticos Nacional (IPHAN), a exposição ficará aberta até início de dezembro, em uma das varandas do Santuário. Nesse período, vários eventos serão oferecidos ao público.


Em Vigia, a tradição da devoção nazarena considera que o primeiro Círio de Nossa Senhora de Nazaré local ocorreu em 1697. Essa data aparece no livro “Crônica da Missão dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão” - obra do jesuíta João Bettendorff, que viveu em Belém; faleceu em 1699. 


O cronista da Companhia de Jesus reproduziu a narrativa do seu superior, padre José Ferreira, que em 1697 passou pela Vila de Nossa Senhora de Nazaré da Vigia e constatou que no local havia “uma imagem milagrosa de Nossa Senhora de Nazaré”, e que os devotos promoviam ladainhas e romarias. 


“É, seguramente, o mais antigo registro da devoção nazarena no Pará, o que garante afirmar que em Vigia ocorreu o primeiro “círio”. Se Bettendorff não chamou deu essa denominação às romarias, é lícito que na Vigia as narrativas populares usem essa referência histórica para afirmar que a vila foi berço da devoção nazarena no Pará” – diz o jornalista, produtor do projeto cultural que será inaugurado nesta quinta-feira. 


A exposição será um grande painel da história da devoção nazarena desde Portugal, passando por Vigia e Belém. Na exposição “Imagens da Devoção”, diversos aspectos historiográficos serão ilustrados com imagens criadas por IA (inteligência artificial), reportando fatos miraculosos e a lenda do achado da imagem de Nossa Senhora de Nazaré em um mangal perto da igreja da Mãe de Deus, construída pelos jesuítas na década de 1730. 


“A história da devoção em Vigia é muito rica e faz parte da crônica da introdução do catolicismo na Amazônia, pelos colonizadores. E os fatos relacionados à devoção nazarena ainda estão muito vivos, passados mais de três séculos, alimentando uma devoção muito forte” - acrescenta o jornalista. 


A Vila da Vigia foi fundada em 1693 e era habitada por colonos açorianos, tradicionais devotos da padroeira dos navegantes. A denominação de “Vila de Nossa Senhora de Nazaré da Vigia” revela que a devoção nazarena ocorria desde muito antes de 1697. 

“Essa história tão rica autoriza Vigia festejar o Círio 328, neste ano. Portanto, é o círio mais antigo do que o achado da imagem da Santa por Plácido José de Souza, em Belém, em 1700” – diz Palheta.


A devoção a Nossa Senhora de Nazaré é recheada de lendas, fatos miraculosos e até guerras (neste caso, na Península Ibérica), que implicaram achados e reaparecimentos da imagem da Virgem de Nazaré. Acontecimentos também em Belém e Vigia, resultaram na realização de Círios originalmente nas duas cidades, o que criou a polêmica da primazia da celebração. 


O pároco de Vigia e reitor do Santuário, padre Silvestre Sales, diz que, “se começou em Vigia ou Belém, essa questão não será potencializada pela Paróquia na forma de uma disputa  pela primazia do Círio, afinal o interesse da Igreja, o foco, é a devoção à Mãe de Deus, intercessora junto ao Deus Pai e ao Filho”.


“Nosso interesse é a arte que deriva da devoção, pois a exposição. Permeada de significados religiosos, culturais e artísticos, o evento será instrumento de fortalecimento da fé e da tradição; da história e cultura nazarena, em Vigia. É, por si só, uma catequese que reforça o sentido salvífico da intercessão da Virgem Maria” – acrescenta o sacerdote.


A exposição vai mostrar pequenas berlindas criadas pelas comunidades urbanas e rurais de Vigia; uma instalação para devoção; mantos da padroeira; icnografias da história e das lendas, criadas por IA. Além de uma mostra fotográfica chamada de “Memória do Círio de Vigia”, com 30 fotos de fotógrafos vigienses; a mostra terá também uma fotografia de Luiz Braga que, ilustrou o cartaz do Círio de Vigia, em 2000.


Fato histórico que a exposição vai também mostrar, como mais um “achado” é o roubo que ocorreu em 10 de fevereiro de 1977. Uma coletânea de recortes de jornais vai relembrar o evento policial que, desde aquela época, é anualmente lembrado, no dia 24 de fevereiro, como o “Achado da Santa”.


Na opinião do prefeito de Vigia, Job Xavier Palheta, “esse projeto da Paróquia tem o apoio do município porque contribui para o crescimento do turismo religioso-cultural de Vigia; valoriza nossa história e desperta o sentimento de pertencimento da população local a um lugar que tem história,  e que preserva suas tradições, principalmente a devoção a Nossa Senhora de Nazaré.


Foto: Agência Pará

Mais matérias Cidades

img
Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.