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MOBILIDADE

Patinetes elétricos avançam em Belém com discurso verde e faturamento oculto

Empresa celebra redução de emissões em um negócio milionário que reacende debate sobre mobilidade, acessibilidade e regulação.

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  • Da Redação | Coluna Olavo Dutra
  • 07/12/2025, 11:00
Patinetes elétricos avançam em Belém com discurso verde e faturamento oculto
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m sucesso que corre - e fatura - sobre rodas parece ter se estabelecido definitivamente em Belém. Quando a Jet desembarcou na capital paraense com seus patinetes elétricos, a promessa era sedutora: alternativa limpa, moderna e acessível de mobilidade urbana. Na prática, porém, o modal que virou febre nacional - presente em mais de 30 cidades e com 20 mil unidades ativas - mostra que sustentabilidade pode ser um ótimo negócio.

 

Depois de cem dias de operação, empresa anuncia números que impressionam, mas não revela o valor do faturamento no período/Fotos: Divulgação.

Passados 100 dias de operação, a empresa anunciou números que impressionam: mais de 45 mil corridas, quase 1 milhão de quilômetros percorridos e 100 mil usuários cadastrados - ainda que 0,8% deles já tenham sido bloqueados por desrespeito às regras. O dado ambiental ganhou mais destaque: segundo a empresa, 480 toneladas de CO² deixaram de ser emitidas graças ao patinete elétrico.

O que a Jet não destaca com o mesmo entusiasmo é o faturamento estrondoso que acompanha essa “revolução verde”.

Cálculo que faz sorrir

A conta é simples - e saborosa para a empresa. Cada minuto de uso custa R$ 0,68, num equipamento que atinge no máximo 20 km/h. Se adotado um ritmo conservador de 1 quilômetro por minuto, os quase 1 milhão de quilômetros rodados em três meses significam aproximadamente R$ 680 mil de faturamento direto.

E a conta tende a aumentar. Belém recebeu 540 patinetes, parte de um pacote de 600 unidades, das quais 60 foram destinadas exclusivamente a agentes públicos. No primeiro mês, segundo fontes do setor, o retorno financeiro teria sido suficiente para multiplicar a frota - algo que a própria Jet não desmentiu.

Eficiência, excludência

 Marina Costa, urbanista e pesquisadora em mobilidade sustentável, reforça que o debate não pode ser guiado apenas pelo glamour tecnológico.

 “O modelo é eficiente, mas pode se tornar excludente. Se o custo por minuto não for regulado ou subsidiado, ele atende apenas quem pode pagar. Mobilidade urbana deve ser democrática”, disse à coluna.

Discurso e realidade

 A Prefeitura de Belém, por sua vez, afirma que não houve custos municipais na implantação da plataforma - uma parceria formal com a Jet. O discurso é o de sempre: inovação, sustentabilidade, incentivo ao transporte limpo.

 Mas, para quem anda nas ruas, o modal ainda dá sinais de desorganização. Há dúvidas sobre estacionamento adequado, compartilhamento de calçadas, disputa com pedestres, zonas de restrição e carência de ciclovias. Mesmo com equipe de instrutores circulando nas estações, o comportamento dos usuários - muitos estreantes no equipamento - segue como ponto de tensão.

O patinete, afinal, não é apenas um brinquedo motorizado: é veículo de trânsito, com exigências claras. Só pode ser usado por maiores de 18 anos, é proibido carregar objetos, animais ou acompanhantes e não pode ser estacionado em qualquer canto, ainda que a prática costume atrair “jeitinhos”.

Mercado promissor

Se há desafios operacionais no espaço urbano, o mercado, contudo, acelera. A Jet, líder latino-americana do setor, opera com o modelo Ninebot 60I, 250W, autonomia de até 20 km/h e limite de 120 kg. Para muitos usuários, virou solução prática para deslocamentos curtos - em especial pela velocidade com que se retira, usa e devolve o equipamento.

 É um sistema que atende à pressa de quem vive na cidade moderna, ainda que não atenda a todos os bolsos. E aí reside o debate futuro: enquanto o lucro cresce na velocidade das corridas, a mobilidade urbana permanece desigual.

 Belém aderiu ao patinete com entusiasmo, mas agora enfrenta o dilema das cidades que ingressam no universo da micromobilidade: quem paga a conta do transporte limpo? O usuário, claro - e caro. A Jet comemora as toneladas de CO² não emitidas. Mas é o faturamento, silencioso e elétrico, que acelera sem limites.

Uma mobilidade verdadeiramente democrática ainda exige freio, régua e rumo. Até lá, o patinete corre - e o caixa da empresa corre junto.

Papo Reto

Se não acontecer nenhum acidente de percurso, o candidato a vice na chapa de Hana Ghassan (foto) sairá, exatamente nesta ordem, do segmento evangélico ou do PT. Há sinais por todo lado.

•Neste caso, o PT controlado pelo senador Beto Faro teria levantado a pipa antes do tempo, por que o vento será soprado do Palácio do Governo. 

É verdade que o Congresso Nacional aprovou, sem alarde, a possibilidade de doação de dinheiro e bens no meio da campanha eleitoral de 2026?

•A manobra, mais uma afronta à legislação eleitoral, teria sido aprovada no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias junto com um calendário de repasse de emendas antes das eleições.

O Congresso em Foco revelou uma escalada inédita: 41 pedidos de impeachment contra ministros do STF foram apresentados apenas em 2025, mais do que em todos os anos anteriores somados desde 2021. 

•A ofensiva, concentrada sobretudo contra Alexandre de Moraes, reflete a radicalização pós-condenação de Jair Bolsonaro. 

Em meio ao "puxa-encolhe" que vem permeando as relações entre os Poderes, o Congresso derrubou mais cinco vetos de Lula em meio à votação da LDO.

•Um deles é o que isenta a Embrapa do pagamento de taxas e de contribuições por serviços prestados, cobradas pelos órgãos reguladores, incidentes sobre os seus pedidos de registro e proteção de experimentos de pesquisa, de tecnologias geradas e produtos.

O tamanho da derrota de Lula: 435 deputados e 72 senadores votaram pela derrubada.

•A CPMI do INSS aprovou as convocações do governador de Minas, Romeu Zema, e a do presidente do banco Master, Daniel Vorcaro para depor, mas rejeitou intimar Messias e Lulinha, blindados por Lula.

Aliás, a quadrilha que roubou mais de R$ 10 milhões do INSS foi alvo da Polícia Federal, que cumpriu mais sete mandados de busca e apreensão e dez mandados de prisão preventiva no Pará, São Paulo e Maranhão.

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.