O fenômeno é bastante complexo, resultado da combinação de diversos fatores econômicos e de mercado.
Não são só um ou dois motivos, mas uma "tempestade perfeita" de custos que tem "salgado" os preços dos fast food, aquelas refeições preparadas e servidas num curto espaço de tempo, caracterizadas pela rapidez, conveniência e acessibilidade.
Hoje, quero destacar alguns dos fatores responsáveis por essa dolorosa tendência.
Em primeito lugar, como causa mais direta e impactante, vem o custo dos ingredientes, ou seja, da matéria-prima utilizada nos cardápios, como as carnes (hambúrguer, frango). Embora o Brasil seja um mega produtor de carnes, o preço interno está atrelado ao mercado internacional. Significa que com a alta do dólar em anos recentes, ficou mais lucrativo para os produtores exportar seus produtos, encarecendo a carne no mercado doméstico.
Considere-se ainda os custos com insumos essenciais como milho e soja, que também subiram significativamente afetados por razões climáticas.
Por sua vez, o preço do queijo muçarela, que é outro item essencial, também disparou devido aos aumentos nos custos de produção do leite. Mais: pão e alface/tomate, Itens aparentemente simples, acabaram impactados nos últimos anos pelos custos do trigo - grande parte importada, afetada pelo dólar e pela guerra na Ucrânia - e também por razões climáticas (geadas), que prejudicaram as safras de hortifruti.
E o que dizer do óleo de cozinha? Esse item teve picos de preço astronômicos, impactando a fritura de batatas, empanados etc.
Em outro aspecto, destaco os custos operacionais e logísticos de energia elétrica e gás, indispensáveis nas franquias de fast food, para manter freezers, geladeiras, equipamentos de cozinha, iluminação, ar-condicionado etc. As sucessivas altas nas tarifas de energia elétrica e gás encareceram brutalmente a operação através do aluguel de pontos comerciais, localizados em posições geográficas estratégicas e caras, como shopping centers e avenidas movimentadas.
Aliás, é bom que se diga que o custo do aluguel é um dos maiores da planilha. Além disso, a alta do diesel impactou diretamente o custo de transportar de ingredientes dos centros de distribuição para as lojas, várias vezes por semana.
Consideremos também que, nos últimos 10-15 anos, as grandes redes investiram pesado para fugir da imagem de "lanche barato" e se reposicionarem como uma opção de "experiência de restaurante mais premium", através de reformas e adequações de lojas, produtos mais elaborados (hambúrgueres "gourmet" com pães artesanais, molhos especiais, bacon diferenciado etc.), além de investimento em aplicativos próprios e parcerias com iFood/Rappi, que chegam a ter um custo de até 30% do valor do pedido.
Muitos insumos e tecnologias hoje utilizados pelas franquias são cotados em dólar.
Importante também pontuar que os software e sistemas de gestão, caixas e aplicativos frequentemente envolvem royalties e tecnologia de matrizes internacionais e não são baratos. E não podemos esquecer dos royalties (parcela do faturamento bruto) das franquias, remetidos para a matriz global, transação às vezes feita em dólar.
Finalmente, todos os fatores acima mencionados ocorreram num contexto de inflação crescente no Brasil pós-pandemia. O IPCA subiu e corroeu o poder de compra do real. Todos os preços então subiram, e o fast food, que depende dessa cadeia complexa de suprimentos que mostrei não ficou imune.
Um combo, que há alguns anos era visto como uma opção rápida e acessível, hoje compete em preço, e muitas vezes supera um prato feito em um restaurante familiar ou mesmo de uma marmita.
Tudo se resume num reflexo claro dos desafios econômicos do País e da mudança de estratégias no setor.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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