Sustentabilidade

Comércio ético, renda digna e fortalecimento de cadeias na Amazônia com a floresta em pé

Iniciativas como a rede Origens Brasil® fortalecem a economia da região com a valorização da população local e seus produtos e serviços

07/07/2023 00:53
Comércio ético, renda digna e fortalecimento de cadeias na Amazônia com a floresta em pé

Os debates sobre o desenvolvimento da bioeconomia na Amazônia nunca estiveram tão em alta quanto em 2023. Com o crescimento de alertas mundiais sobre a urgência de medidas de conservação da Amazônia e novos posicionamentos do poder público brasileiro sobre a importância de fortalecer economicamente a região, propostas e soluções para materializar esse desenvolvimento ganham cada vez mais atenção. Dentro dessas discussões, é fundamental não perder de vista o papel das pessoas que vivem na floresta.


A rede Origens Brasil atua desde 2016 pela geração de valor para a floresta em pé e aqueles que vivem nela. Criada pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e Instituto Socioambiental (ISA) e administrada pelo Imaflora, Origens Brasil opera em cinco grandes territórios da Amazônia - Xingu, Norte do Pará, Rio Negro, Solimões e Tupi Guaporé - e conecta mais de 3300 produtores de povos indígenas, populações tradicionais, instituições de apoio, organizações comunitárias e empresas, promovendo negócios éticos que valorizam os povos da floresta e a Amazônia viva. 


Remuneração justa


Para promover esse desenvolvimento sustentável valorizando os povos da floresta é preciso olhar para a remuneração justa para os produtos e serviços. A rede Origens Brasil® atua na articulação entre populações tradicionais, povos indígenas, empresas e instituições de apoio visando a construção de acordos ou contratos justos de longo prazo. 


O comércio ético proposto pela rede é norteado por um conjunto de princípios e critérios que visa relações comerciais equilibradas e diferenciadas, entre empresas e populações tradicionais e povos indígenas. Ele também cria relações de longo prazo e gera um ganha-ganha para as partes, respeita e valoriza o modo de vida tradicional dessas populações e contribui para a manutenção da floresta em pé. Além disso, as análises sobre a relação comercial são feitas de forma mútua, onde empresas e produtores se avaliam sob os mesmos critérios, tendo como compromisso a transparência, o resultado fica público no site da rede. 


Participação multisetorial


Ter a bioeconomia fortalecida exige a colaboração entre governo, sociedade civil e empresas. O governo pode subsidiar a composição dos preços para a valorização do trabalho das comunidades; enquanto o setor privado pode oferecer remuneração diferenciada pela qualidade e serviço de conservação ambiental; e as organizações intermediárias têm o papel de resguardar o comércio ético e o desenvolvimento sustentável do setor.


“Cada setor precisa de uma estratégia própria para fomentar e valorizar a bioeconomia na Amazônia. Mas levando em consideração que as comunidades tradicionais prestam serviços socioambientais para toda a sociedade, devem ser remunerados tanto pelo setor empresarial quanto pelo governo”, explica Luiz Brasi, Coordenador da rede Origens Brasil no Imaflora.

No âmbito das políticas públicas, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal está voltando-se para o fortalecimento da bioeconomia e reconhece que o pagamento por serviços ambientais vai possibilitar a valorização dos produtos e terras amazônicas.

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